É com imenso prazer que o Prolij convida a todos para o lançamento do novo livro da nossa querida coordenadora, Sueli de Souza Cagneti, Leituras em contraponto: novos jeitos de ler, pela Editora Paulinas.
        O evento se realizará no dia 06 de maio, segunda-feira, às 19h30, na Livraria Paulinas (Rua XV de Novembro, 119, esquina com a Rua Dr. João Colin - Centro - Joinville-SC).


        "Leituras em contraponto: novos jeitos de ler é uma coletânea de artigos resultantes de descobertas literárias. Descobertas advindas da pesquisa e do trato com os livros junto a grupos leitores diferenciados, seja pela faixa etária, pelo grau de escolaridade ou pelo interesse acadêmico, e apresentadas em congressos nacionais e internacionais", como informa a autora na orelha do livro. Fica o convite para prestigiar seu lançamento e, acima de tudo, como indica a professora e crítica literária Nelly Novaes Coelho na quarta capa: entregar-se a leitura de novas/velhas histórias! 


Os prolijianos Cleber, Alencar e Alcione (Monteiro Lobato, Visconde de Sabugosa e Emília, respectivamente) em sua apresentação no Congresso da ENKIDU
 Cidade do México - México - 2009



Por Viviane de Cássia Romão Lúcio dos Santos

         Joia, de acordo com o nosso “amigo” Aurélio, é um artefato de matéria preciosa, de metal ou de pedrarias e que se usa como adorno; algo de muito valor. Para o escritor nigeriano Wole Soyinka, em seu livro O leão e a joia, a joia é Sidi, a jovem mais bela da aldeia de Ilujinle, na Nigéria. Tal moça, além da beleza, chama a atenção de todos no local por demonstrar um temperamento forte e não ter “papas na língua”: fala o que pensa para quem quer que seja... Ora para o “cordeiro” professor Lakunle, sábio ao lidar com livros e palavras, porém ingênuo ao tratar de sentimentos e aspirações humanas; ora para o “leão” Baroka, bale, ou seja, chefe da província iorubá que exerce crucial influência sobre todas as pessoas que habitam na região.
         O livro é escrito em forma de peça teatral e registra com dinamismo a disputa pelo amor/posse de Sidi, que embora se considere muito esperta, ilude-se com seu próprio veneno: sua beleza...
         Poderia a vaidade cegar moça tão destemida e segura de si?
         De um lado temos o professor Lakunle com suas ideias “modernas” e sonhos de grandiosidade, de outro temos Baroka, um velho senhor de 62 anos que procura manter a tradição de desposar e engravidar tantas mulheres quantas forem necessárias para não “fazer feio” perante a sua comunidade.
         Uma história que nos faz pensar na roda-viva que é a vida: relacionamentos, ambições, perdas, relações de poder e de hierarquia e que, afinal, talvez seja melhor viver uma ilusão e ser feliz a sofrer e encarar a realidade... Ou, talvez, não...

FICHA TÉCNICA:

Obra: O leão e a joia
Autor: Wole Soyinka
Editora: Geração Editorial
Ano: 2012

Performance dos prolijianos Alcione (Emília) e Cleber (Pinóquio) na conferência de pós doutorado da coordenadora do Prolij, Professora Sueli de Sousa Cagneti -  Itália - 2006

Por Ana Kita

        O livro “A Escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães, apesar de ter tido sua primeira publicação em 1875, toca e faz refletir muito leitor do século XXI. Seu romantismo encanta e pinta cada cena e personagem com precisão de detalhes levando o leitor ora a belos cenários, ora a fortes questões do período escravocrata no Brasil; seu caráter abolicionista não apenas marca uma época e as crueldades aceitas perante a lei e aquela sociedade, como faz refletir situações ainda presentes em nossa sociedade. Vejamos uma fala de Geraldo, advogado amigo do justo Álvaro:
“... esses excessos e abusos devem ser coibidos; mas como poderá a justiça ou o poder público devassar o interior do lar doméstico e ingerir-se no governo da casa do cidadão? Que abomináveis e hediondos mistérios, a que a escravidão dá lugar, não se passam por esses engenhos e fazendas, sem que, já não digo a justiça, mas nem mesmo os vizinhos deles tenham conhecimento?”
        Não cabe esse discurso perfeitamente às situações de violência doméstica, a mulheres e filhos mantidos em cárcere privados, a idosos violentados por seus entes? Embora hoje a lei seja mais firme e a posição da sociedade seja como a do personagem fictício Álvaro, há ainda muitos Leôncios escondidos cometendo as piores atrocidades contra a vida humana. Mesmo a discussão sobre liberdade tão forte e bem expressa no livro permeia nossas preocupações perante a tecnologia, por exemplo.         Sinto-me ainda na necessidade de abordar o tema morte explorado repetidamente, ainda que romantizado e delicadamente. A morte natural, pela idade avançada, dos pais de Leôncio e a morte por tanto sofrimento da mãe de Isaura, embora significativos para o enredo da narrativa, não chegam aos pés – na força do tema – do fim do vilão e dos pensamentos dolorosos da sensível protagonista. Ambos por não verem saída digna em suas provações, vêem a morte como solução para, a inalcançável em vida, tranquilidade. A pureza da alma de Isaura e seus bons sentimentos para com seu pai não lhe permitem cometer aquele que lhe parecia o único remédio, já Leôncio não pensa duas vezes em tirar sua vida para se livrar da humilhação da miséria e de pedir a caridade daqueles a quem desejava se vingar.           
        Por fim, como amante da Literatura de qualidade, peço atenção para a habilidade de Bernardo Guimarães ao fazer recortes temporais e prender o leitor nesta narrativa que linearmente seria bastante simples. A destreza do autor ao avançar no tempo e depois abrir um capítulo em meio a uma situação de conflito, justificando a pausa com as explicações dos eventos antecedentes, e a sutileza em se colocar como narrador que acompanha o leitor pelos cenários, pelas cidades e até a alma dos personagens. Genial clássico a se preservar como obra de qualidade a ser referenciada e como retrato de um tempo com o qual ainda temos muito a aprender.

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