Resenha: Tempo de voo, de Bartolomeu Campos de Queirós

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Silvio Leandro da Silva
Pesquisador voluntário do PROLIJ

Na obra Tempo de voo, do mineiro Bartolomeu Campos de Queirós, a narrativa decorre do diálogo entre um sujeito mais velho e uma curiosa criança. É através da visão de um homem de olhos trincadinhos – sulcos de experiências, que o autor taxativamente conduz seu pensamento e elabora uma sugestiva análise a respeito do tempo. A escrita de Queirós, caracterizada pela sutileza e poesia, entra em sintonia com as ilustrações de Alfonso Ru ano, que apresenta ao leitor uma série de imagens quase surreais, mas que se justificam pela constante temática que envolve tempo e memória. 

O acervo de vivências que possuímos em nossas memórias, é transformado em simulacros que nos possibilitam transitar entre passado e presente. A obra apresenta o tempo como um abraço que, ora sufoca, ora conforta. Um aviso sobre a impossibilidade da fuga contra o tempo e de seu constante espectro – onipresença, que deve ser transformada apenas em aceitação da nossa condição de envelhecimento ou maturidade. As imagens avulsas, presentes nas páginas que constituem o enredo, são representações das simbologias gravadas em nosso inconsciente. 

O tempo, assim como a memória, é vilão e herói. Sua dubiedade intriga e conforma. É no encontro com o outro que a personagem de um homem mais experiente se reconhece. E é nessa descoberta que nós, sujeitos ficcionais ou não, nos afogamos cada vez mais nas incertezas trazidas pelo fator tempo. 

Com certeza uma obra para os diversos ciclos da vida, imposta pela condição de sermos humanos.


Autor: Bartolomeu Campos de Queirós
Ilustrador: Alfonso Ruano
Editora: SM
Número de Páginas: 48
Ano de Publicação: 2009


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Um comentário:

Prolij / Univille disse...

Menino vc ja é das Letras... que resenha linda. Parabéns!

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