Once upon a time, a list of children's books: livros em inglês para novos leitores

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Gabrielly Pazetto
Nicole Barcelos
*Agradecimentos especiais à Cymara Sell

A literatura de um povo (literalmente) diz muito sobre ele. Ela modifica-se tanto em conteúdo quanto em forma para assumir os contornos da realidade que integra, ou para distorcer e enfrentar as fronteiras que a sociedade vigente impõe. A literatura de um povo também diz muito sobre a sua língua. Como se representa o mundo, como se diz certas coisas - ou não se diz... Por isso, a literatura de um povo é um ótimo meio de conhecê-lo, seja em suas traduções para a nossa própria língua, seja no próprio texto original dos autores. Hoje, propomos um movimento diferente aqui no blog: nos dedicamos a olhar por alguns momentos livros escritos originalmente em inglês em suas versões originais, em tudo que tem para oferecer. Ditos livros infantis em inglês, esses são, na verdade, livros para novos leitores - não importa a idade e o tamanho deles. Que tal se aventurar em novas histórias em um novo idioma?! 


Where the wild things are, de Maurice Sendak – Vestido com seu traje de lobo, o pequeno Max desafia sua mãe e é deixado de castigo em seu quarto, onde as tramas da vida real dão espaço a uma floresta. Suas aventuras farão com que ele descubra where the wild things are. Escrito e ilustrado por Sendak, o livro é um clássico da literatura infantil mundial e ganhador da Medalha Caldecott de 1964, que premia anualmente a obra infantil que mais se destaca em termos de ilustrações.



The heart and the bottle, de Oliver Jeffers – Como proteger o coração das dores do mundo? A protagonista de The heart and the bottle pensou que talvez fosse por bem guarda-lo em uma garrafa, mas nem sempre esse foi o seu lugar. No começo desse sensível livro ilustrado de Oliver Jeffers, conhecemos sua protagonista ainda cheia de curiosidade encantamento com o mundo. Ao se deparar, porém, com um vazio talvez grande demais para compreender, ela mesma se esvazia de seu próprio coração, e, então, o mundo também começa a parecer cada vez menos curioso e encantador. Para recuperar seu coração e, com ele, sua sensibilidade, ela vai precisar de uma “mãozinha” – que talvez esteja onde ela menos espere.



A child of books, de Oliver Jeffers e Sam Winston – A epígrafe que começa esse livro talvez o defina da melhor maneira: “The universe is made of stories, not atoms” (Muriel Rukeyser). Esse livro é feito de histórias. Histórias que conhecemos, algumas mais do que outras, mas que são os tijolos sobre os quais se cimentaram todas as outras histórias que viemos a conhecer. “A child of books” (traduzido talvez não tão felizmente para “A menina dos livros”, sob o selo Pequena Zahar) é literalmente construído sobre essas histórias: seus protagonistas viajam em uma onda de imaginação sobre trechos de As viagens de Gulliver, A família Robinson, As Aventuras de Pinóquio, 20 mil léguas submarinas e tantos outros clássicos “marítimos”; escala uma montanha construída de passagens de Peter Pan; adentra uma caverna escurecida pelos excertos de A ilha do tesouro; e até mesmo se embrenha em uma floresta de contos de fadas. Trata-se de um livro para quem ama livros, para quem ama histórias, e para quem sabe que são elas que traduzem o que há em nós de mais humano: a imaginação.



Cloudy with a chance of meatballs, de Judi e Ron Barrett – O que você faria se, ao invés de chuva, caísse do céu uma refeição inteira? Ou melhor, três: café da manhã, almoço e jantar. Em Cloudy with a chance of meatballs, o avô dos protagonistas, inspirado por um incidente com as panquecas do café, conta a seus netos uma “história de ninar” um tanto peculiar, sobre uma cidadezinha chamada Chewandswallow (chew and swallow), em que as mudanças no tempo traziam diferentes ingredientes para as refeições de seus moradores. Tudo aqui é pitoresco: da cidade, seus moradores e seu tempo, até as ilustrações, detalhadas, mas coloridas em tons atípicos e coloridos que transportam ao leitor para uma estética cinquentista americana. Ao final, o leitor pode se perguntar sobre o quão fictícia essa história realmente pode ser.



The day the crayons quit, de Drew Daywalt e Oliver Jeffers – Duncan só queria colorir, mas quando abriu sua caixa de gizes de cera para fazê-lo, encontrou apenas cartas dizendo "Não aguentamos mais" e "Estamos em greve!". Pois, em "The days the crayons quit", de Drew Daywalt e Oliver Jeffers (traduzido como "A revolta dos gizes de cera" pela Editora Salamandra), os gizes de Duncan desistem de serem mal utilizados pelo seu dono e simplesmente vão embora, deixando nada mais do que recados para o menino. Ora, com o amarelo e o laranja disputando para ser a cor do sol, o rosa relegado a "cor de menina", o bege sendo erroneamente chamado de "marrom-claro" ou de "amarelo-escuro" e o azul sendo utilizado apenas para pintar a água, seria de se imaginar que buscariam empregos melhores em outro lugar, não é mesmo? Nessa divertida história que dá voz e vez aos gizes de cera, o leitor tem a oportunidade de ler todas as suas cartas endereçadas a Duncan, a partir das quais se constrói a narrativa, bem como ao curioso desfecho encontrado para essa pequena e colorida revolução! Indicado para leitores de todos os tamanhos, inclusive os adultos que acham que cada cor só serve para pintar um tipo de coisa!



The Gruffalo, de Julia Donaldson e Alex Scheffler – Quem não conhece o Grúfalo? Com seus dentes afiados, pústulas e aspecto feroz, a criatura coloca medo em todo mundo. Ao menos, é isso que diz o ratinho que protagoniza essa história quando em face do perigo de ser devorado (mais de uma vez) pelos mais diferentes predadores com quem cruza pela floresta. No seu texto original, The Gruffalo é ainda divertidamente rimado, de modo que suas repetições parecem uma música ou um poeminha bem-humorado sobre essa narrativa que parece quase uma mentira! (Eu disse quase, hein?)



The singing bones, de Shaun Tan – Qualquer livro de Shaun Tan poderia estar nessa lista.  O autor australiano, que é conhecido por dar vida às mais fascinantes e exóticas histórias através de sua escrita perspicaz e de seus desenhos quase surreais, nessa obra em particular, porém, ao invés de criar mundos alternativos, revisita e reinterpreta histórias que são, em muitos casos, velhas conhecidas de todos nós. Em The singing bones, reencontramos madrastas malvadas, irmãos traiçoeiros, raposas espertas e princesas em apuros que habitam o mundo dos contos de fadas compilados por Wilhelm e Jacob Grimm, mas de maneira um tanto inesperada. Shaun Tan seleciona e adapta, desses famosos contos, alguns de seus trechos mais famosos ou assombrados e, a partir deles, cria esculturas incríveis (e por vezes assustadoras também). A releitura imagética é o que há de mais precioso nesse livro: algumas das obras podem até revelar outras possibilidades de se olhar essas velhas histórias, como uma Rapunzel que é a sua própria torre, por exemplo. Não há outra palavra para definir The singing bones que não genial – como tudo que Shaun Tan presenteia o mundo, aliás.






Gabrielly Pazetto é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis. 

Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij e vive se perdendo em buracos de coelho.


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