Charlotte Pires
Acadêmica do 4º ano do Curso de Letras Licenciatura da Univille

O garoto de bochechas rosadas que atende pelo apelido de Mig é, sem dúvida uma caixa-surpresa de mil e uma cores. No entanto, por ser uma surpresa, pode acarretar um certo ar indesejável. Ana Miranda, autora e ilustradora do livro, o dedica a “todas as crianças descobridoras”, porém o que se vê aqui é uma singeleza que pode camuflar o imaginário infantil. Possuidor de uma qualidade gráfica que, de tão colorida, enche os olhos e causa sutil encantamento, Mig é uma criança que está começando a descobrir o significado dos objetos, das palavras, dos sentimentos. Ele espera o mundo rodar a sua volta com passividade, visível nas ilustrações que mostram um menininho sempre sorridente que ora fecha os olhos, ora prefere esconder-se sob um adorno qualquer em uma de suas brincadeiras. O texto brinca com a troca de fonemas que ocorre na fala das crianças em seus primeiros anos de aprendizado. Mig diz o que pensa sobre o que observa, porém, quem interfere na história “ensinando” a maneira correta de nomear as impressões do menino é a sua mãe, seu pai, sua avó ou até sua professora. Ou seja, Mig apresenta uma visão abstrata sobre as coisas que observa ao seu redor – o que até encanta o leitor em um primeiro momento-, e em seguida, ele é sempre surpreendido por um adulto que imediatamente nomeia o que Mig de maneira poética e com muita subjetividade já havia nomeado. Resultado: cadê aquela visão que exulta todo o sentido abstrato da criança? Ela não precisa saber corretamente o significado de palavras como “cabelo”, “espelho” ou “nuvem”, ela apenas necessita visualizar o que representam para si, sem ser julgada pela concretude da vida, a maneira mais comum de se interpretar as coisas, lamentavelmente.




Juliana do Amaral
Acadêmica do 2º ano do Curso de Letras Licenciatura da Univille

Viagens Necessárias

A vida de Salamanca Árvore Hiddle, uma garota de 14 anos, muda bruscamente quando ela muda-se de Bybanks, Kentucky, onde morava em um sítio, para Euclid, Ohio, em um lugar onde as casas são todas iguais. A mudança ocorreu alguns meses depois que a mãe de Sal (esse é o apelido da nossa protagonista) deixou a família e viajou para Lewiston, Idaho.

Um ano depois da mudança, Sal parte com seus avós para uma viagem de carro de 6 dias, passando por lugares em que sua mãe havia estado. Para Sal, é uma viagem necessária: ela acreditava que, se pudesse chegar a Lewiston a tempo do aniversário da mãe, poderia trazê-la de volta. Durante a viagem, Salamanca conta aos avós a história de Phoebe Hibernal, a amiga que conheceu em Euclid e que vive uma situação de abandono semelhante à sua. Sal acompanha o drama familiar de Phoebe e essa experiência a ajuda a entender o que havia acontecido com sua mãe e por que ela foi embora.

Andar duas Luas, de Sharon Creech, conta de viagens necessárias: há a história de Sal, que viaja para encontrar respostas sobre sua mãe; por trás desta, há a história da partida da mãe de Sal, que precisa descobrir a mulher que havia por baixo; e a história de Phoebe e de sua mãe, que também teve que se afastar para encontrar-se.

É interessante observar a questão feminina nas personagens: a mulher que se torna esposa e depois mãe, omitindo-se para dedicar-se aos filhos e ao marido, assumindo o papel de mulher respeitável.

E há os bilhetes deixados misteriosamente na casa de Phoebe, que são um presente também para o leitor: provérbios como “Nunca julgue um homem antes de andar duas luas com os mocassins dele”, ou “Em uma vida, que importância tem isso?” provocam uma leitura profunda, reflexiva, nos levam a pensar sobre a vida e as escolhas que fazemos.

Andar duas Luas é um livro delicado e belo. Sua leitura é um prazer, um deleite. O leitor precisa se deixar envolver, acompanhando Sal em sua viagem e torcendo para que essa personagem tão pura encontre o que busca e seja feliz.


Maria Lúcia Costa Rodrigues
Mestranda em Patrimônio Cultural e Sociedade da UNIVILLE
Pesquisadora voluntária do Prolij

Mesmo em momentos difíceis, boas surpresas podem acontecer em nossas vidas. Pode vir com uma palavra, um olhar, um presente ou um livro, que nos revela com poucas palavras e imagens explodindo na página recém descoberta o segredo de vivermos nesse tempo pós-moderno. Falo do livro A árvore vermelha, de Shaun Tan.

O autor conta e ilustra a história de um dia difícil para uma personagem triste e melancólica que não consegue dividir com os outros seus sentimentos em relação ao mundo, por se sentir um peixe fora d’agua em um mundo desumano, individualista e exigente, que massifica o homem.

O livro apresenta um texto bem simples e direto, o autor deixa a surpresa para as imagens, construídas com colagens, tintas e lápis, numa paleta de cores quentes em predominância.

As cenas são impressionantes, ou a palavra correta seria expressionantes. Com luminosidade e escuridão na medida certa para nos transportar ao universo interior da personagem, evidenciando uma atmosfera carregada e enfatizando a circularidade do tempo que parece não passar.

Algumas das cenas nos remetem a Edvard Munch artista do movimento expressionista, principalmente pela eficácia em transmitir a angústia e o desespero. Mas quem lê este texto que fala de um livro com tantos elementos entristecedores deve pensar que seria o livro que jamais desejaria possuir. Não, de maneira alguma é esse o caso. A eficácia do autor em trabalhar as imagens que tomam conta do livro de formato grande, potencializa a nossa carga de sensações a cada cena revelada. Ele nos mostra caminhos possíveis diante do caos, uma fagulha de esperança que se faz sempre presente.

Assim é A árvore vermelha, um convite a reflexões sobre o mundo nesse tempo pós-moderno, com todos os seus problemas, mas também com toda a possibilidade de encontrar saídas. Basta nos permitirmos.



TAN, Shaun. A árvore vermelha. Tradução Isa Mesquita São Paulo: Edições SM, 2009.




O concurso fotográfico “Criança lendo ou ouvindo histórias” foi um sucesso.
Mais de quinhentas pessoas visitaram e votaram na melhor foto.

O vencedor será premiado com uma câmera digital que será entregue no evento Abril Mundo 2010, previsto para os dias 13, 14 e 15 de abril de 2010.

A comissão promotora do evento resolveu premiar os participantes que ficaram entre o segundo e quinto lugar com dois livros infantis que serão entregues na mesma ocasião.

Veja os vencedores abaixo!


1º Lugar

Autor: Antonio Francisco Felippe
Profissão: Agricultor
Cidade: Pirassununga / São Paulo




2º Lugar

3º Lugar

4º Lugar

5º Lugar

5º lugar
Virginia de Mello 
 Acadêmica do 2° ano do Curso de Letras Licenciatura da Univille

Vítor entre a fantasia e o real!

O livro O Sofá Estampado, escrito pela autora brasileira Lygia Bojunga Nunes, foi publicado pela editora José Olympio, no ano de 1980. A autora obteve reconhecimento internacional com este livro, ao receber o Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Prêmio Nobel da Literatura Infanto juvenil. Esta história traz bichos como personagens, sendo o protagonista um tatu, chamado Vítor, que contesta alguns valores da sociedade atual, centrada na televisão e na sociedade que vivencia a problemática da criança, acuada dentro do núcleo familiar. 

Trata-se de uma história não linear, organizada em pequenos capítulos, que se sucedem não cronologicamente. A narrativa principal é interrompida pelas histórias de novos personagens, que se incluem na história. 

Vítor, o tatu, cresce, convivendo com o seu problema de se engasgar e tossir demasiadamente. Toda vez que se via em alguma situação difícil, vinha uma crise. E com ela vinha o seu subterfúgio: cavar. Cavava em qualquer lugar que estivesse, desde em um parque com terra fofa a até dentro de uma casa, no chão de cimento. Nessas escavações, o livro mostra o Vítor voltando ao seu passado. Estes episódios mostram o caráter em desenvolvimento do jovem, que ainda está em busca de sua personalidade e buscando descobrir aspectos do passado ainda mal resolvidos. Grande papel na vida do tatu tem sua avó, uma tatu antropóloga que viajava muito e que toda vez que voltava, lhe contava muitas histórias. Ela passou ao neto toda a paixão dela por descobrir cada vez mais este mundo. Depois da formatura de Vítor, ele resolve viajar. Nesta viagem se depara com muitos aspectos do mundo, que dentro de casa, vivendo com os pais, não percebia. A volta para casa acontece, mas ela não significa o fracasso, pelo contrário, significa o contínuo descobrir da vida. 

Lygia Bojunga Nunes usa uma linguagem somente sua. Seus diálogos são vivos e este registro coloquial está presente também no discurso do narrador. A fantasia é a atmosfera de suas histórias, antropomorfizando objetos, por exemplo, como a mala da avó de Vítor. Todavia, percebe-se no seu estilo, a habilidade de misturar o real com a fantasia. Lygia começou sua carreira como atriz, e isto deixou raízes fortes no seu estilo, demonstrado também nos trechos de monólogos interiores de cada personagem. 

Uma das virtudes da literatura infanto-juvenil é que ela pode ser destinada tanto para crianças e jovens quanto para adultos. Qualquer criança já alfabetizada e com a mente e o coração cheio de fantasias, irá adorar percorrer esta linda história. 

A leitura do livro O Sofá Estampado contribui muito para o seu leitor, uma vez que alimenta a fantasia, não tão corriqueira às crianças de hoje e que também contesta valores da sociedade atual.


O PROLIJ ( Programa de Literatura Infantil Juvenil) está com sua exposição de fotos do Concurso Fotográfico: Crianças Lendo ou Ouvindo histórias, no aquário do Bloco A/Univille, em frente à antiga Livraria Midas.
Participe! Dê o seu voto.A melhor foto ganhará uma máquina fotográfica.
Até agora já forma computados mais de 300 votos do público que tem visitado a exposição














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