Madame Bovary: Realismo, força feminina e discussão literária

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Isabela Giacomini
Que tal trabalhar com os clássicos? 

Abaixo segue uma dica de leitura muito rica para envolver jovens estudantes por meio de temáticas instigantes e de uma narrativa que permite muitas reflexões e olhares sob a perspectiva da contemporaneidade. A leitura torna-se ainda mais produtiva quando é feita a ponte entre o momento em que o livro foi escrito e entre o contexto em que o leitor se situa, e claro, com uma boa mediação! Confira a resenha:

Madame Bovary marca o início do Realismo em nível mundial. Na obra, Flaubert fala de temáticas que anteriormente existiam, mas eram veladas, como o adultério, as falsas relações, a infelicidade no casamento, o empoderamento feminino, os afetos trocados por interesses, a condição do homem enquanto provedor da casa e a sociedade envolta por anseios mascarados.


O romance fala sobre o casamento entre Charles Bovary, um médico, com Emma, filha de um de seus pacientes, Rouault. Emma, muito jovem, sonhadora e leitora assídua de livros românticos vê em Charles uma possibilidade de ascensão no amor. No entanto, com a convivência, madame Bovary, vê-se enfadada com a simplicidade e monotonia do marido e da vida conjugal, sempre comparando sua vida às dos livros que lia e a seus ideais.

Ao longo da narrativa ela se permite conhecer outros romances e a se aventurar com outros homens às escondidas. São através de experiências que vê que o amor não é capaz de acabar com todas as suas dores e vontades, que suas escolhas não foram como esperava e que talvez a vida não seja suficiente para isso. Contudo, ela escolhe pela liberdade, faz suas próprias decisões em um tempo de muitas críticas, é símbolo de força feminina e representante da situação de tantas outras mulheres que viviam nas mesmas condições, infelizes com um casamento pacato e de aparências.

Gustave Flaubert chega a ser levado aos tribunais na época acusado de imoralidade por conta de sua obra, ainda que ela não tivesse sido publicada integralmente. Na primeira divulgação alguns trechos foram retirados, mas não foi o suficiente para que não recebesse críticas, é, no entanto, com essa proibição que o desejo dos leitores acessarem a obra cresceu, esse movimento permitiu também que muitos deles se identificassem e contribuíssem para uma maior repercussão das temáticas abordadas.

Isabela Giacomini é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e vê na literatura clássica uma oportunidade para levar mais discussões enriquecedoras para a sala de aula. 



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