Sabrine Sharon Padilha

Para qualquer um que ame ler, a descoberta das palavras pode ser um evento mágico e inesquecível, como se um novo mundo, antes escondido, se revelasse de repente. É o caso do personagem do livro O menino que descobriu as palavras, de Cineas Santos (Editora Ática, 1998). 
Com frases curtas, em forma de poesia, nós acompanhamos o menino e seu primeiro encontro com o significado das palavras, aos poucos ele vai descobrindo que existem palavras que transmitem coisas boas e coisas ruins. A sensação que nos passa é que as palavras em si são coisas vivas, entidades com personalidade própria. 
As ilustrações de Gabriel Archanjo são belas e conseguem captar e transmitir bem as intenções do texto. O menino que descobriu as palavras é um livro curto e de leitura rápida, voltado para crianças bem pequenas que estão na fase de contato inicial com a leitura, muito agradável e capaz de conectar também os mais velhos com a criança em nós que um dia, há muito tempo, viu as palavras pela primeira vez.

SANTOS, Cineas. O menino que descobriu as palavras. Ilustr.: ARCHANJO, Gabriel. São Paulo: Ática, 1998.



Sabrine Sharon Padilha é aluna do curso de História na Univille e quando sonha, ela sempre se lembra.
Evelin de Freitas Costa

Uma viagem pela história do Brasil contada de uma forma espontânea e ao mesmo tempo crítica. A repartição do mundo, de Arlene Holanda, foi publicada em 2007 pela Edições Demócrito Rocha, e busca, por meio de linguagem metafórica e poética, encontrar a explicação para um questionamento de Cauã, protagonista do conto. 
Cauã é um indiozinho com cabelos escuros e pele beijada pelo sol. Muito curioso, o pequeno curumim vive em uma tribo rodeado por animais. Ele en-tão se questiona como pode ter sido feita uma repartição tão desigual do mundo: "E tudo foi repartido, pro índio pouco sobrou, mas a alma guerreira, essa nunca se ca-lou, e o seu grito de guerra pela floresta ecoou". 
As ilustrações de Arlene Holanda e Suzana Paz, por sua vez, contam com desenhos e fotos antigas, que retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. 
Pode-se notar que a narrativa é contada sob a perspectiva do indígena, instigando o leitor a buscar conhecer e entender ambos os lados desta mesma história, que é tão minha quanto sua. 

HOLANDA, Arlene. A repartição do mundo. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2007.



"Porque ela viaja nos livros e se encontra nas palavras, Evelin" (Estudante de Letras - Português e Inglês na Univille)
Gabrielly Pazetto
Nicole Barcelos
*Agradecimentos especiais à Cymara Sell

Pai herói, pai vilão, pai ocupado, pai que se ocupa só com os filhos... Há muitas formas de ser pai. Há pais que nem tem laços biológicos e o são, e alguns os têm e não são pais. Mas essa figura que acalenta e protege, de que tamanho e forma que for, é sempre lembrada no segundo domingo de agosto. Por essa razão, hoje também lembramos os livros em que diferentes pais e filhos expressam (ou "deixam" de expressar) sua afeição um pelo outro.

O dia em que troquei meu pai por dois peixinhos dourados, de Neil Gaiman com ilustrações de Dave McKean – O que você daria em troca de dois peixinhos dourados (e não quaisquer peixinhos, mas Sawney e Bayney, os peixes de Nathan)? Para o protagonista dessa história de Neil Gaiman e Dean McKean, seu pai parecia um bom equivalente. Quer dizer... bem, ele só lia o jornal, então que falta faria? Acontece que, ao chegar em casa com Sawney e Bayney, sua mãe o força a trocá-los de volta pelo pai. Nesse divertidamente subversivo conto, permeado pela aura de mistério tanto no texto verbal quanto no visual, o leitor é convidado a acompanhar as peripécias desse garoto que tenta, então, destrocar seu pai pelas coisas mais inimagináveis. 

Adivinha quanto eu te amo, de Sam McBratney, ilustrado por Anita Jeram – O quanto um pai pode amar o filho? E o quanto um filho pode amar o pai? No pequeno conto de Sam McBratney, Coelhinho e Coelho Pai tentam encontrar a medida do amor que tem um pelo outro. Belamente ilustrado, esse divertido jogo com ares de competição vai levá-los a descobrir que o amor não é assim tão fácil de se medir.



A boca da noite, de Cristino Wapichana com ilustrações de Graça Lima - Dum e Kupai são dois indiozinhos bem curiosos que adoram ouvir as histórias que o seu pai conta à beira da fogueira. Certa noite são surpreendidos pela história da boca da noite – uma boca gigante que engole e transforma tudo em escuridão. Nesta envolvente narrativa de Cristino Wapichana, a figura paterna é responsável pela transmissão da tradição oral e por alimentar o imaginário dos pequenos curumins. 



Gorila, de Anthony Browne – O consagrado escritor e ilustrador britânico Anthony Browne narra aqui a história da pequena Hannah, que tem uma paixão um tanto peculiar: a garota adora gorilas. Seu sonho é ter um gorila só seu, ou pelo menos ir ao zoológico para conhecer um de verdade, mas o pai, a quem Hannah recorre, sempre diz “Agora não. Estou ocupado. Quem sabe amanhã?”. Cansada de insistir tanto, ela resolve deixar sua própria imaginação levá-la ao zoo. Nesse delicado – e maravilhosamente ilustrado – livro, Browne traz um pai bastante contemporâneo que, apesar de tudo, consegue surpreender a filha no apagar das luzes.



Owl Moon, de Jane Yolen com ilustrações de John Schoenherr – Quando você sai para observar corujas, você não precisa de nada além de esperança. Essas são as palavras do pai da protagonista do sonho gelado que parece ser Owl Moon. Poética por essência, a narrativa de Jane Yolen e John Schoenherr acompanha a silenciosa aventura vivida por pai e filha em uma noite de inverno. Os silêncios aqui presentes, porém, falam muito das relações entre pais, filhos e a própria natureza – e aquecem o coração com esperança, ao som do chilrear das corujas. 



O homem que amava caixas, de Stephen Michael King – Era uma vez um homem. O homem tinha um filho. O filho amava o homem – e o homem amava caixas. Nos deliciosos versos e traços de Stephen Michael King, descobre-se, porém, muito mais do que o amor por caixas desse pai que tanto gosta delas – e a expressão de um outro amor, mesmo que bastante tímido.


As aventuras de Pinóquio, de Carlo Collodi – Mestre Cerejo não esperava que o toco de madeira que fora parar em sua oficina fosse reclamar quando tentasse transformá-lo em pé de mesa. Certo de que o toco falante guardava algo especial, presentou seu amigo Gepetto com ele, já que o carpinteiro pretendia criar um boneco articulado que soubesse dançar, lutar esgrima e dar saltos-mortais (e enriquecê-lo no processo). É assim que começam as peripécias do boneco cujo nariz cresce sem parar que o mundo inteiro ficou conhecendo como Pinóquio. Gepetto não sabia estar criando um filho ao esculpir Pinóquio, mas é isso que o pedaço de madeira transformado em menino o é: e é ele quem transforma o velho senhor em pai, e quase o faz perder o que resta de seus cabelos com suas travessuras. 



O ladrão de raios, de Rick Riordan – Percy Jackson tem 12 anos e não faz ideia de que seu pai é um antigo conhecido de muita, mas muita gente. Você também não faria, se estivesse preocupado em não ser expulso de mais uma escola e bem, escapar de ser decapitado por uma górgona. Nessa bem-humorada aventura, porém, Percy vai descobrir que há muito mais de grego em si do que seu nome.



Gabrielly Pazetto é graduanda em Letras (Língua Porutuguesa e Inglesa) pela Univille e técnica em Informática. Atua como bolsista no Prolij e faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis. 

Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij e vive se perdendo em buracos de coelho.
Tecnologia do Blogger.