O PROLIJ esteve, na quarta-feira passada, 26, lançando a segunda impressão do Livro dos Livros, na Biblioteca Pública Municipal Gustavo Ohde, no distrito de Pirabeiraba, em Joinville.

Mural de Recados

Cantinho da Leitura

Sueli Cagneti e Alencar Schueroff, 
organizadores do Livro dos Livros.
Contribuições do Prolijiano Luís Camargo,

enviadas por e-mail para compartilhamento com o grupo.

E agora compartilhamento com os leitores do Blog do Prolij.
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Prolijianos,

Folheiem e apreciem o primeiro manuscrito de Carroll, que o autor deu a Alice Liddel e ficou com ela até ficar bem velhinha, quando foi a leilão. O leilão ficou famoso, Lobato escreveu sobre ele. Finalmente um americano comprou o manuscrito e doou à British Library.

abraço,
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Prolijianos,

pouca gente sabe que Carroll escreveu uma adaptação de Alice para crianças pequenas, Nursery Alice.

abraços,

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Prolijianos,

uma Alice em estilo de mangá.

Apreciem!

abraços,

Luís Camargo.
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Por Sueli de Souza Cagneti

Fuzarca é desses livros para crianças menores que nos encantam – mesmo que já não sejamos tão menores assim.
Num contexto que lembra a fusão do afro com o branco – num Brasil mais que brasileiro – Sonia Rosa conta a história de Guido e Iná, irmãos gêmeos, numa representação viva de nossa brasilidade. Eles são um branco e outro negro, embora tenham sido moradores de uma mesma barriga, durante um mesmo espaço de tempo. Por isso, SE AMAM! Bela metáfora do que deveria ser o sentimento do e sobre o afro-brasileiro, que nessas nossas terras se gestaram...
O encantador do livro, além das cores e das delicadas ilustrações de Tatiana Paiva, que nos remetem a um mundo misturado como o brasileiro, são as imagens que informam ao leitor, sem tecer em momento algum juízo de valor, a razão da bela mestiçagem ocorrida. Mestiçagem essa – sem mais uma vez pontuá-la – informada na quarta capa, pela autora, quando diz que os personagens de seu livro são reais e a história escrita por ela é um presente ao casal de gêmeos.
Vale conferir essa publicação atualíssima da Brinque-Book, levá-la para casa, para a escola, para festejar com ela o mundo das cores e das palavras que no Brasil se misturam e se recriam dia após dia, como o fazem o pai negro e a mãe branca dessa narrativa com sua vida iluminada e divertida por agogôs, caxixis, berimbaus, atabaques, batuques e pandeiros.

FICHA TÉCNICA:

Obra: Fuzarca
Autora: Sonia Rosa
Ilustradora: Tatiana Paiva
Editora: Brinque-Book
Ano: 2011


Por Sonia Regina Reis Pegoretti

  O escritor Adilson Martins reconta no livro “O papagaio que não gostava de mentiras e outras fábulas africanas” oito divertidas e simpáticas fábulas. Já na apresentação do livro, ele explica que no gênero fábula, muitas vezes, quem conta quer dar “um puxão de orelha” no ouvinte e que outras vezes, o contador quer ensinar como se deve enfrentar situações complicadas e de como pode usar a esperteza para sair delas. Conta, também, que o fato de os animais serem os personagens mais característicos das fábulas foi devido à observação do comportamento desses animais, e que algumas características deles podiam ser atribuídas aos seres humanos, como a preguiça, zelo, vaidade, humildade, lealdade, traição, etc.
O escritor revela que em muitos povos africanos também foram criadas fábulas. Elas tinham uma importância enorme, justamente pela característica de transmissão de valores através da oralidade, formando assim um importante acervo de literatura oral.
Nas fábulas trazidas na coletânea, podemos encontrar a esperteza da tartaruga, o papagaio falador e que não gosta de mentiras, o oportunista morcego e o macaco imitador. O repertório é enriquecido com novas histórias e personagens, aumentando o nosso conhecimento sobre a cultura da África, que por tanto tempo ficou esquecida ou tratada como folclore.
Ao final de cada fábula, Adilson Martins traz informações sobre os animais, instrumentos utilizados ou regiões que aparecem nas histórias, dando ferramentas para que o leitor fique bem informado. Como exemplo, na última história e também minha preferida “Por que a garça fica apoiada em uma perna só”, ele relata que a garça vermelha é migratória: passa o verão na Europa e o inverno na África e que, segundo pesquisadores, a garça vermelha foi a inspiração para a fênix, uma ave mítica, que segundo a lenda, quando chega ao fim da vida, faz um ninho com galhos de canela, entra nele e o incendeia. Ninho e ave se transformam em cinzas e delas surge uma nova ave, que vai viver pelo mesmo tempo que a antiga viveu. Esse tipo de informação certamente aguça a imaginação do leitor.
O livro foi bem ilustrado por Luciana Justiani Hees, com os traços característicos da arte africana. Atentos para a forte ligação entre africanos e natureza foi impresso em papel reciclado. Traduz-se como uma ótima oportunidade para introduzir o gênero fábula aos pequenos.

Livro: O papagaio que não gostava de mentiras e outras fábulas africanas
Autor: Adílson Martins
Ilustradora: Luciana Justiani Hees
Editora: Pallas
Ano: 2008

Por Sonia Regina Reis Pegoretti

A Costa do Ouro era conhecida pelas suas riquezas e foi dominada pela Inglaterra por mais de 80 anos, sendo o primeiro país ao sul do deserto do Saara a tornar-se independente, em 1957. Naquele ano passou a ser chamado de Gana, em homenagem ao primeiro grande império do oeste da África.
O chamado de Sosu” se passa justamente em Gana, um país ao oeste da África, em uma aldeia que fica entre o mar e a laguna. Contam que essa aldeia já foi maior, mas cada vez que as ondas quebram na praia, o mar avança mais sobre ela. A laguna se estende longe... mas também seca de forma surpreendente. As pessoas da aldeia a vêem como uma boa mãe. Escuta-se dizer na aldeia que “o mar só deixará de avançar quando a laguna aceitar se casar com ele”. Apesar disso, as pessoas não querem sair de lá, pois o mar oferece bom peixe, a laguna proporciona outras iguarias e a terra, por sua vez, produz excelentes verduras e legumes para o mercado.
Nessa aldeia vive Sosu e sua família: seus pais, a irmã, o irmão pequeno, seu cachorro e umas vinte galinhas. Assim como outras casas da aldeia, a de Sosu fica bem perto do mar. O que há de diferente nessa história? Nada além de Sosu não poder andar. Quando ele era pequeno, sua mãe o levava nas costas e assim podia conhecer a aldeia toda... mas agora enquanto os mais velhos trabalham e as crianças iam para escola, Sosu fica em casa brincando com seu cachorro.
Seu pai tentou levá-lo para a pesca. Até ensinou a remendar as redes, porém outros homens da aldeia acharam que já era uma infelicidade ter um menino assim ali na aldeia e que o espírito da laguna poderia não gostar de ter Sosu por perto.
O fio condutor da narrativa a partir daí são as emoções de Sosu sobre a aceitação dele pela aldeia e sobre si mesmo. Seu cachorro Fusa se constitui em um elemento mágico, sempre o incentivando e encorajando, mesmo nos momentos mais difíceis.
O escritor Meshack Asare, que também ilustrou o livro com belas aquarelas, se mostra sensível com as questões da inclusão e da tolerância, dentro de sua própria cultura. Em 2005 quando lançado no Brasil, ocupava o 12º lugar numa lista dos 100 melhores livros da África, recebendo da Unesco o Prêmio Literatura Para Crianças e Jovens a Serviço da Tolerância.

FICHA TÉCNICA:

Obra: O chamado de Sosu
Autor e ilustrador: Meschack Asare
Editora: SM
Ano: 2005




Na vida tudo é repetição
Aprende as histórias que aconteceram no passado
e saberás o que se passa no presente
e tudo o que no futuro ocorrerá.
Ifá, o Adivinho – Reginaldo Prandi


por Amanda Corrêa da Silva e Sueli de Souza Cagneti

Ifá é aquele que conhece todas as histórias; é ele, o Adivinho, quem escuta os problemas e aconselha aqueles que estão em dificuldades; é Ifá que, com seus dezesseis búzios mágicos, tudo adivinha. Este sábio orixá é também um dos personagens do livro Ifá, o Adivinho de Reginaldo Prandi (Companhia das Letrinhas, 2002) que traz ao público algumas das histórias que a África nos deixou de herança.
Acontece que nem sempre Ifá foi encarregado da adivinhação. Antes dele quem ocupava o cargo era um velho mago que resolveu se aposentar por força da idade. Assim que a vaga abriu Ifá se candidatou.
A caminho do palácio de Olorum - o Senhor Supremo que tudo decide - o futuro adivinho deparou-se com Exu que era ainda jovem e vivia de pequenos bicos. Ifá dividiu sua comida com o mensageiro, que muito satisfeito com a oferenda, ajudou-o a conquistar o cargo tão desejado. E assim Ifá, o Adivinho, com o auxílio de Exu, passou a ler a sorte e desvendar o destino dos homens e, é claro, ajudá-los a se livrar das armadilhas da morte.
Aspectos estéticos da ilustração de Pedro Rafael como as cores, movimentos e texturas criam uma atmosfera carregada de africanidade. As peripécias vividas pelas personagens apresentam valores e sentimentos que estão muito mais próximos de nós do que imaginamos – e não me refiro somente a nós brasileiros, mas a nós seres humanos.
Enfim, em meio a tantos atrativos comerciais surgem obras como esta que realmente se propõe a tratar os leitores com a inteligência que merecem. E não é por menos que Ifá, o Adivinho recebeu da FNLIJ em 2003 o prêmio de Melhor Livro Reconto.

FICHA TÉCNICA:


IFÁ, O ADIVINHO
Autor: Reginaldo Prandi
Ilustrador: Pedro Rafael
Editora: Cia das Letrinhas
Ano: 2002


por Sueli de Souza Cagneti

(Coordenadora do PROLIJ)


Dentre as tantas publicações que enriquecem nosso acervo a respeito dos escravos africanos que, juntamente com suas vidas, sua história e seu trabalho, nos deram um mundo cultural rico e definitivamente brasileiro está “Menino Parafuso”.
O livro de Olívia de Mello Franco nos conta a história do menino brincante, que rodando como um pião, vai juntando anáguas brancas das sinhás para compor seu disfarce/fantasia de Menino Parafuso.
Segundo nota explicativa da autora “O folguedo parafuso é uma manifestação folclórica típica de Lagarto, em Sergipe, e se desconhece a existência de algo semelhante em outro lugar do Brasil. É uma tradição popular de origem escrava, dizem que surgiu na época em que os negros, sofridos trabalhadores dos engenhos de cana-de-açúcar, fugiam das senzalas e formavam quilombos...” (p.31)
O interessante da história contada por Olívia, aliás ricamente ilustrada por Ângelo Abu, é que nos faz rever tantas manifestações artísticas e culturais, cujas origens remontam à escravidão e comprovam a inventividade deste povo tão sofrido, na tentativa de escapar do jugo de seus senhores. Assim como a capoeira – hoje vista como arte – o folguedo parafuso também nasceu como arma de proteção e fuga, transformando-se numa coreografia ritmada que ganhou lugar no folclore sergipano.
Vale conferir o menino, sua história e, principalmente, uma história que, por trás daquela, se faz conhecer.


FICHA TÉCNICA

Obra: Menino Parafuso
Autor: Olívia de Mello Franco
Ilustrações: Ângelo Abu
Editora: Autêntica
Ano: 2008

por Amanda Corrêa da Silva e Sueli de Souza Cagneti

Não é por menos que Chuva de Manga, texto e ilustrações de James Rumford, recebeu o selo Altamente Recomendável da FNLIJ em 2005.  A narrativa, ambientada em uma aldeia do Chade, país africano, é construída na singeleza do cotidiano através dos passos do pequeno Tomás. A história se desvela com naturalidade e assume em seu decorrer uma aura poética. O espaço mágico se instaura nos pontos de encontro entre natureza e imaginação. Dois movimentos se entretecem na narrativa: o período das chuvas que lava a terra para que as mangueiras possam florescer e frutificar – daí o título do livro - e a ideia que brota na imaginação de Tomás. Um acontece sem a perda de significação do outro; ambos coexistem com a naturalidade das coisas que se pertencem.
Rui de Oliveira nos diz que uma das finalidades da arte de ilustrar é atuar como um prisma do texto e não como um espelho¹ para que o leitor caminhe também nas veredas que a imagem revela. É nessa direção que palavra e imagem percorrem as trilhas do literário em Chuva de Manga. As cores quentes das ilustrações evocam o clima seco próprio da região, mas também exprimem uma alegria leve, sutil – a alegria que nasce com a chuva das mangas.
O livro conta com um recurso que vem sendo utilizado com frequência nas produções infantojuvenis – particularmente as que atravessam a questão da africanidade: textos informativos que situam o leitor sobre alguns componentes da obra. No caso de Chuva de Manga o informativo nos dá um panorama geográfico e cultural simples da região do Chade e conta-nos um pouco do que é, como e quando ocorre a chuva das mangas.
            Em tempos em que as discussões sinalizam para a importância de se pensar a pluralidade e a multiplicidade que compõem as várias esferas da sociedade, Rumford nos presenteia com Chuva de Manga que configura, sem dúvida, um papel significativo nesse cenário. 

RUMFORD, James. Chuva de Manga. São Paulo: Brinque – Book, 2005.
¹OLIVEIRA, Rui de. Pelos Jardins Boboli: reflexões sobre a arte de ilustrar livros para crianças e jovens. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
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