Carolina Roberto Floriano

O livro “Selma”, de Jutta Bauer, da editora Cosac Naify, com a tradução de Marcus Mazzari, de 2007, é um pequeno e ótimo livro para carregar, além de ser uma linda história que pode ser direcionada tanto às crianças, quanto aos adultos; neste conta-se a história de uma ovelha chamada Selma. 
A narrativa começa com a pergunta “O que é felicidade?”, e então a rotina de Selma é contada pelo grande Bode, (2007, p. 10-22)

“Era uma vez uma ovelha... que toda manhã, ao nascer do sol, comia um pouco de grama... até o meio – dia, ensinava as crianças a falar... praticava um pouco de esporte à tarde... depois comia grama de novo... papeava um pouco com a dona Maria ao anoitecer... e caía num sono profundo e pesado pela noite”.


E então Selma é questionada sobre o que faria se tivesse mais tempo, e a ovelha responde exatamente o que faz sempre, apenas se prolongando mais em suas atividades, em seguida é questionada sobre o que faria se ganhasse na loteria, e Selma novamente não abre mão de seus afazeres usuais. 
Dessa forma, podemos entender a história de Selma como uma forma de reflexão sobre o que nos faz feliz, e que o segredo da felicidade talvez esteja em fazer aquilo que nos faz bem, ou em como o que pode parecer normal para alguém, ou até simples demais, para outro é o que realmente importa.


BAUER, Jutta. Selma. São Paulo: Cosac Naify, 2007.


Carolina Roberto Floriano é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa) e professora de inglês em uma escola de idiomas. É apaixonada por línguas e tudo o que vem acompanhado delas.


Nicole Barcelos

Algum dia dividiremos a liberdade em fatias e nos 
amaremos - sem fome - em absurda alvorada. 
(Bartolomeu Campos de Queirós)


De não em não, poesia feita narrativa por Bartolomeu Campos de Queirós, denota já em seu título as muitas ausências denunciadas em seu decorrer. Publicada em 1998 pela Editora Miguilim, de Belo Horizonte, a obra acompanha uma família comum assolada pela Fome, em um lugar qualquer, sob a lua que ilumina o mundo inteiro. 
A Fome (assim mesmo, com “F” maiúsculo) chega de mansinho, sem ser convidada, para visitar pais e filhos no calar da noite, e faz notar todas as faltas na casa dos personagens anônimos, em que “só havia o vazio e o resto”. Antagonista (ou protagonista), pois, ela é a presença das ausências: da falta de alimento, sim, mas também de tudo aquilo que foi sacrificado para afastá-la - o relógio do pai (com o qual se foi o tempo), a medalha de ouro (que engole também a esperança), o rádio de pilha (e já não houve mais música), as alianças dos pais (com quem foi também o pai), todos usados para que ela se fosse apenas temporariamente. Afinal, como bem observa o texto “quanto menos se possui, com mais frequência a Fome nos visita”. 
Nessa narrativa de ausências, de silêncios e não ditos, a Fome fala e denuncia a dura realidade daqueles que dela sofrem - em detrimento de quem ela serve. É na beleza das imagens projetadas por Campos de Queirós por meio de tão singelas palavras (não particularmente favorecidas pelo projeto gráfico que as acompanha) que nos deparamos também com uma dolorosa verdade sobre o mundo - nosso mundo, o mesmo mundo deles e dos outros, que se ergue sob a mesma lua. 



QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. De não em não. Ilustr.: CAMPOS, Glória; VAZ, Bernardo. Belo Horizonte: Editora Miguilim, 1998.


Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij desde 2014 e vive se perdendo em buracos de coelho.


Gabrielly Pazetto 

Em Depois da Montanha Azul, a carioca Christiane Gribel brinca com a ingenuidade de um pequeno povoado, alheio às suas próprias belezas e encantos, que, após ouvirem um certo viajante, enxergam tudo sob um ponto de vista diferente. 
A narrativa de frases curtas e diálogos simples encanta pela maneira com que transmite pensamentos tão puros, não apenas por parte das crianças, guias desta história, mas também por parte dos adultos, como o simpático e caricato prefeito, que mais parece um personagem de desenho animado. 
As ilustrações da gaúcha Bebel Callage parecem terem sido tecidas suavemente à mão. Detalhes como as expressões das árvores ao verem os meninos, o lindo riacho gelado que parece mais ter sido pintado com aquarela faz tudo soar mais fantástico. O destaque mesmo é para o momento derradeiro, em que a pequena população chega até o topo da montanha que exibe várias cores e texturas, um belíssimo mosaico de estampas. Ainda há pequenos animaizinhos, sempre ao fundo, como os porquinhos e os passarinhos, que parecem terem sido desenhados por uma criança. 
O momento que nos faz suspirar e emociona é o encontro final com o viajante. A narrativa segue uma linha inocente, calma e encantadora para nos dar uma grande tremida no coração. A sensação que fica é de que todos temos uma montanha azul para subir e desafiar. 
GRIBEL, Christiane. Depois da Montanha Azul. Rio de Janeiro: Salamandra, 1968.




Gabrielly Pazetto é graduanda de Letras na Univille e técnica em Informática. Faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis.

Jéssica de Oliveira

O livro “A Princesa Anastácia”, escrito e ilustrado por Elma Neves, tem a proposta de ilustrar o mundo com as cores através de uma princesinha muito esperta e dona de si que não aceita mais as cores que lhe forma impostas e que entristecem sua vida. 

Anastácia vai em busca de sua cor preferida, pois cansou de viver em um mundo preto e branco e quer levar esperança ao mundo através dessa cor: o verde que simboliza a esperança. Ela passa a mensagem de que não importa as tristezas do mundo, ele ainda pode ter esperança, ou ser colorido de alegria. 

Ilustrado pela própria autora que encontrou nas cores a inspiração para produzir seu primeiro livro, “A Princesa Anastácia” é especial porque além da leveza e da profundidade da mensagem que transmite, apresenta uma personagem ainda menina, negra e com os cabelos cacheados dispensando os estereótipos que costumam ser representados em muitas obras infantis. Um convite a esperançar o mundo. 



 NEVES, Elma. A Princesa Anastácia. São Paulo: Difusão Cultural do Livro, 2006.


Jéssica Duarte de Oliveira é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Acredita que a literatura é uma porta de acesso à liberdade. 
Tecnologia do Blogger.