Gabrielly Pazetto
Nicole Barcelos
Agradecimentos especiais à Alcione Pauli

Chegou a época de presentes, celebrações, agradecimentos e... literatura! Nesta 2ª edição do nosso especial de Natal, selecionamos 7 obras sobre as festividades natalinas e seus mais diversos personagens. Entre contos, livros infantis e poemas, confiram abaixo as leituras natalinas recomendadas neste ano! 

A árvore de Natal na Casa de Cristo, de Fiódor Dostoiévski – Este conto de Natal de Dostoiévski, encontrado em antologias como “Os melhores contos de Dostoiévski”, do antigo Círculo do Livro, narra a história de um menino de rua vivendo em uma fria Rússia durante a noite de Natal. Cheio de reflexões sobre religião, desigualdade social e crenças, o autor entrega um conto muito sensível para repensar o verdadeiro sentido da celebração natalina. 

Como o Grinch roubou o Natal, de Dr. Seuss – “Todos os Quem no vale da Vila-Quem gostavam do Natal a valer… Mas o Grinch, que vivia a norte da Vila-Quem, nem o podia ver!” Assim começa a divertida história do Grinch e de como ele roubou o Natal. A narrativa de Dr. Seuss, cheia de rimas, envolve o leitor, que se vê seduzido pelas peripécias da pequena criatura verde. O livro ainda conta com as belíssimas ilustrações do próprio autor. A icônica história do Grinch deu origem a várias adaptações, entre elas o famoso filme de 2000 com Jim Carey.

A missa do galo, de Machado de Assis – Este típico conto machadiano narra a véspera da Missa do Galo, tradicional celebração cristã que acontece na meia-noite do dia 24. Nele, o narrador-personagem Nogueira tem uma longa conversa com Conceição, esposa traída em plena véspera de Natal. Em uma narrativa cheia de ambiguidades e memórias, Machado traz um pouco do espírito natalino em uma história repleta de reflexões.



O presente dos magos, de O. Henry, com ilustrações de Odilon Moraes – Embora por vezes nos esqueçamos, a tradição de presentar uns aos outros no Natal começou com os três reis magos em sua visita ao menino Jesus. Desde então, coloca o narrador desse conto natalino, poucos o fizeram com igual sabedoria. Della e Jim, protagonistas d’O presente dos magos, apesar da juventude, talvez possam tê-lo feito, no entanto. Essa história, já indicada no ano passado, ganhou ainda mais facetas e possíveis leituras através das aquarelas de Odilon Moraes nessa edição especial da antiga editora Cosac Naify, que através das lentes de sépia lançadas pelo ilustrador, acompanham essa singela história natalina.



Olivia ajuda no Natal, de Ian Falconer – Olivia retorna, dessa vez para uma aventura natalina! A consagrada personagem de Falconer, famosa por suas peripécias em outras obras que protagoniza, não poderia deixar de marcar uma data tão importante quanto o Natal, não é? Aqui, o leitor acompanha Olivia nas vésperas de uma das noites mais aguardadas do ano, mal podendo conter sua ansiedade em receber a visita do Papai Noel. Com humor que lhe é característico, mesmo que por vezes não intencional, a porquinha faz de tudo para que essa ocasião seja tratada com a devida importância, ajudando na decoração da árvore e até no preparo da ceia, e proibindo os pais de acender a lareira (ninguém vai querer queimar o traseiro de São Nicolau, certo?). Seus feitos facilmente arrancam risadas dos leitores, e as surpresas reveladas pelas abas que se abrem para trazer novos desdobramentos à trama fazem ainda mais especial essa história de Natal! 














A pequena luz, de José Jorge Letria, com ilustrações de Lelis – Em meio a tantos conflitos religiosos e esquecimento do verdadeiro significado do Natal, esta história de Letria vem para nos lembrar de contemplar a esperança e a fé em sua forma mais pura. A narrativa acompanha a pequena luz, que de pequena só tem o nome. Ela viaja o mundo todo, para lembrar que não é “preciso de templos, de rezas, de promessas ou de sacrifícios”, pois ela está em todo lugar que há esperança. A história ganha ainda mais delicadeza com as ilustrações de Lelis, em uma edição de 2008 da editora Paulinas. 



Um hino de Natal, de Charles Dickens, tradução de Cecília Meireles e ilustrações de Lelis – “A Christmas Carol” também foi outra leitura recomendada em nossa lista do ano passado, sob sua tradução mais comum: “Um conto de Natal”. Tornamos a recordá-la porque, dessa vez, estamos diante de uma versão do texto feita por ninguém menos que Cecília Meireles, e ilustrada por Lelis, que dão um diferente tom a essa clássica história de Natal. Pois, nessa edição de 2012 da Editora Global, encontramos no conto de Dickens mais das nuances poéticas da narrativa sobre o velho e avarento Scrooge, que se vê visitado por quatro espíritos: o de seu amigo Marley, que tenta salva-lo de um destino cruel, e dos espíritos do Natal de seu passado, presente e futuro. Somos também mais uma vez lembrados do que pode significar o Natal, e o que pode vir a ser o “espírito natalino”, com grande beleza tanto no texto verbal quanto no visual.



Gabrielly Pazetto é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis.

Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij e vive se perdendo em buracos de coelho.
Neste ano de 2017, o Grupo de Leitura e Discussão aqui do Prolij, coordenado pela professora Berenice Rocha Zabbot Garcia, discutiu a obra “Por que ler os clássicos”, do escritor italiano Italo Calvino. O livro consiste em um compilado de ensaios que Calvino escreveu ao longo de sua vida, organizado pensando nas obras que, para ele, são clássicos fundamentais (conceito que também aborda em sua discussão, aliás). Em sua seleção estão autores como Homero, Charles Dickens, Gustave Flaubert, Ernest Hemingway, Jorge Luís Borges, além de muitos outros (talvez nem tão conhecidos nossos até então).

Inspirados por essa obra, os integrantes do Grupo construíram suas próprias listas com os 5 clássicos que julgam serem os mais importantes para suas histórias como leitores. Afinal, como também nos lembra María Teresa Andruetto, cada leitor constrói seu próprio cânone, independentemente do que diz a academia, o mercado ou a escola. Pois, "[...] há caminhos entre livros e que, entre os caminhos, há sempre um caminho pessoal para transitar nesse bosque. E que esse caminho pessoal é aberto de livro em livro, numa sucessão de seleções" (in: Por uma literatura sem adjetivos, SP: Pulo do Gato, 2012, p. 96).

Asim, as seleções de cada participante podem ser conferidas abaixo!



Berenice Rocha Zabbot Garcia

Odisseia, de Homero
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa
Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago
Romeu e Julieta, de William Shakespeare



Gabrielly Pazetto

Li estes livros em momentos muito distintos da minha vida, mas todos eles foram fundamentais para que me constituísse como leitora e para que eu optasse pelo curso de Letras para estudar a literatura. Há os que me fizeram chorar, os que me fizeram rir e os que me causaram muita angústia, mas todos são revisitados anualmente em minha estante e sempre me dizem algo novo.

Alice no País das Maravilhas, de Lewis Caroll
Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez
Clara dos Anjos, de Lima Barreto
Dom Casmurro, de Machado de Assis
Jane Eyre, de Charlotte Brontë



Jéssica Duarte de Oliveira

Cada livro da minha lista representa uma parte de mim. Suas especificidades e singularidades acabaram por me constituir como leitora e como pessoa. Foi na graduação que me tornei leitora assídua da nossa literatura que é rica e variada. Cada um desses autores desperta em mim uma nova forma de encarar o mundo, novas verdades e experiências únicas.

Clara dos Anjos, de Lima Barreto
Vermelho Amargo, de Bartolomeu Campos de Queirós
Fita Verde no Cabelo, de João Guimarães Rosa
Helena, de Machado de Assis
Seminário dos Ratos, de Lygia Fagundes Telles



Isabela Giacomini

Os meus livros clássicos favoritos são todos brasileiros, não apenas pelo amor que tenho pelo país, mas pela qualidade literária produzida, mesmo tendo sido realizada muito tempo depois da Europa. Entre eles está Dom Casmurro, o livro que despertou meu interesse pela literatura brasileira, pois até ao momento eu apenas gostava de best-sellers. Depois dele, passei a ler outros clássicos brasileiros e meu amor só aumentou, posso dizer que foi o precursor desse processo. Outro grande clássico é Lucíola, lido no primeiro ano da graduação de Letras, que foi inovador, além de falar da mulher da época com uma perspectiva completamente diferente da contemporaneidade; uma obra altamente reflexiva e de crítica social. O alienista também é um de meus preferidos, na verdade, foi uma indicação de minha irmã, e ao final me apaixonei pelo enredo, pela construção das personagens e mais uma vez, pelos desfechos machadianos inesperados.  Outra grande obra é Auto da Compadecida, uma das poucas peças teatrais que já li, mas que com certeza a que cultivo com maior amor. Fiz sua leitura para um vestibular e acabei me encantando com o humor e com as críticas propostas por Suassuna. O livro denuncia comportamentos sociais utilizando-se de recursos riquíssimos e sendo feito com a intenção de ser encenado, de ir ao palco e de estabelecer uma relação concreta e direta com o espectador. Também não poderia faltar uma obra de grande desconstrução pessoal: O Cortiço, que me trouxe grandes reflexões sobre a sociedade, além da vontade de ler variados gêneros, sendo crucial para eu ampliar meu gosto literário.

Dom Casmurro, de Machado de Assis
Lucíola, de José de Alencar
O Alienista, de Machado de Assis
Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna
O Cortiço, de Aluísio Azevedo



Nicole de Medeiros Barcelos

Todos estes livros estiveram, cada um à sua maneira, em algum momento da minha formação enquanto leitora, e de uma forma ou outra suas leituras continuam ecoando em mim, transformando-se em outros olhares a cada revisitar desses textos (nem sempre só verbais). Suspeito que estes livros disseram, dizem e continuarão dizendo muito nos anos ainda por vir, por bem ou por mal, e talvez revelem mais sobre si mesmos e essa que os lê.

Alice no País das Maravilhas, de Lewis Caroll
O Cântico dos Cânticos, de Ângela Lago
A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga
Contos de Fadas, de Perrault, Grimm, Andersen e outros
Ida e Volta, de Juarez Machado



Vander Claudio Sezerino Junior

Escolhi estes livros porque foram aqueles que durante a leitura plantaram suas palavras dentro de mim, entenderam-se além do tempo em que os tive nas mãos. Foram livros que dialogaram, e com carinho comunicaram sobre a cultura e o humano de outros tempos.

Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez
Fahrenheit 451, de Ray Bradbury
A Revolução dos Bichos, de George Orwell
O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson
O Livro de Ouro da Mitologia, de Thomas Bulfinch



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Gabrielly Pazetto é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis.

Jéssica Duarte de Oliveira é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Acredita que a literatura é uma porta de acesso à liberdade.

Isabela Giacomini estuda Letras na Universidade da Região de Joinville. Participou do Grupo de Leitura e Discussão e do Clube do Conto promovidos pelo Prolij e é apaixonada pela literatura.

Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij e vive se perdendo em buracos de coelho.

Vander Claudio Sezerino Junior é graduando em Letras (Língua Portuguesa e Língua Inglesa) pela Univille e acredita que a literatura é a criação e a habitação de novos mundos.
Ao longo do terceiro bimestre da disciplina de Literatura Infantil Juvenil, a professora dra. Berenice Rocha Zabbot Garcia desenvolveu uma atividade com os acadêmicos do 2º ano de Letras, que consistia em construir um texto híbrido a partir da análise de obras infantis juvenis por ela selecionadas. Os textos consistiam em uma resenha crítica da obra e uma leitura comparativa analisando sua relação com contos de fada. O resultado de um dos trabalhos desenvolvidos pode ser conferido abaixo!

Percepções sobre “O Ratinho, o Morango Vermelho Maduro, e o Grande Urso Esfomeado”

Karina Steiner
Luana Seidel
Victória Maria Nielson

O livro “O Ratinho, o Morango Vermelho Maduro, e o Grande Urso Esfomeado”, publicado pela editora Brinque Book e escrito por Don e Audrey Wood, trabalha com as questões do imaginário do leitor no momento de percepção do texto, graças às ilustrações de Don Wood.
A narrativa inicia com a ilustração de um pequeno rato saindo de sua casa carregando uma escada de madeira, e a primeira surpresa do leitor é causada pelo texto verbal: é a fala do narrador, que não é direcionada para o leitor, e sim para o personagem do Ratinho, questionando-o sobre o que ele está fazendo.

Em geral, obras de personagens animais tendem a ser classificadas como fábula, onde esses falam, e têm intenção de expor a moral da história, dividindo-os em bons e maus, final feliz ou infeliz. Este, porém, não é o caso desta obra. O personagem é objeto da conversa direcionada do Narrador, mas não responde verbalizando, o faz apenas com gestos e reações ao que lhe está sendo dito. Desta forma, no decorrer da história, o Narrador traça uma espécie de diálogo nessa interação com o Ratinho.

Seguindo a trama, o Narrador percebe que o Ratinho está indo em direção a um morango vermelho maduro. Percebemos que apesar de nada ter a ver com a história da Chapeuzinho Vermelho, ainda está demarcada a presença da cor vermelha, representado pelo morango maduro.
Enquanto o Ratinho está trabalhando para conseguir colher o morango, que é praticamente do seu tamanho, o Narrador o avisa sobre o perigo do grande Urso Esfomeado, ressaltando o quanto este gosta de morangos vermelhos e maduros! O personagem do Ratinho demonstra preocupação e medo através de suas feições, e continua trabalhando, cada vez mais rápido, para colher o morango, enquanto o Narrador continua descrevendo o Urso, que é um bom farejador de morangos vermelhos maduros - principalmente os recém colhidos, uma vez que o Ratinho conseguira soltar o morango.
O Ratinho, na tentativa de evitar que tenha seu morango roubado, procura protegê-lo e escondê-lo. O detalhe que serve de investigação na história é que, durante toda a narrativa, o personagem do Urso Esfomeado, que é colocado como vilão, não aparece, e a única evidência da sua existência é o discurso do Narrador, que apresenta a solução para que o Urso não possa pegar o morango: cortá-lo em dois e dar a metade para o Narrador, para que então os dois possam devorar a fruta por inteiro. Por fim, é esclarecido que, assim tendo sido devorado, o Morango não poderia mais ser roubado pelo Urso.

Apesar de não ter sido representado nas ilustrações de Don Wood, a presença ou não do urso é trabalhada como uma figura selvagem e perigosa, deixando o suspense das possibilidades de culpa, assim como de costume nas narrativas infantis.
Contrariando a possibilidade de legitimar esta obra como fábula, o fim não possui cunho moralizante, pois permite a dúvida sobre o enredo. O Urso Esfomeado era real? Poderia, o Narrador, ter usado tais ameaças para manipular o Ratinho e se beneficiar com o alimento? Ou até mesmo o Ratinho, criando a ilusão dos avisos do Narrador para comer o Morango por inteiro, demarcando o Princípio da Realidade e Princípio do Prazer, quando o desejo de devorar o alimento por inteiro o faz extrapolar a possibilidade de poupá-lo. Pouco se pode deixar estabelecido como certo sobre o final da história, além de que a intenção do autor foi, provavelmente, intrigar o leitor para as possibilidades de desvendar.

Sabendo que as narrativas de hoje são, invariavelmente, influenciadas pelas narrativas primordiais e clássicas, pode-se relacionar aspectos relacionados entre esta obra e contos das Mil e Uma Noites. Bettelheim, na sua obra, discorre sobre As Maravilhosas Viagens de Simbad, ou Simbad, o Marujo, sobre o conflito entre as personalidades de um mesmo personagem, impossibilitando legitimar o real e o irreal “os contos de fadas têm diversos níveis de significado. Num outro nível de significado, os dois protagonistas dessa história representam as tendências conflitantes dentro de nós que, caso não consigamos integrar, certamente nos destruirão”. Essa história pode não apresentar uma moral, mas o cunho manipulativo do Narrador nos remete às histórias contadas pelos pais da nossa geração, quando tentavam nos intimidar para que obedecêssemos, como a história do "Homem do Saco", por exemplo, que mesmo não fazendo parte dos contos clássicos, ou primordiais, fazia de fato, parte da 

WOOD, Audrey; WOOD, Don. O Ratinho, O Morango Vermelho Maduro e O Grande Urso Esfomeado. São Paulo: Brinque-Book.

BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas. São Paulo; Paz e Terra, 2014



Karina Steiner é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille. Adora viajar para dentro das histórias que lê, e leva no coração as pessoas e lugares incríveis que conhece nelas.

Luana Seidel é graduanda do curso de Letras da Univille, trocou o oxigênio por arte há tempos – e não se arrepende disso.

Victória Maria Nielson é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille, nas horas vagas aventura-se desbravando o mundo por trás da lente de uma câmera, ou simplesmente desfrutando de um bom dia em meio à natureza.
Ao longo do terceiro bimestre da disciplina de Literatura Infantil Juvenil, a professora dra. Berenice Rocha Zabbot Garcia desenvolveu uma atividade com os acadêmicos do 2º ano de Letras, que consistia em construir um texto híbrido a partir da análise de obras infantis juvenis por ela selecionadas. Os textos consistiam em uma resenha crítica da obra e uma leitura comparativa analisando sua relação com contos de fada. O resultado de um dos trabalhos desenvolvidos pode ser conferido abaixo!

O Universo infantil na obra de Stephen Michael King


Bruno Dietrick Rodrigues
Gabriel da Costa Porto Silva
Samantha Schubert


A obra Patrícia, de Stephen Michael King, foi publicada originalmente em 1997 pela Scholastic Australia Pty Limited e no Brasil pela Brinque Book Editora, também em 1997.
O livro conta a história de uma garota chamada Patrícia, que nutria muitos pensamentos dentro de si e tinha uma profunda necessidade em compartilhá-los com alguém. A menina tenta falar com sua mãe, pai e avó, porém nenhum deles lhe dá atenção. Só encontra um confidente no seu avô, afinal, ele também adorava dividir suas ideias.
O autor oportuniza diversas reflexões referentes aos personagens mãe, pai e avó, representantes da constante desatenção dada às indagações no período da infância, uma fase onde a criança pergunta sobre tudo e todos, já que está curiosa para descobrir o mundo em que está inserida. A falta de atenção desses familiares também permite uma reflexão sobre o dia a dia corrido de um adulto. Patrícia queria falar e ser ouvida. Queria alguém de confiança para repartir seus secretos pensamentos.
As ilustrações de King possibilitam interpretações que a linguagem verbal não é capaz de oferecer. Um exemplo disso é o cenário em que a figura do avô se encontra. Diferentemente dos cômodos em que se encontram a mãe, o pai e a avó, há variados pensamentos que brotam de seu sono. E há também um pensamento alegre fora da gaiola, enquanto que no cômodo da avó, esse mesmo pensamento está angustiado. O avô, na história, é a figura acolhedora que não permite a ausência de sua criança interior.
Com todas as suas reflexões, a história aborda a importância da infância. O voltar a ser criança exige um amadurecimento ainda maior que o tornar-se adulto. A criança pensa e necessita ser considerada. Retratar os pensamentos de uma criança é fundamental para adentrar no universo infantil.

KING, Stephen Michael. Patrícia. São Paulo: Brinque-Book, 1997.


Os acadêmicos também produziram um vídeo utilizado para a contação da história e para refletir sobre possíveis comparações de Patrícia com os contos de fadas e a contemporaneidade. 




Bruno Dietrick Rodrigues é graduando em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille, apaixonado por música e amante de jogos e filmes. 

Gabriel da Costa Porto Silva é graduando em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) e em tempo vago se conduz em meio à música.

Samantha Schubert é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Inglesa) e duela constantemente com seus estranhos e imprevisíveis devaneios enquanto caminha e dança com a palavra.
Ao longo do terceiro bimestre da disciplina de Literatura Infantil Juvenil, a professora dra. Berenice Rocha Zabbot Garcia desenvolveu uma atividade com os acadêmicos do 2º ano de Letras, que consistia em construir um texto híbrido a partir da análise de obras infantis juvenis por ela selecionadas. Os textos consistiam em uma resenha crítica da obra e uma leitura comparativa analisando sua relação com contos de fada. O resultado de um dos trabalhos desenvolvidos pode ser conferido abaixo!

Os contos de fadas e "Por quê?"

Ana Carolina da Silva
Bruna M. dos Reis
Kauane Cambruzzi
Nicole Spindola

Clássicos da literatura mundial, os contos de fadas têm origem em tempos remotos e nem sempre se apresentaram como os conhecemos hoje. O aspecto fantasioso e lúdico que hoje os envolve surgiu da necessidade de minimizar enredos controversos e polêmicos, próprios de uma época em que a civilização ainda não havia inventado o conceito que hoje conhecemos tão bem: a infância. Chamamos de contos de fadas porque são histórias que têm sua origem na cultura céltico-bretã, na qual a fada, um ser fantástico, tem importância fundamental. A primeira coletânea de contos infantis surgiu no século XVII, na França, organizada pelo poeta e advogado Charles Perrault. As histórias recolhidas por Perrault tinham origem na tradição oral e até então não haviam sido documentadas. Sendo assim, a Literatura Infantil como gênero literário nasceu com Charles Perrault, mas só seria amplamente difundida posteriormente, no século XVIII, a partir das pesquisas linguísticas realizadas na Alemanha pelos Irmãos Grimm (Jacob e Wilhelm). 

Com o tempo, os contos de fadas foram sofrendo alterações,. A essas alterações que foram necessárias para diminuir o impacto negativo das estórias originais. Hoje, histórias com temáticas violentas podem afetar negativamente na formação das crianças. Mas, ainda há resquícios dessas histórias, com temáticas um pouco mais leves, e mesmo assim impactantes. "Por quê?", de Nikolai Popov nos traz um não final feliz, o que um costumeiro conto de fadas traria, e um final que não traz a solução para o problema, e sim um questionamento. Sendo assim, faz com que o próprio leitor decida qual a moral que ele levará desse livro.

O livro nos traz questionamentos de algumas atitudes negativas que o ser humano costuma ter como a inveja, a cobiça, a vaidade e o egoísmo. E como consequência disso, a guerra. Sem muitas palavras, o livro apresenta ilustrações, que falam por si só, e protagonistas aparentemente simpáticos. Uma rã admiradora de belas flores, e um ratinho com seu guarda-chuva laranja, que depois se mostra muito invejoso.

O ratinho acaba por atacar a “pobre” rã e uma guerra é então iniciada. No fim, nenhum dos dois se lembra a real razão para o início de tanto desastre. O livro, apesar de infantil, nos faz refletir o por quê crescer pode ser tão desastroso. Onde, num mundo que nos faziam acreditar que deveríamos ser bons com o próximo, o “eu” está sempre na frente.

POPOV, Nikolai. Por quê? São Paulo: Ática, 2000.


Bruna dos Reis é graduanda em Letras (Língua Portuguesa) na Univille. É professora do Estado e divide suas leituras entre literatura e marxismo. 

Kauane tem os cabelos cacheados e sabe que deve agradecer à bisavó por eles, assim como deve agradecer ao pai por lhe comprar livros e à mãe por lê-los, trazendo a literatura para sua vida.

Nicole Talgatti Spindola, graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa), é apaixonada por ensino e vê na educação a chance de uma vida mais leve. 
Ao longo do terceiro bimestre da disciplina de Literatura Infantil Juvenil, a professora dra. Berenice Rocha Zabbot Garcia desenvolveu uma atividade com os acadêmicos do 2º ano de Letras, voltada para a criação de textos híbridos a partir da análise de obras infantis juvenis previamente selecionadas. Com uma resenha crítica e um vídeo, um dos trabalhos desenvolvidos pode ser conferido abaixo!

Amizade e aprendizagem

Andreza Moreira Martins 
Bruna Saramento Furlan
Suellen do Nascimento Silva 

O livro Pedro e Tina, de Stephen Michael King, publicado pela editora Brinque-Book narra a história de Pedro, que fazia tudo ao contrário. Suas linhas não saíam retas, e quando todos olhavam para cima, ele olhava para baixo. Contudo, ele se divertia por aí cheio de alegria. Um dia, ele encontra Tina e a partir daí, novas aventuras e aprendizagens estão para surgir.

A garotinha fazia tudo corretamente, mas lá no fundo ela não queria fazer tudo tão certinho. Apesar de suas diferenças, os dois se tornam grandes amigos. Ensinando um ao outro é que aprendem muitas coisas novas e até constroem juntos uma casinha na árvore!

As ilustrações dessa linda história são feitas pelo próprio autor, Stephen Michael King, e trazem com encanto cores e muita graça para a narrativa. A amizade dessas duas personagens cativantes retrata uma mensagem muito importante e especial para compartilhar e praticar!

KING, Stephen Michael. Pedro e Tina. São Paulo: Brinque-Book, 1999.



Além da resenha crítica, as acadêmicas produziram um vídeo com uma comparação do livro com os contos de fadas! 

Andreza Moreira Martins é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Língua Inglesa) pela Univille. Adora séries e músicas e é apaixonada pela gramática.

Bruna S. Furlan é graduanda em Letras na Univille e acredita que as palavras gentis são sempre a melhor escolha.

Suellen do Nascimento Silva é graduada em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) e acredita que em cada livro há uma possibilidade de conhecer mundos novos. 
Nicole Barcelos


O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, 
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia 
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia [...] 
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia 
E para onde ele vai 
E donde ele vem. 
E por isso, porque pertence a menos gente, É mais livre e maior o rio da minha aldeia. 
(Alberto Caeiro, in Fernado Pessoa, O Guardador de Rebanhos) 


Rio é vida. É também cama de canoa, espelho da lua, caminho de peixe e carinho de pedra, nas palavras de Leo Cunha em Um ria, um rio, publicado pela editora Pulo do Gato em 2016 – não ao acaso também no “aniversário” de um ano da tragédia de Mariana (MG), ocorrida em 5 de novembro de 2015. 

Dando voz a um rio (aqui sabemos se tratar do próprio Rio Doce), que é narrador e eu-lírico da poesia verbal e visual tecida em dolorosa harmonia por Cunha e André Neves, que assina a ilustração; a obra traduz o “indizível”. Pois, esse eu-lírico, olhando para seu próprio passado, presente e futuro de uma terceira margem, lança nova luz sobre essa tragédia que levou, essencialmente, toda a vida dentro, fora e às margens do rio.

Pois, é com gosto de doçura interrompida que o leitor acompanha, página a página, o rio se tingir de tons cada vez mais escuros, deixando o azul límpido e tranquilo até sangrar em vermelho amargo o fim das escolas, dos campinhos, dos trens, do riso das crianças, das festas de domingo e dos cantos dos ribeirinhos.

Ao final do livro, é essa bittersweetness que se pode sentir na boca, acompanhada de um aperto no coração, acalentados apenas pelo azul que volta a colorir as páginas da obra, pontuando a esperança de que esse rio, um dia, volte a ser o que já foi.


CUNHA, Leo. Um dia, um rio. Ilustr.: NEVES, André. São Paulo: Pulo do Gato, 2016.



Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij e vive se perdendo em buracos de coelho.
Nessa terça-feira (31/10) o 59º Prêmio Jabuti revelou seus vencedores para o ano de 2017. Entre os 87 premiados (de 1º, 2º e 3º lugar), destacamos dois livros das categorias infantis: "A Boca da Noite", de Cristino Wapichana (3º lugar na categoria de Livro Infantil) e "Adélia", de Jean-Claude Alphen (1º lugar na categoria Ilustração de Livro Infantil ou Juvenil). Venha descobrir que, talvez,  essas duas histórias tenham mais em comum do que a premiação que receberam e confira as resenhas delas abaixo!


Os Mistérios da Boca da Noite

Gabrielly Pazetto

A Boca da Noite, de Cristino Wapichana, com ilustrações de Graça Lima, lançado em 2016 pela editora Zit, acompanha as façanhas do indiozinho Kupai e seu irmão Dum. Juntos, eles descobrem os mistérios d’A Boca da Noite

Dum e Kupai, dois curumins, ouvem, sob a luz da fogueira, a história da Boca da Noite, e ficam imaginando como seria esta tal boca, afinal, “se tem boca, deve haver um corpo!”. E, morrendo de medo, sonham, ou melhor, perdem o sono, pensando que aquela boca enorme e cheia de dentes pode devorá-los. 

A escrita de Wapichana envolve. Cheia de diálogos e reflexões narradas em 1ª pessoa, o escritor consegue transmitir a cultura do povo Wapichana, criar personagens cativantes e ainda desenvolver uma história divertida e cheia de mistério, mas onde tudo acaba bem no final, pois “É a boca da noite que ajuda a manter o equilíbrio da vida na Terra e de todos os viventes”. 

As ilustrações de Graça Lima são uma obra de arte à parte. Em uma página, somos banhados pelo luar e a noite, em outra é o Sol que enche o livro do seu amarelo intenso. Enquanto Wapichana nos presenteia com a sua envolvente narrativa escrita, Graça Lima apresenta uma verdadeira composição de tons, texturas e traços, coroando a obra dos pequenos curumins. 

WAPICHANA, Cristino. A Boca da Noite. Rio de Janeiro: Zit, 2016.


La vie en rose

Nicole Barcelos

Em um mundo cinzento, pincelado timidamente de rosa e verde, vive Adélia. De dia, ela brinca com seus irmãos. À noite, porém, enquanto todos dormem, algo um tanto estranho acontece com a pequena personagem que dá nome à obra de Jean-Claude Alphen.

Publicada em 2016 pela editora Pulo do Gato, Adélia cria, em uma narrativa em que texto visual e verbal (ambos de autoria de Alphen) engendram relação simbiótica, uma deliciosa história sobre descobertas – tanto para sua protagonista quanto para o próprio leitor que a acompanha. 

Pois, nesse delicado livro, matizado pelas cores de seus personagens, somos conduzidos por entre as lacunas criadas pelos ditos e não-ditos, luzes e sombras lançados pelo narrador que propositalmente recorta a história com suas palavras e desenhos de modo a provocar felizes surpresas à cada virada de página. 

Singularmente singelo, Jean-Claude Alphen encanta com traços e verbos bem colocados nessa história em que, é certo, nada é por acaso.


ALPLHEN, Jean-Claude. Adélia. São Paulo: Pulo do Gato, 2016.

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Gabrielly Pazetto é graduanda em Letras (Língua Porutuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis.

Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij e vive se perdendo em buracos de coelho.
Nas últimas semanas, o nosso Correio Literário realizou suas entregas do ano de 2017! Projeto idealizado entre 2015/2016 pelo então bolsista e acadêmico de Administração, Dino Cataldo, o correio foi abraçado pelo Prolij como uma iniciativa que visa disseminar, mesmo que pontualmente, a leitura entre crianças e jovens.

Pois, em um sistema semelhante ao de um correio, as obras literárias previamente selecionadas seguiram, embrulhadas, para seus destinatários pelo intermédio de "carteiros". Os títulos são desconhecidos daqueles que os recebem, sendo que vão acompanhados de uma carta ao (possível) leitor, que explica o propósito da intervenção. A partir de então, os livros passam a pertencer a essas pessoas, que podem passá-los adiante (caso desejarem).

A ideia é que essas pessoas possam desfrutar das obras doadas e compartilhar a leitura com seus colegas, familiares e quem mais lhes interessar. Neste ano, como no ano passado, os destinatários da intervenção foram estudantes da educação básica.

Por isso, os "carteiros", nesse caso, foram acadêmicos voluntários, bolsistas do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) dos subprojetos de Letras, Pedagogia e Interdisciplinar, que tem contato com as escolas, os professores e os alunos que foram atingidos pelo projeto - e que já os conheciam previamente.

Neste ano, a ponte estabelecida pelos pibidanos se deu nas Escolas de Educação Básica Professor João Martins Veras, Giovani Pasqualini Faraco e Bailarina Liselott Trinks, e nas Escolas Municipais Rosa Maria Demarchi Berezoski e Maria Magdalena Mazzolli.



Ao longo do terceiro bimestre da disciplina de Literatura Infantil Juvenil, a professora dra. Berenice Rocha Zabbot Garcia desenvolveu uma atividade com os acadêmicos do 2º ano de Letras, voltada para a criação de textos híbridos a partir da análise de obras infantis juvenis previamente selecionadas. Um destes trabalhos podem ser conferidos abaixo!

Por que pipi não evapora?

Evelin de Freitas Costa
Felipe Poffo Moraes
Suzana Lima
Wellington Vojniek

Um pipi choveu aqui, escrito por Sylvia Orthof e publicado pela editora Global, narra, em estrutura poética, a história de um menino chamado Pedro Pedroca que assiste a uma aula expositiva que trata do processo climático da chuva. No momento em que a professora, Dona Carola, muito antiga na escola, explica o processo da chuva, Pedro Pedroca vai sentindo uma vontade enorme de fazer pipi e levanta a mão pedindo permissão para ir ao banheiro. Dona Carola, que não admite ser interrompida, não dá permissão ao garoto. 
Ele pensa, então, que fazer uns pinguinhos de xixi o deixará aliviado e conseguirá esperar até o final da explicação. No entanto, ao liberar esses pretensos pinguinhos, o garoto solta toda a urina e molha todo o chão e toda a roupa. Nesse momento, ele faz uma analogia da chuva que se evapora com seu xixi, chuva que sai da gente, mas a professora, numa atitude de intolerância completa, expulsa Pedro Pedroca da sala de aula. O garoto sai da sala de aula chateado e, ao sair da escola, começa a chover. Pedro pensa: "seu xixi evaporou e virou chuva e essa chuva vai molhar Dona Carola, vai inundar a escola e com isso se sentirá vingado". Sua vingança é imaginar Dona Carola “montada num quadro-negro”, toda encharcada, “a velha Carola” e se a chuva for amarela, “bem-feito pra ela”. 
A história abre diferentes possibilidades de interpretação, sendo assim, é um rico material para ser trabalhado em sala de aula com o gênero poesia, uma vez que é uma narrativa rica em rimas.


ORTHOF, Sylvia. Um Pipi Choveu Aqui. São Paulo: Global Editora, 1991.



Além da resenha crítica, os acadêmicos produziram um material comparando a obra de Ziraldo, Uma Professora Muito Maluquinha, com a obra de Sylvia Orthof, Um Pipi Choveu Aqui, e também produziram um vídeo contando a história do livro. 


"Porque ela viaja nos livros e se encontra nas palavras, Evelin" (Estudante de Letras - Português e Inglês na Univille)

Felipe de Moraes Poffo é graduando em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille. Desbravador das duas línguas, torce por um acaso entre ambas. 

Suzana Lima é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Língua Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Colégio Univille, trabalhando com os alunos de inclusão. Faz dos livros seus melhores amigos e seu refúgio mais encantador. 

Wellington Luiz Vojniek, graduando em Letras (Língua Portuguesa) é militante da poesia, amante das artes e apaixonado por música, inclusive pelos seus instrumentos que não 
Durante os dias 5 e 6 de Outubro, o Itaú Cultural promoveu o 2º Mekukradjá: Círculo de Saberes, em São Paulo. O evento tem como missão falar sobre o papel do indígena no Brasil atual. Neste ano de 2017, as discussões foram orientadas por três temas principais: a Língua, a Terra e o Território.

O Mekukradjá (palavra de origem caiapó – povo indígena do Mato Grosso e do Pará – que significa “sabedoria”) teve curadoria de Daniel Munduruku e Junia Torres e contou com momentos de exibição de filmes, mesas redondas, oficinas e muitos debates sobre o indígena no Brasil. O evento teve presença de artistas, lideranças, pesquisadores e estudiosos indígenas ou da cultura indígena nos  seus dois dias.

Alcione Pauli e Daniel Munduruku durante a oficina "Literatura Indígena", no dia 06 de outubro
Na ocasião, o Prolij foi representado pela pesquisadora Msc. Alcione Pauli, que ministrou a oficina Literatura Indígena com o escritor Daniel Munduruku, e conta: "No encontro partilhamos de momentos para pensar, construir e desconstruir conceitos sobre os povos indígenas e suas escritas”. Mestre em Patrimônio Cultural e Sociedade pela Univille, a pesquisa da professora Alcione é justamente voltada aos escritos dos povos indígenas, através da sua literatura (e, principalmente, da literatura infantil juvenil).
Ao longo do terceiro bimestre da disciplina de Literatura Infantil Juvenil, a professora dra. Berenice Rocha Zabbot Garcia desenvolveu uma atividade com os acadêmicos do 2º ano de Letras, voltada para a criação de textos híbridos a partir da análise de obras infantis juvenis previamente selecionadas. Consistente em uma resenha crítica da obra e uma leitura comparativa analisando sua relação com contos de fada, o resultado de um dos trabalhos desenvolvidos pode ser conferido abaixo!


Tal pai, tal filho

Barbara Fernandes Correa
Débora Schoenhals
Denise Cristina Kniess
Larissa Chaves
Mariana da Rocha Coutinho
Naara Éldany Costa

Cara de um, focinho do outro, escrito por Guto Lins, publicado no ano de 1994 pela editora FTD, é um livro que consegue, com vocabulário simples e jogos de palavras, tratar de um assunto complexo e cada vez mais comum: relacionamento entre pais e filhos. O escritor e ilustrador demonstra simplicidade para contar uma história cujo tema central tem uma certa carga pesada, principalmente quando se trata de um assunto comum na vida de muitas crianças. 
A obra de Guto Lins se propõe a ser humana, pois dá espaço a sensações em todos os leitores, seja nas crianças ou nos adultos. Além disso, desafia-nos a pensar que ainda existe o perdão e a oportunidade de recomeço, revelando que as relações entre pais e filhos podem se descomplicar. 
O jogo da palavra “cara” e seus diversos significados, as rimas, os ditados populares e a leveza na construção de uma mensagem tão complexa fazem com que a obra não tenha público alvo específico (apenas as crianças), pois mexe com o imaginário e sentimentos de todas as faixas etárias. 
O bom resultado do livro não se dá pela quantidade de recursos, pois a proposta de dar espaço para sensações e memórias afetivas é maior que os recursos visuais. O texto vem acompanhado de uma narrativa visual que nos instiga a acompanhar mais uma história, sendo assim, temos, no livro, uma dupla leitura, com imagens que transcendem palavras. 
Imperdível, engraçado e criativo, Cara de um, focinho do outro é um livro indicado para crianças, podendo, contudo, ser adorado por todos que gostam de viajar e refletir com uma leitura simples e divertida.



LINS, Guto. Cara de Um Focinho do Outro. São Paulo: FTD, 1997.

Além da resenha crítica, as acadêmicas desenvolveram uma revista eletrônica, apontando as semelhanças entre a obra lida e contos de fada, além de trazerem entrevistas, textos críticos e ilustrações. A revista pode ser acessada clicando na imagem abaixo!



Barbara Fernandes Correa é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Inglesa) e em suas poucas horas vagas reina sobre o mundo dos sonhos e devaneios. 

Débora Schoenhals é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa). É apaixonada pela arte, música, design e literatura, mas queria mesmo era ser uma mestre Pokémon.

Denise Cristina Kniess é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille, já fez Engenharia Ambiental só para ver no que dava, mas se rendeu aos encantos da vida em sala de aula. É vegana há 11 anos, adora coisas fofinhas e gatinhos.

Larissa Chaves de Souza é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Inglesa). Apaixonada pelas gramáticas e amante dos livros. 

Mariana Coutinho é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille. Ama a comunicação e as relações interpessoais e tenta fazer da vida uma trajetória rica em experiências e aprendizados.  

Naara Éldany: graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa). Musicista, narniana e poeta.

Em 2016, o Prolij fomentou o surgimento de um projeto vinculado chamado Nastácias&Gepetos: criando bonecos com vida!, coordenado pela graduanda em Letras e então bolsista do programa, Cymara Scremin Schwartz Sell. O projeto visava a criação e confecção de bonecos de pano representando personagens da literatura infantil juvenil, a serem distribuídas em escolas e em projetos sociais, para incentivar a leitura e a contação de histórias. Esse processo criativo foi desenvolvido inteiramente por voluntários, graduandos e egressos de Letras, que dedicaram uma tarde semanal ao desenvolvimento de desenhos, moldes e costuras!

Ao final do ano, o projeto havia desenvolvido alguns materiais internos e também um material para a distribuição a escolas e instituições sociais: o "kit" d'A Bolsa Amarela. Pois, inspiradas pela história de Lygia Bojunga, em que Raquel começa a guardar suas vontades em uma bolsa amarela de segunda mão, nossas Nastácias e Gepetos deram vida às suas próprias versões de bolsas e do galo Afonso, como o intuito de criarem, assim, "objetos mágicos" para incentivar a leitura e contação de histórias.

Desse modo, neste ano de 2017, foram procuradas instituições a que se doar esse material, sendo escolhidas: o Espaço Criativo Julio Emílio Braz, um projeto social que desenvolve atividades voltadas para o incentivo à leitura e à socialização com crianças no bairro Jardim Paraíso, e a própria Biblioteca Infantil Monteiro Lobato do Colégio Univille, anexo ao campus Bom Retiro da Universidade.

As entregas se deram em 30 de junho e 27 de setembro, e, agora, bolsa e galo ficam nesses espaços para fazerem despertar vontades em leitores em formação, de acordo com as propostas de cada mediador de leitura que deles utilizar! Com eles foram nossa vontade, porém, de fazer crescer o interesse pela leitura e pelo literário, e o encanto pela magia que uma "simples" bolsa pode provocar!

A Bolsa Amarela e Galo Afonso, material desenvolvido pelo grupo Nastácias&Gepetos.


Professora Berenice Rocha Zabbot Garcia entrega a Bolsa Amarela e o galo Afonso para Mariza Schiochet, representante do Espaço Criativo Julio Emílio Braz, no dia 30 de junho, na Biblioteca Pública Rolf Colin.

Professora Berenice Rocha Zabbot Garcia entrega a Bolsa Amarela e o galo Afonso à Kauane Cambruzzi, bibliotecária na Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, no dia 27 de setembro no Colégio Univille.

Nicole Barcelos

Existem algumas regras para se ser um bom vizinho: não fazer barulho de manhã cedo ou tarde da noite; cumprimentar os outros moradores ao dividir o elevador; e manter, ao que parece, sempre muita discrição, e não incomodar nunca, em hipótese alguma, ninguém! Assim parecem pensar, ao menos, os pais da protagonista de O meu vizinho é um cão, que se chocam com a chegada dos novos vizinhos de prédio que não são nada comuns. 
Originalmente publicado em Portugal pela Planeta Tangerina, no Brasil, o livro ganhou edição da extinta editora Cosac Naify no ano de 2010. Nele, o leitor acompanha uma das moradoras do prédio em que se desenrola toda essa história, e a chegada de cada novo vizinho que vem ocupar os apartamentos vazios. 
Primeiro chega o cão, com suas caixinhas e caixões, espalhando pelo no prédio e tocando seu saxofone. Depois, um par de elefantes cujo “dar de trombas” parece pouco usual. Por fim chega o jacaré, aparentemente ameaçador, mas de muito bom coração. Enquanto a menina se encanta por cada um deles, seus pais reprovam as atitudes dos novos inquilinos, não vendo o que ela vê de bom nas diferenças de cada novo vizinho. Em um momento, assim diz o texto de Isabel Minhós Martins:

“No outro dia disse aos vizinhos: 
‘Não acham esquisito que os meus pais vos achem esquisitos?’ 
Ao que eles responderam imediatamente: 
‘Os teus pais é que são esquisitos!’.
‘Olham-nos de cima a baixo’, queixou-se o cão. 
‘E sempre com um ar superior’, disseram os elefantes” 

Com texto visual de Madalena Matoso em tons de rosa, vermelho e azul (muito premiado, aliás), a história tem certo tom de fábula às avessas, afastando o leitor de uma moral fechada em si mesma e, pelo contrário, abrindo a possibilidade de se olhar para o outro com novos olhos.

MARTINS, Isabel Minhós. O meu vizinho é um cão. Ilustr.: MATOSO, Madalena. São Paulo: Cosac Naify, 2010.


Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij e vive se perdendo em buracos de coelho.
Ao longo do terceiro bimestre da disciplina de Literatura Infantil Juvenil, a professora dra. Berenice Rocha Zabbot Garcia desenvolveu uma atividade com os acadêmicos do 2º ano de Letras, voltada para a criação de textos híbridos a partir da análise de obras infantis juvenis previamente selecionadas. Consistente em uma resenha crítica da obra e uma leitura comparativa analisando sua relação com contos de fada, o resultado de um dos trabalhos desenvolvidos pode ser conferido abaixo!

“Mamãe, e o meu beijo?”

Ana Luíza Busnardo
Beatriz Maria Eichenberg
Flavia Schlogl
Gabrielly Pazetto
Luana Simão
Tamara Gericke
Thiago Túlio Pereira

Um beijo é, sem dúvidas, um dos maiores atos de afeto que dois seres podem demonstrar, um em relação ao outro. Seja de amor, amizade ou companheirismo, deixar de recebê-lo é um tanto quanto desconfortável, e é isso que acontece na obra "O Beijo", da escritora e ilustradora Valérie D’Heur: uma pequena ave, após receber instruções de sua mãe para mais um dia, espera por um beijo de despedida, mas a mãe, muito apressada, não o dá.
É interessante observar como a autora traz a perspectiva da contemporaneidade para o texto, pois o narrador-personagem fala sobre sua mãe: “Estava muito apressada hoje”, manifestando, assim, a realidade de muitos pais e mães que esquecem diariamente dos filhos-aves.
Após ter seu beijo esquecido, a pequena ave vai em busca de algum outro animal que possa lhe beijar, e passa pela girafa, a avestruz, um felino, mas acaba mesmo é criando laços com o rinoceronte, o que é bastante interessante, pois a figura do rinoceronte é a personificação da força e também dos laços familiares, já que a fêmea do rinoceronte permanece com o filhote por vários anos.
Para coroar a composição, a autora traça ilustrações que brincam com tons pastéis e com o ambiente da savana, fazendo da experiência do leitor ainda mais intensa e divertida.




D’HEUR, Valérie. O Beijo. São Paulo: Brinque-Book, 2003.

Além da resenha crítica, os acadêmicos desenvolveram um blog com diversos textos apontando semelhanças entre a obra lida e contos de fada, além de trazerem aspectos da obra para a contemporaneidade. O blog pode ser acessado clicando na imagem abaixo!


Ana Luíza Busnardo é estudante de Letras (Português e Inglês), curte rock, fã de The Beatles, adora cachorros e fala Top!

Beatriz Maria Eichenberg é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille. Vive em meio à música e compõe canções que falam do coração.

Flávia Schlögl é estudante de Letras – Língua Portuguesa e Língua Inglesa e professora de Inglês em uma escola de idiomas. Está sempre viajando por uma série, um livro ou por uma música, mas ela sabe que o coração da vida é bom.

Gabrielly Pazetto é graduanda em Letras (Língua Porutuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis.

Luana Simão é graduanda em Letras na Univille (Língua Porutuguesa e Inglesa) e divide seu tempo vago lutando em batalhas épicas, governando reinos distantes e viajando pelo hiperespaço.

Tamara Gericke é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille, paulista, se vendeu na primeira mordida de chineque com farofa, prolixa, não sabe sintetizar as ideias, levou, por exemplo, dois dias pra escrever isso.

Thiago Túlio Pereira é Professor de Geografia e graduando em Letras pela Univille. Ama ler o Mundo através dos livros, das observações e das viagens, e escrever sobre essas leituras.
Nesse ano, de 2 a 4 de agosto, o Prolij (Programa Institucional de Literatura Infantil Juvenil da Univille) esteve na cidade do oeste paulista de Presidente Prudente para discutir as (trans) formações de leitores pelo texto literário no V Congresso Internacional de Literatura Infantil Juvenil do CELLIJ (Centro de Estudos em Leitura e Literatura Infantil e Juvenil "Maria Betty Coelho Silva"). O programa já havia participado do evento em 2004, também em Presidente Prudente, casa do CELLIJ (vinculado à Universidade Estadual Paulista, UNESP), então ainda com 7 anos de existência.

Agora, aos 20 anos, o Prolij foi representado no evento pela apresentação de um poster (exposto no dia 3 de agosto, no próprio campus da UNESP), intitulado Eu livro, tu livras, nós livramos: a transformação do não-lugar em lugar a partir da disseminação literária, que tratava do projeto vinculado Liberte um livro

As representantes desse e da Univille (Universidade da Região de Joinville) a viajarem a Presidente Prudente foram as acadêmicas bolsistas do programa, Nicole de Medeiros Barcelos, apresentadora do trabalho, e Gabrielly Pazetto, que compartilham a autoria do poster junto às professoras Berenice e Alcione, além da ex-bolsista do programa, Cymara Scremin Schwartz Sell. 

Abaixo, é possível conferi-lo na íntegra!



Gabrielly Pazetto

1981: Brasil em plena ditadura militar. A recém-revogação do AI-5 e o fim do bipartidismo levaram o país a traçar os primeiros passos para enfim restabelecer sua democracia e abandonar os férreos tempos de ditadura - mesmo assim, a população ainda estava sob as mãos de aço dos militares. 
Ruth Rocha, paulista, então com cinquenta anos, a partir da observação deste contexto, constitui a obra O que os olhos não veem. Um rei, de um reino muito distante, sofre de uma doença terrível: não consegue ver os seus súditos (porque eram muito pequenos) e não consegue ouvi-los também. Da mesma forma que os súditos do rei não eram ouvidos, nem vistos, a população brasileira no contexto da ditadura militar também não era. 
Ruth Rocha, assim, constrói uma narrativa divertida, brincando com palavras e versos em rimas espertas: “E assim, quem fosse pequeno, / da voz fraca, mal vestido, / não conseguia ser visto. / E nunca, nunca era ouvido.” 
As ilustrações de Carlos Brito, por sua vez, brincam com as cores e os tamanhos dos súditos e do rei. Através de tons vibrantes, ele ilustra barões, cavaleiros, ministros, camareiros, damas, valetes e um rei, todos bem rechonchudos. 
Desta forma, O que os olhos não veem é uma obra indispensável para se pensar sobre poder e, mesmo que o sistema político tenha mudado, continua atual, trinta anos após sua primeira publicação.

E todos juntos, unidos 
Fazendo muito alarido 
Seguiram para capital, 
Agora, todos bem altos 
Nas suas pernas de pau. 
Enquanto isso, nosso rei 
Continuava contente. 
Pois o que os olhos não veem 
Nosso coração não sente...” 

 (trecho do livro)


ROCHA, Ruth. O que os olhos não veem. Ilustr.: BRITO, Carlos. São Paulo: Moderna, 2012. 


Gabrielly Pazetto é graduanda em Letras (Língua Porutuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis.
Sabrine Sharon Padilha

Para qualquer um que ame ler, a descoberta das palavras pode ser um evento mágico e inesquecível, como se um novo mundo, antes escondido, se revelasse de repente. É o caso do personagem do livro O menino que descobriu as palavras, de Cineas Santos (Editora Ática, 1998). 
Com frases curtas, em forma de poesia, nós acompanhamos o menino e seu primeiro encontro com o significado das palavras, aos poucos ele vai descobrindo que existem palavras que transmitem coisas boas e coisas ruins. A sensação que nos passa é que as palavras em si são coisas vivas, entidades com personalidade própria. 
As ilustrações de Gabriel Archanjo são belas e conseguem captar e transmitir bem as intenções do texto. O menino que descobriu as palavras é um livro curto e de leitura rápida, voltado para crianças bem pequenas que estão na fase de contato inicial com a leitura, muito agradável e capaz de conectar também os mais velhos com a criança em nós que um dia, há muito tempo, viu as palavras pela primeira vez.

SANTOS, Cineas. O menino que descobriu as palavras. Ilustr.: ARCHANJO, Gabriel. São Paulo: Ática, 1998.



Sabrine Sharon Padilha é aluna do curso de História na Univille e quando sonha, ela sempre se lembra.
Evelin de Freitas Costa

Uma viagem pela história do Brasil contada de uma forma espontânea e ao mesmo tempo crítica. A repartição do mundo, de Arlene Holanda, foi publicada em 2007 pela Edições Demócrito Rocha, e busca, por meio de linguagem metafórica e poética, encontrar a explicação para um questionamento de Cauã, protagonista do conto. 
Cauã é um indiozinho com cabelos escuros e pele beijada pelo sol. Muito curioso, o pequeno curumim vive em uma tribo rodeado por animais. Ele en-tão se questiona como pode ter sido feita uma repartição tão desigual do mundo: "E tudo foi repartido, pro índio pouco sobrou, mas a alma guerreira, essa nunca se ca-lou, e o seu grito de guerra pela floresta ecoou". 
As ilustrações de Arlene Holanda e Suzana Paz, por sua vez, contam com desenhos e fotos antigas, que retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. 
Pode-se notar que a narrativa é contada sob a perspectiva do indígena, instigando o leitor a buscar conhecer e entender ambos os lados desta mesma história, que é tão minha quanto sua. 

HOLANDA, Arlene. A repartição do mundo. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2007.



"Porque ela viaja nos livros e se encontra nas palavras, Evelin" (Estudante de Letras - Português e Inglês na Univille)
Gabrielly Pazetto
Nicole Barcelos
*Agradecimentos especiais à Cymara Sell

Pai herói, pai vilão, pai ocupado, pai que se ocupa só com os filhos... Há muitas formas de ser pai. Há pais que nem tem laços biológicos e o são, e alguns os têm e não são pais. Mas essa figura que acalenta e protege, de que tamanho e forma que for, é sempre lembrada no segundo domingo de agosto. Por essa razão, hoje também lembramos os livros em que diferentes pais e filhos expressam (ou "deixam" de expressar) sua afeição um pelo outro.

O dia em que troquei meu pai por dois peixinhos dourados, de Neil Gaiman com ilustrações de Dave McKean – O que você daria em troca de dois peixinhos dourados (e não quaisquer peixinhos, mas Sawney e Bayney, os peixes de Nathan)? Para o protagonista dessa história de Neil Gaiman e Dean McKean, seu pai parecia um bom equivalente. Quer dizer... bem, ele só lia o jornal, então que falta faria? Acontece que, ao chegar em casa com Sawney e Bayney, sua mãe o força a trocá-los de volta pelo pai. Nesse divertidamente subversivo conto, permeado pela aura de mistério tanto no texto verbal quanto no visual, o leitor é convidado a acompanhar as peripécias desse garoto que tenta, então, destrocar seu pai pelas coisas mais inimagináveis. 

Adivinha quanto eu te amo, de Sam McBratney, ilustrado por Anita Jeram – O quanto um pai pode amar o filho? E o quanto um filho pode amar o pai? No pequeno conto de Sam McBratney, Coelhinho e Coelho Pai tentam encontrar a medida do amor que tem um pelo outro. Belamente ilustrado, esse divertido jogo com ares de competição vai levá-los a descobrir que o amor não é assim tão fácil de se medir.



A boca da noite, de Cristino Wapichana com ilustrações de Graça Lima - Dum e Kupai são dois indiozinhos bem curiosos que adoram ouvir as histórias que o seu pai conta à beira da fogueira. Certa noite são surpreendidos pela história da boca da noite – uma boca gigante que engole e transforma tudo em escuridão. Nesta envolvente narrativa de Cristino Wapichana, a figura paterna é responsável pela transmissão da tradição oral e por alimentar o imaginário dos pequenos curumins. 



Gorila, de Anthony Browne – O consagrado escritor e ilustrador britânico Anthony Browne narra aqui a história da pequena Hannah, que tem uma paixão um tanto peculiar: a garota adora gorilas. Seu sonho é ter um gorila só seu, ou pelo menos ir ao zoológico para conhecer um de verdade, mas o pai, a quem Hannah recorre, sempre diz “Agora não. Estou ocupado. Quem sabe amanhã?”. Cansada de insistir tanto, ela resolve deixar sua própria imaginação levá-la ao zoo. Nesse delicado – e maravilhosamente ilustrado – livro, Browne traz um pai bastante contemporâneo que, apesar de tudo, consegue surpreender a filha no apagar das luzes.



Owl Moon, de Jane Yolen com ilustrações de John Schoenherr – Quando você sai para observar corujas, você não precisa de nada além de esperança. Essas são as palavras do pai da protagonista do sonho gelado que parece ser Owl Moon. Poética por essência, a narrativa de Jane Yolen e John Schoenherr acompanha a silenciosa aventura vivida por pai e filha em uma noite de inverno. Os silêncios aqui presentes, porém, falam muito das relações entre pais, filhos e a própria natureza – e aquecem o coração com esperança, ao som do chilrear das corujas. 



O homem que amava caixas, de Stephen Michael King – Era uma vez um homem. O homem tinha um filho. O filho amava o homem – e o homem amava caixas. Nos deliciosos versos e traços de Stephen Michael King, descobre-se, porém, muito mais do que o amor por caixas desse pai que tanto gosta delas – e a expressão de um outro amor, mesmo que bastante tímido.


As aventuras de Pinóquio, de Carlo Collodi – Mestre Cerejo não esperava que o toco de madeira que fora parar em sua oficina fosse reclamar quando tentasse transformá-lo em pé de mesa. Certo de que o toco falante guardava algo especial, presentou seu amigo Gepetto com ele, já que o carpinteiro pretendia criar um boneco articulado que soubesse dançar, lutar esgrima e dar saltos-mortais (e enriquecê-lo no processo). É assim que começam as peripécias do boneco cujo nariz cresce sem parar que o mundo inteiro ficou conhecendo como Pinóquio. Gepetto não sabia estar criando um filho ao esculpir Pinóquio, mas é isso que o pedaço de madeira transformado em menino o é: e é ele quem transforma o velho senhor em pai, e quase o faz perder o que resta de seus cabelos com suas travessuras. 



O ladrão de raios, de Rick Riordan – Percy Jackson tem 12 anos e não faz ideia de que seu pai é um antigo conhecido de muita, mas muita gente. Você também não faria, se estivesse preocupado em não ser expulso de mais uma escola e bem, escapar de ser decapitado por uma górgona. Nessa bem-humorada aventura, porém, Percy vai descobrir que há muito mais de grego em si do que seu nome.



Gabrielly Pazetto é graduanda em Letras (Língua Porutuguesa e Inglesa) pela Univille e técnica em Informática. Atua como bolsista no Prolij e faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis. 

Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij e vive se perdendo em buracos de coelho.
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