Cymara Sell
Nicole Barcelos 


Às vésperas de um dos feriados mais aguardados do ano, o Natal já se anuncia: seja nas decorações das casas, no ritmo de final de ano e nas tradições que começam a se preparar, é difícil estar completamente aquém desse momento, independentemente de credo e de sua própria tradição. É fato, porém, que algo particular ao humano, e uma de nossas mais famosas narrativas, transborda em outras histórias que são tecidas no curso do tempo. Por essa razão, nós resolvemos reunir um punhado de "histórias de Natal" (cada uma a sua moda) na pequena lista a seguir, indo dos clássicos aos contemporâneos, infantis, juvenis e adultos, para que qualquer leitor possa nelas encontrar, quem sabe, um pouco de si.


A Pequena Vendedora de Fósforos, de Hans Christian Andersen – É bem provável que o conto seja um velho conhecido da infância, mas é sempre bom voltar a um texto e comparar a percepção atual com as leituras anteriores, principalmente se o sentimento natalino já começou a lhe afetar. Caso ainda não o tenha lido, saiba que está perdendo uma das mais emblemáticas histórias de Natal e que a humanidade se divide entre aqueles que consideram seu final triste e aqueles que o consideram feliz. 

Vanka, de Anton Tchekhov – Vanka é um garotinho que na véspera de Natal escreve uma carta fazendo um pedido a um certo velhinho. É um conto de Tchekov, em que a tristeza e ternura pelo ser humano se misturam, então leia ao lado de uma caixa de lenços ou de um ombro amigo.

O presente dos Magos, de O. Henry – A tradição de dar presentes no Natal iniciou-se com as oferendas feitas pelos reis magos ao menino Jesus. Depois deles, segundo o autor, poucos foram aqueles que presentearam com tamanha sabedoria. Entre esses raros está o casal do conto. Talvez ao final você lembre ainda do bom e velho verso de Camões que diz que o amor é o que se ganha ao se perder. 

Menino Inteiro, de Bartolomeu Campos de Queirós – O nascimento e a infância de Jesus narrados não de acordo com os fatos, mas com a poesia que decorre da boa-nova. Um livro para quem crê e quem não crê, tão ou mais belo que os evangelhos.

Miguel e os demônios, de Lourenço Mutarelli – É uma boa pedida para quem é meio Grinch e acha as histórias de natal açucaradas e sentimentais demais. Pode-se dizer que Miguel é um Vanka adulto, pós-moderno e brasileiro, sofrendo  no calor e no consumismo natalino de São Paulo. Mas certamente há bem mais que isso no romance, trama policial que mistura charadas metafísicas, obsessões, humor e uma magia sinistra. Mas aqueles que já encarnaram totalmente o espírito natalino, talvez também se comovam e queiram abraçar Miguel e seus demônios.

O Natal de Poirot, de Agatha Christie – A dita "rainha do crime" colore o feriado em tons de vermelho, mas de vermelho sangue. Em um mistério nada "anêmico", o detetive belga, Hercule Poirot, vê-se mais uma vez envolvido na investigação de um assassinato. Mais apropriado para aqueles que talvez apreciem um pouco de morbidez em época de festa, O Natal de Poirot condensa aquilo que há de melhor na prosa de Agatha Christie: ritmo, um grande mistério e um olhar para o humano muito particular.

Um conto de Natal, de Charles Dickens – Outro clássico natalino, também traduzido como "Os fantasmas de Scrooge" (título sob o qual recebeu uma das suas muitas adaptações de cinema), pois, o conto acompanha Scrooge, um velho rabugento e mesquinho que se vê assombrado por fantasmas bastante peculiares em pleno Natal: um de seu antigo sócio e os outros três, do Espírito de Natal (passado, presente e futuro), que pretendem ensinar-lhe uma lição sobre essa época festiva. Provavelmente um dos contos mais famosos da literatura ocidental e uma das obras mais populares de Dickens, Um conto de Natal ressoa ainda hoje ecos de sua importância, permeando muito do imaginário popular e do que se entende por espírito natalino.

Feriado sem Nome, de Shaun Tan – Este conto faz parte do livro “Contos de Lugares Distantes” (publicado pela finada editora Cosac Naify, em 2012) e, embora não seja sobre o Natal é, ao mesmo tempo, totalmente sobre o Natal.  Trata-se de um conto de uma página sobre o qual não se pode falar muito além de: LEIA! Os demais contos do livro são igualmente sensacionais. Aliás, toda obra de Shaun Tan é assim: surreal e repleta de amor pelas coisas simples e pequenas.



Cymara Sell atua como bolsista no Prolij desde 2016. É graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa) e lê para lembrar que é gente.

Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij desde 2014 e vive se perdendo em buracos de coelho.
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