Charlotte Pires
Acadêmica do 4º ano do Curso de Letras Licenciatura da Univille

O garoto de bochechas rosadas que atende pelo apelido de Mig é, sem dúvida uma caixa-surpresa de mil e uma cores. No entanto, por ser uma surpresa, pode acarretar um certo ar indesejável. Ana Miranda, autora e ilustradora do livro, o dedica a “todas as crianças descobridoras”, porém o que se vê aqui é uma singeleza que pode camuflar o imaginário infantil. Possuidor de uma qualidade gráfica que, de tão colorida, enche os olhos e causa sutil encantamento, Mig é uma criança que está começando a descobrir o significado dos objetos, das palavras, dos sentimentos. Ele espera o mundo rodar a sua volta com passividade, visível nas ilustrações que mostram um menininho sempre sorridente que ora fecha os olhos, ora prefere esconder-se sob um adorno qualquer em uma de suas brincadeiras. O texto brinca com a troca de fonemas que ocorre na fala das crianças em seus primeiros anos de aprendizado. Mig diz o que pensa sobre o que observa, porém, quem interfere na história “ensinando” a maneira correta de nomear as impressões do menino é a sua mãe, seu pai, sua avó ou até sua professora. Ou seja, Mig apresenta uma visão abstrata sobre as coisas que observa ao seu redor – o que até encanta o leitor em um primeiro momento-, e em seguida, ele é sempre surpreendido por um adulto que imediatamente nomeia o que Mig de maneira poética e com muita subjetividade já havia nomeado. Resultado: cadê aquela visão que exulta todo o sentido abstrato da criança? Ela não precisa saber corretamente o significado de palavras como “cabelo”, “espelho” ou “nuvem”, ela apenas necessita visualizar o que representam para si, sem ser julgada pela concretude da vida, a maneira mais comum de se interpretar as coisas, lamentavelmente.




Juliana do Amaral
Acadêmica do 2º ano do Curso de Letras Licenciatura da Univille

Viagens Necessárias

A vida de Salamanca Árvore Hiddle, uma garota de 14 anos, muda bruscamente quando ela muda-se de Bybanks, Kentucky, onde morava em um sítio, para Euclid, Ohio, em um lugar onde as casas são todas iguais. A mudança ocorreu alguns meses depois que a mãe de Sal (esse é o apelido da nossa protagonista) deixou a família e viajou para Lewiston, Idaho.

Um ano depois da mudança, Sal parte com seus avós para uma viagem de carro de 6 dias, passando por lugares em que sua mãe havia estado. Para Sal, é uma viagem necessária: ela acreditava que, se pudesse chegar a Lewiston a tempo do aniversário da mãe, poderia trazê-la de volta. Durante a viagem, Salamanca conta aos avós a história de Phoebe Hibernal, a amiga que conheceu em Euclid e que vive uma situação de abandono semelhante à sua. Sal acompanha o drama familiar de Phoebe e essa experiência a ajuda a entender o que havia acontecido com sua mãe e por que ela foi embora.

Andar duas Luas, de Sharon Creech, conta de viagens necessárias: há a história de Sal, que viaja para encontrar respostas sobre sua mãe; por trás desta, há a história da partida da mãe de Sal, que precisa descobrir a mulher que havia por baixo; e a história de Phoebe e de sua mãe, que também teve que se afastar para encontrar-se.

É interessante observar a questão feminina nas personagens: a mulher que se torna esposa e depois mãe, omitindo-se para dedicar-se aos filhos e ao marido, assumindo o papel de mulher respeitável.

E há os bilhetes deixados misteriosamente na casa de Phoebe, que são um presente também para o leitor: provérbios como “Nunca julgue um homem antes de andar duas luas com os mocassins dele”, ou “Em uma vida, que importância tem isso?” provocam uma leitura profunda, reflexiva, nos levam a pensar sobre a vida e as escolhas que fazemos.

Andar duas Luas é um livro delicado e belo. Sua leitura é um prazer, um deleite. O leitor precisa se deixar envolver, acompanhando Sal em sua viagem e torcendo para que essa personagem tão pura encontre o que busca e seja feliz.


Maria Lúcia Costa Rodrigues
Mestranda em Patrimônio Cultural e Sociedade da UNIVILLE
Pesquisadora voluntária do Prolij

Mesmo em momentos difíceis, boas surpresas podem acontecer em nossas vidas. Pode vir com uma palavra, um olhar, um presente ou um livro, que nos revela com poucas palavras e imagens explodindo na página recém descoberta o segredo de vivermos nesse tempo pós-moderno. Falo do livro A árvore vermelha, de Shaun Tan.

O autor conta e ilustra a história de um dia difícil para uma personagem triste e melancólica que não consegue dividir com os outros seus sentimentos em relação ao mundo, por se sentir um peixe fora d’agua em um mundo desumano, individualista e exigente, que massifica o homem.

O livro apresenta um texto bem simples e direto, o autor deixa a surpresa para as imagens, construídas com colagens, tintas e lápis, numa paleta de cores quentes em predominância.

As cenas são impressionantes, ou a palavra correta seria expressionantes. Com luminosidade e escuridão na medida certa para nos transportar ao universo interior da personagem, evidenciando uma atmosfera carregada e enfatizando a circularidade do tempo que parece não passar.

Algumas das cenas nos remetem a Edvard Munch artista do movimento expressionista, principalmente pela eficácia em transmitir a angústia e o desespero. Mas quem lê este texto que fala de um livro com tantos elementos entristecedores deve pensar que seria o livro que jamais desejaria possuir. Não, de maneira alguma é esse o caso. A eficácia do autor em trabalhar as imagens que tomam conta do livro de formato grande, potencializa a nossa carga de sensações a cada cena revelada. Ele nos mostra caminhos possíveis diante do caos, uma fagulha de esperança que se faz sempre presente.

Assim é A árvore vermelha, um convite a reflexões sobre o mundo nesse tempo pós-moderno, com todos os seus problemas, mas também com toda a possibilidade de encontrar saídas. Basta nos permitirmos.



TAN, Shaun. A árvore vermelha. Tradução Isa Mesquita São Paulo: Edições SM, 2009.




O concurso fotográfico “Criança lendo ou ouvindo histórias” foi um sucesso.
Mais de quinhentas pessoas visitaram e votaram na melhor foto.

O vencedor será premiado com uma câmera digital que será entregue no evento Abril Mundo 2010, previsto para os dias 13, 14 e 15 de abril de 2010.

A comissão promotora do evento resolveu premiar os participantes que ficaram entre o segundo e quinto lugar com dois livros infantis que serão entregues na mesma ocasião.

Veja os vencedores abaixo!


1º Lugar

Autor: Antonio Francisco Felippe
Profissão: Agricultor
Cidade: Pirassununga / São Paulo




2º Lugar

3º Lugar

4º Lugar

5º Lugar

5º lugar
Virginia de Mello 
 Acadêmica do 2° ano do Curso de Letras Licenciatura da Univille

Vítor entre a fantasia e o real!

O livro O Sofá Estampado, escrito pela autora brasileira Lygia Bojunga Nunes, foi publicado pela editora José Olympio, no ano de 1980. A autora obteve reconhecimento internacional com este livro, ao receber o Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Prêmio Nobel da Literatura Infanto juvenil. Esta história traz bichos como personagens, sendo o protagonista um tatu, chamado Vítor, que contesta alguns valores da sociedade atual, centrada na televisão e na sociedade que vivencia a problemática da criança, acuada dentro do núcleo familiar. 

Trata-se de uma história não linear, organizada em pequenos capítulos, que se sucedem não cronologicamente. A narrativa principal é interrompida pelas histórias de novos personagens, que se incluem na história. 

Vítor, o tatu, cresce, convivendo com o seu problema de se engasgar e tossir demasiadamente. Toda vez que se via em alguma situação difícil, vinha uma crise. E com ela vinha o seu subterfúgio: cavar. Cavava em qualquer lugar que estivesse, desde em um parque com terra fofa a até dentro de uma casa, no chão de cimento. Nessas escavações, o livro mostra o Vítor voltando ao seu passado. Estes episódios mostram o caráter em desenvolvimento do jovem, que ainda está em busca de sua personalidade e buscando descobrir aspectos do passado ainda mal resolvidos. Grande papel na vida do tatu tem sua avó, uma tatu antropóloga que viajava muito e que toda vez que voltava, lhe contava muitas histórias. Ela passou ao neto toda a paixão dela por descobrir cada vez mais este mundo. Depois da formatura de Vítor, ele resolve viajar. Nesta viagem se depara com muitos aspectos do mundo, que dentro de casa, vivendo com os pais, não percebia. A volta para casa acontece, mas ela não significa o fracasso, pelo contrário, significa o contínuo descobrir da vida. 

Lygia Bojunga Nunes usa uma linguagem somente sua. Seus diálogos são vivos e este registro coloquial está presente também no discurso do narrador. A fantasia é a atmosfera de suas histórias, antropomorfizando objetos, por exemplo, como a mala da avó de Vítor. Todavia, percebe-se no seu estilo, a habilidade de misturar o real com a fantasia. Lygia começou sua carreira como atriz, e isto deixou raízes fortes no seu estilo, demonstrado também nos trechos de monólogos interiores de cada personagem. 

Uma das virtudes da literatura infanto-juvenil é que ela pode ser destinada tanto para crianças e jovens quanto para adultos. Qualquer criança já alfabetizada e com a mente e o coração cheio de fantasias, irá adorar percorrer esta linda história. 

A leitura do livro O Sofá Estampado contribui muito para o seu leitor, uma vez que alimenta a fantasia, não tão corriqueira às crianças de hoje e que também contesta valores da sociedade atual.


O PROLIJ ( Programa de Literatura Infantil Juvenil) está com sua exposição de fotos do Concurso Fotográfico: Crianças Lendo ou Ouvindo histórias, no aquário do Bloco A/Univille, em frente à antiga Livraria Midas.
Participe! Dê o seu voto.A melhor foto ganhará uma máquina fotográfica.
Até agora já forma computados mais de 300 votos do público que tem visitado a exposição














Kamila Erbs
Acadêmica do 2° ano Curso de Letras Licenciatura da Univille

A guerra das escolhas

Guerra dentro da gente é único livro para o público infanto juvenil, escrito pelo poeta Paulo Leminski e ilustrado por Júlio Mendonça. Ganhou os prêmios “Menção honrosa do Premio do Jabuti” em 1989 e “Premio APCA- melhor ilustração.

O livro é uma fábula que conta a história de Baita ,filho de lenhador, desde sua infância de pobreza até a velhice como grande chefe militar de um reino.

A primeira das guinadas radicais da vida de Baita se dá numa ponte entre a aldeia em que ele mora e a floresta, no ponto de transição entre o conhecido e o desconhecido, o consciente e o inconsciente. Na ponte Baita conhece Kutala, um misterioso ancião,que lhe propõe aprender a “arte da guerra”. Serão duríssimas vivencias para o garoto, como tornar-se escravo, alimentar tigres e leões, comida escassa...

Com uma linguagem simples, poética e sensível Leminski aborda a arte de viver, a guerra que todo dia há dentro da gente, a guerra das nossas escolhas, onde um sim ou um não pode mudar toda uma vida, pois todas as escolhas tem suas consequências. E como acertar essas escolhas ? Vivendo ” A guerra faz parte da vida. Quem quiser aprender mesmo a arte da guerra, tem de conhecer a vida. E a vida só se aprende vivendo”

Guerra dentro da gente é um livro que foge da descrição das palavras, um livro para sentir e levar para vida inteira.



A dor do (re)encontro

Áurea Cármen Rocha Lira
Pesquisadora-voluntária do PROLIJ


Há histórias que são assim: sem palavras. Nelas, imagens ganham corpo e voz nos olhos de quem as lê. É o caso de A Máscara, no fino traço de Juliette Binet, obra lançada em 2009 pela Escala Educacional. Na capa, o amarelinho tipo sorvete de baunilha em dia quente e rostinhos que bem lembram antigos decalques fazem o convite a uma leitura que parece ser de outros tempos. O leitor, assim fisgado, pede mais: é quando encontra um ratinho, que solitariamente observa companheiros brincando. Para unir-se a eles, o roedor veste uma máscara que lhe confere condição quase humana, tal como os rostinhos bonitos da capa e que agora são também os de seus colegas. Só uma bolada levada na brincadeira faz com que ele retire tal objeto de dissimulação e possa assim chorar sua dor. E os demais, como reagirão diante dessa inusitada e corajosa atitude do companheiro de ficar literalmente “nu em pelo” ? Surpreendente desfecho aguarda o leitor que com certeza vai sair da história mais perto de si.







Univille firma convênio com Universidade da Madeira
e estreita relações com Portugal

A UNIVILLE (Universidade da Região de Joinville) continua a estreitar relações com universidades d’além-mar. Desta vez com a UMA (Universidade da Madeira), em Funchal, capital da Ilha da Madeira. A Profª Dra Sueli de Souza Cagneti, coordenadora do PROLIJ – Programa Institucional de Literatura Infantil Juvenil da Univille e professora do Mestrado em Patrimônio Cultural e Sociedade representou a Univille, de 1° a 7 de outubro, no evento “Projecto PINOKIO (Pupils for Inovation as a Key to Intercultural and Social Inclusion) , atividade conjunta da UMA com a Secretaria de Educação e Cultura da Região da Madeira, que visa a inserção de paises terceiros, para a qual o Brasil é candidato, através da UNIVILLE. O projecto Pinokio tem a duração de 36 meses ( 2009- 2011) e tem como objetivo “ proporcionar competências interculturais a professores e crianças de forma a familiarizá-los com vários tipos de comportamento e valores. No futuro espera-se contribuir para um mundo de tolerância , solidariedade e respeito cultural mútuo".

No encontro das instituições também foi firmado convênio da UNIVILLE com a UMA , que possibilitará a transferência de pesquisa e conhecimento entre professores e alunos. A assinatura do convênio teve a presença da professora Sueli Cagneti, da Vice Reitora da UNIVILLE, Profa Dra Sandra Furlan e da coordenadora das Relações Internacionais da Univille, Profa Yoná Dalonso.

Andrea Oliveira, mestranda da Univille no curso Patrimônio Cultural e Sociedade, orientanda da professora Sueli e co-orientanda da Profa Dra Luisa Marinho Antunes Paolinelli, que pesquisa a literatura de tradição oral na Ilha de São Francisco do Sul, também participou do evento. Na sua linha de pesquisa ela identifica semelhanças nos contos e mitos analisados na produção da cidade catarinense com o conto popular madeirense. A oportunidade de um trabalho comparativo Ilha de São Francisco e a Ilha da Madeira surgiu em conversa com a Profa Luisa, que esteve na UNIVILLE no evento Abril Mundo, promovido pelo Prolij, quando proferiu palestra sobre literatura de raízes portuguesas, em junho deste ano.

A participação da Univille no evento na Ilha da Madeira encerrou no dia 6, após as apresentações das atividades pela Secretaria Regional de Educação, já em andamento e com a conferência “Literatura e Interculturalidade: experiência do Prolij”, proferida pela professora Sueli Cagneti.

Por Rodrigo Silva
(Pesquisador voluntário do PROLIJ)


Em um livro de causar impacto ao olhar, com capa dura em tecido e no formato vertical, Balanço é daqueles textos e imagens que nos levam a um leve passeio por entre coisas simples, mas profundas. Diferentemente de muitos textos que circulam por aí, trazendo apenas belezas aos olhos e de conteúdo vazio, Balanço poeticamente une o belo ao suave encanto das palavras. Tudo pode ser em um parque, em uma praça, ou quem sabe em um balanço, que vai pra lá e pra cá, que vai e vem trazendo sonhos e encantos. 

Assim é o menino que ilustra esta história, que na verdade, não parece história, mas que ao balançar-se vai tecendo conosco suas viagens, seus sonhos e suas fantasias, querendo colher estrelinhas perdidas com o capuz do casaco, ele acaba nos levando junto. E nas idas e vindas ele traz consigo o azul do céu, a lua, e a noite que se aproxima, e com isso acaba deixando sua marca lá no alto... 

Balanço é isso, é poético e simples, traz consigo a liberdade nas palavras e no azul das imagens, nos permite a liberdade do vai e vem do pensamento, permite imaginarmos a cidade silenciosa, que vai se apagando aos poucos, e enxergar o descanso de tudo. Em dias tão tumultuados, Balanço faz-nos PARAR e conseguir isso hoje em dia parece ser muito difícil. Experimentar ouvir o assobio da brisa em um balanço, assim como um pêndulo azul, azul; é ver, que parar é muito bom.



FICHA TÉCNICA:
Obra: Balanço
Autor: Keiko Maeo
Tradudor: Diogo Kaupatez
Editora: Cosac Naify
No dia 23/09 o Grupo Reinações do PROLIJ esteve em Itapoá encontrando e trocando idéias que semanal e voluntariamente se reúnem para discutir educação. Fomos muito bem recebidos, inclusive, com lanche e presentes!!
Obrigada, Pessoal!
A simpatia foi recíproca e já estamos nos preparando para recebê-los por aqui em uma de nossas reuniões semanais que – por acaso – também acontecem às quartas-feiras à noite.








De algumas histórias não se pode esconder o final ao falar sobre elas. Algumas histórias são feitas para serem contadas, entregadas mesmo aos leitores-ouvintes, sem o risco de afastá-los delas. Pelo contrário. Cada leitor constrói sentidos muito próprios junto ao que lê.
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Conhecia uma só história em que a morte era personagem. Uma história maravilhosa, lindíssima, encantadora. A morte do livro “As intermitências da morte”, do José Saramago. A morte que resolve não matar mais ninguém, e que, com isso, provoca um caos na humanidade. A morte que sente o que é a vida. A morte que se apaixona.
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E agora conheci duas outras histórias nas quais a morte se personaliza. As duas de um escritor alemão, o Wolf Erlbruch, ganhador do prêmio Hans Christian Andersen, em 2006, pelo conjunto da obra.
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Ele é autor de um livro lindíssimo, chamado “A grande questão”, no qual a grande questão que dá nome ao livro é a do por que viemos ao mundo. E ele apresenta respostas das mais finas para isso. Mas não são respostas dele, não. Ele apresenta os dizeres de diversos seres importantes sobre o porquê de estarmos aqui no mundo, como por exemplo: para o passarinho, a grande questão do por que viemos ao mundo é para cantarmos a nossa própria canção. Algo como construirmos nossa própria história. Para o marinheiro, é para navegarmos por todos os mares. Para o jardineiro, viemos ao mundo para aprendermos a ser pacientes. O pato diz não fazer a menor ideia do por que viemos ao mundo. Para a pedra, estamos aqui para estar aqui, somente. E para a morte, estamos aqui “para amar a vida”.
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E a morte que nos diz isso em “A grande questão” reaparece em “O pato, a morte e tulipa”, o outro livro do Wolf Erlbruch. Reaparece para nós, leitores, e aparece, pela primeira vez, para o pato. Aquele mesmo pato do outro livro, sim, que não fazia a menor ideia do por que estava no mundo. E, como a vida mais das vezes toma proporções que nos fogem ao alcance, é este pato quem ensinará à morte o que é, ou pode ser, amar a vida.
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A história da morte, do pato e da tulipa, ou do pato, da morte e da tulipa, como queiram, começa com um pato inquieto, incomodado com algo há algum tempo, e que de repente se depara com a morte ao seu lado. A morte que “tinha um sorriso amigo”, que até era simpática, bem simpática mesmo, “quando não se levava em conta quem ela era”.
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A morte que passa a conviver com o pato por alguns dias. Que passa a sentir o que é, ou pode ser, viver e amar a vida. A morte que entra no lago com o pato, que inverte os papéis com o pato, passando a se sentir ela incomodada, e não ele:
“ – Está com frio? – perguntou o pato. – Posso te esquentar?
Ninguém jamais havia feito a ela uma proposta parecida”.
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E nesse ritmo a morte segue aprendendo coisas boas da vida com o pato. Coisas que não servem pra nada, não. Sentindo justamente que as melhores coisas da vida não devem servir para nada. Como, por exemplo, a sentar-se lado a lado com alguém sem a necessidade de se falar algo. Como, por exemplo, a subir em árvores:
“Às vezes, a morte podia ler pensamentos.
- Quando você estiver morto, o lago também não vai estar mais lá – pelo menos não para você.
- Tem certeza? – perguntou o pato espantado.
- Certeza absoluta – respondeu a morte.
- Menos mal. Então eu não preciso ficar triste por ele quando...
- Quando você estiver morto – disse a morte.
Era fácil para ela falar sobre a morte.
- Vamos descer – pediu o pato depois de alguns instantes – a gente tem cada pensamento estranho em cima das árvores...”.
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Até que um dia o pato sente frio. Um frio incômodo. E pede à morte se ela não quer esquentá-lo um pouco. E a morte fica a olhar para o pato. Esquentando-o com o olhar. Enquanto ele descansa.
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Um descanso que se torna eterno. E a morte, então, carrega o pato no colo até o grande rio. Coloca-o lá, com cuidado, deitado para cima:
“E continuou olhando o fluxo do rio por um bom tempo.
Quando perdeu o pato de vista, por pouco a morte não ficou triste.
Mas assim era a vida”.
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A última linha do breve texto da contra-capa do livro pergunta: “E onde a tulipa entra nesta história?”.
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Pois a tulipa está na mão da morte desde o momento em que ela aparece para o pato. E é ela que a morte coloca sob o peito do pato no momento em que o ajeita nas águas do rio. Uma cena encantadora.

A tulipa amarela representa o amor impossível, ou a luz do sol. A tulipa roxa, a quietude e a paz. Mas é a tulipa vermelha que se faz presente na história. E é a tulipa que simboliza o amor verdadeiro. O amor pela vida, citado pela morte de “A grande questão”. O amor que humaniza a morte nas intermitências escritas pelo Saramago. E o amor que encanta ao aproximar a morte do pato, ao novamente humanizá-la. Ao desnorteá-la em seus afazeres. Ao deixá-la apaixonada. E ao torná-la apaixonante para o leitor.
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Ítalo.
Por Alencar Schueroff 
 (Professor do Curso Persona e pesquisador voluntário do PROLIJ)

Pê de Pai é um livro que consegue, com simplicidade de vocabulário e de imagens, tratar de um assunto complexo: relacionamento entre pais e filhos. A escritora Isabel Milhos Martins e o ilustrador Bernardo Carvalho demonstram cumplicidade para contar bem uma história sobre cumplicidade.

Uma coisa leva a outra. E o êxito não foi pela quantidade, pois a proposta pode ter sido de economizar nos recursos para dar espaço a sensações passadas (memória) ou atuais. Assim, temos uma obra que se dispõe a ser humana e é.



Créditos: Isabel Martins (texto) e Bernardo Carvalho (ilustração); Editora Planeta Tangerina, 2008.
Por Rodrigo da Silva
Pesquisador voluntário do Prolij - UNIVILLE



Clara é uma menina que tem seus sentimentos confusos, seus problemas com o irmão e com o pai, que lhe deu o apelido de Clarineta por gostar muito de música, fazem com que “Clara ou Clarineta” se sinta confusa diante dos problemas e das relações familiares do dia a dia. Até aqui uma história que poderia envolver e instigar o leitor.

Ao encontrar num caminho uma livraria, Clarineta se depara com dois exemplares, dois manuais, um que a transformaria em Bruxa e o outro em Princesa. Clarineta escolhe transformar-se em bruxa. Transformando o irmão em sapo e o pai em corvo, acha que assim resolveria seus problemas.

Em um trabalho de encher os olhos e não a alma, num projeto gráfico inquestionável, com capa dura, recortes e muitas cores, o livro que pela beleza exterior muitos o escolheriam, traça uma história que parece ir de contra as grandes leituras infantis que buscam no imaginário, no maravilhoso, toda uma atmosfera que propicie a reflexão dentro do mundo mágico da criança. Em Clarineta, bruxa e princesa o leitor é levado para um mundo de arrependimentos e de vantagens momentâneas, a relação do bem e do mal, parece ser travada de forma muito superficial e atual ao mesmo tempo, quando Clarineta resolve se apaixonar por “um príncipe de olhos verdes”, trazendo estereótipos muito comuns aos nossos dias, Clarineta resolve então mudar seu perfil corre e consegue a todo custo o outro livro, feito isso desfaz irmão e pai, prometendo ser boazinha. Mas parece que isso não bastaria a Clarineta, pois seus problemas não se resolveriam por aí...

E, então, fica a pergunta: Por que como “Clara ou Clarineta” desejamos ser o que não somos para conseguir o que queremos? Não que mergulhar no mundo do “fantástico”, do “imaginário” do “irreal”, uso das mesmas palavras que Jaqueline Held usa em sua obra*, seja o problema. O difícil está em aceitar uma literatura que use de um discurso verossímil no qual reflita uma sociedade descartável e que busque os caminhos do não dialogo, da não reflexão e sim de uma transformação que lhe traga para aquele momento, naquela determinada hora o que deseja e o que quer. Onde está a personalidade da criança leitora em desenvolvimento e como será a do adulto que está se deparando com textos que lhe remetem somente ao meio e nunca aos extremos, uma pergunta para uma resposta que o tempo dirá.

*HELD, Jaqueline. O imaginário no poder: as crianças e a literatura fantástica. 1981.

FICHA TÉCNICA
Obra: Clarineta, bruxa e princesa
Autor: René Gouichoux
Ilustrador: Guillaume Renon
Editora: Dimensão
Juliana Amaral
Acadêmica do 2° ano Curso de Letras Licenciatura da Univille

No livro João e os sete gigantes mortais somos convidados a acompanhar o protagonista na busca por suas origens, numa tentativa de constituição da própria identidade. Durante a viagem, João enfrenta sete gigantes mortais que personalizam os sete pecados capitais. Estes seres míticos representam desafios interiores para João, que tem também em si os pecados que enfrenta. A derrota de cada gigante representa a superação de uma fraqueza e mostra o caminho para a constituição do herói.

A capa do livro apresenta João à sombra de um gigante em posição ameaçadora. João está com as mãos no bolso e parece frágil, à mercê do risco iminente. À frente de João vemos a parte posterior da vaca e seu rabo. De acordo com o dicionário de Simbologia de Manfred Lurker “no hinduísmo, o moribundo agarra um rabo de vaca a fim de ser levado em segurança sobre o rio da morte”. Essa definição aplica-se ao contexto da trama: há uma espécie de pacto entre João e a vaca, pois ela guia o menino, que viaja deitado sobre suas costas.

As cores da capa e contracapa são verde e laranja; elas podem sugerir o amadurecimento do personagem durante a narrativa. O livro tem formato padrão; esse recurso pode ter sido utilizado para inseri-lo no campo dos infanto-juvenis, pois o livro infantil tem tamanho diferenciado.
As ilustrações são de suma importância. Para Sonia Salomão Khéde, a verdadeira relação entre texto e imagem ocorre somente se a ilustração.

“(...) Dialogar com o texto em vários níveis e de diversos modos, através de uma interpretação, uma leitura ‘imagística’ do texto. (...) A perspectiva narrativa da ilustração pode levá-la a representar cenas e situações que não estão, inclusive, no texto verbal.”

Em “João e os sete gigantes mortais” há uma ilustração para cada abertura de capítulo. As imagens, criadas por Carll Cneut, são em preto e branco e possibilitam uma leitura aberta e dinâmica, estabelecendo a relação texto-imagem de maneira interessante e subjetiva.



cores e passarinhos

Ítalo Puccini


na quarta passada, no prolij, a sueli leu o livro “para criar passarinhos”, do bartolomeu campos de queirós. é edição nova do livro, feita pela global, agora em 2009, com ilustrações do guto lacaz. coisa mais linda do mundo o livro! de um cuidado extremo, belíssimo!

é um livro de cores e passarinhos. cores vivas, que causam no leitor uma sensação boa, gostosa, alegre. e o texto do bartolomeu é também cheio de vida. há coisas assim lá, ó: “Para bem criar passarinhos é necessário ter o corpo capaz de escutar o silêncio das pedras, o som do vento nas folhas, o ruído de soluços preso em garganta”.

as páginas duplas do livro são compostas, no lado esquerdo, pelo texto, e no lado direito, por figuras geométricas. pequenininhas, em grande quantidade. mas em cada conjunto de figuras geométricas há uma só com um detalhezinho de diferença para as demais. tive que tirar foto disso pra deixar mais claro, tamanha beleza! cada página dupla é de uma cor.

e os textos, ao lado esquerdo, começam sempre assim “Para bem criar passarinho”, e seguem com um dizer do que é preciso ter para criá-los, e do como fazer isso. ó um exemplo: “Para bem criar passarinho é essencial possuir um arco-íris, ilusão de água e sol, rabiscando no céu para passarinho pousar depois da chuva. E isso se faz possível colhendo nas nuvens as sete cores, ao entardecer”.

o livro é de uma delicadeza só. apresenta ao leitor o contato com o nada, com aquilo que não tem um porquê de ser, com algo sem utilidade. lembrou-me muito os livros do maneca, o manoel de barros. quer ver só (pra quem já leu bastante o manoel, há de perceber o mesmo, creio): “Para bem criar passarinho há que se sonhar borboleta, anjo ou estrela cadente. É importante ter imensas intimidades com o nada, admirar o vazio e um especial encantamento pelo azul que existe muito depois das nuvens, infinito adentro”.

para ler o bartolomeu não é preciso saber criar passarinho. é possível aprender, sim, a fazer isso, mas não é imprescindível que se saiba. é necesssário, sim, sentir a leveza do voo das palavras, buscá-las pelos arredores de cada esconderijo, explorar o que elas contém de mais singelo e secreto.

Eduardo Silveira
Acadêmico do 2° ano Curso de Letras Licenciatura da Univille

Fim. Essa palavra está no imaginário de muitas pessoas. Foi ela que sempre encerrou os contos clássicos e, até hoje, encerra filmes, romances, histórias populares, etc. Na literatura, geralmente, essa palavra significa o fim da história, o desenlace das intrigas, o desfecho.
Por muito tempo, assim se comportaram as narrativas. Mas a Literatura é viva: sempre em constante movimento. Criam-se novas estruturas, novas linguagens, subvertem-se padrões, até então inabaláveis. O pensamento do homem está sempre se modificando, modernizando-se, e isso traz inúmeras mudanças no modo de se pensar e fazer a arte. A Literatura é viva: eterna metamorfose. Hoje em dia, as boas histórias desafiam cada vez mais seus leitores. O tradicional esquema começo, meio e fim agora convive com muitos outros modelos narrativos. Os exemplos são fartos. Um dos mais oportunos é "História meio ao contrário", de Ana Maria Machado, cujo título já prepara o leitor para uma narrativa diferente, em que surge, logo no início, a clássica frase "(...) e foram felizes para sempre".
Exemplo muito interessante também é o filme "A História Sem Fim", de Wolfgang Petersen. Assim como o livro de Machado atiça o futuro leitor, esse filme traz um título que provoca o futuro espectador, afinal, como pode haver uma história sem fim? Há sim. Aliás, a história que esse filme conta é justamente sobre a Literatura: o casamento, o jogo entre o leitor e o livro. O filme todo é uma grande metáfora para essa relação forte, na qual um não existe sem o outro.
O protagonista é o menino Bastian que, convivendo num ambiente angustiante (um ambiente familiar frágil), se refugia na fantasia para poder, enfim, sonhar. E o instrumento para mergulhar no mundo fantástico é o livro. A história que o menino lê é a saga de outro jovem: Atreyu, menino corajoso que aceita a missão de salvar o seu reino (o reino de Fantasia) do terrível "nada" que o assola. Bastian vai, aos poucos, se identificando com Atreyu: compartilha suas angústias, seus medos, suas alegrias. Luta com ele, pensa com ele. Na verdade, Bastian é Atreyu (e isso é mostrado numa belíssima cena em que um é reflexo do outro). Nessa cena, é curioso o estranhamento que tal constatação causa: Bastian se recusa a acreditar que participa da história. Esse estranhamento é marca da Literatura: ela nos mostra as coisas por outro ângulo e isso, à primeira vista, assusta. Ela nos desnuda: joga luz sobre nossos desejos e medos mais íntimos. Por isso estranhamos e fugimos. Mas não demora muito, e voltamos ao texto, pois nele nos reconhecemos. E Bastian se reconhece na figura de Atreyu. A missão de Atreyu é uma tentativa de resgatar a fantasia que as pessoas insistem em deixar adormecida, permitindo que o "nada" invada o reino - o mundo - e destrua quase tudo. O nada, longe de ser algo concreto,é bem o que sugere seu nome: a ausência de imaginação, da criatividade, do sonho, da esperança. E tudo isso Bastian vai percebendo ao correr as páginas do livro, que lê com cada vez mais vontade, até que chega o momento em que o menino se descobre dentro da história. Ele, o leitor, é quem tem o poder de salvar o reino da fantasia, basta acreditar nisso. E Bastian acredita.
Mais que uma metáfora da relação leitor/livro, o filme é uma defesa pela liberdade. Liberdade para a imaginação; para a fantasia.
A história de Bastian tem, sim, um desfecho. Mas não um fim. Trata-se de um ciclo. Atreyu/Bastian lutou, caminhou para chegar ao mesmo local de partida: a si próprio. Ao longo da missão, Atreyu/Bastian percorre muitas milhas, mas a verdadeira caminhada acontece dentro de sua própria consciência.
Como tantas outras boas histórias, esse filme vem nos lembrar que a literatura -e a arte em geral-, com seu espírito inquieto e questionador, é um veículo sem-igual para as pessoas embarcarem. Lembra-nos que a palavra é capaz de traduzir toda a nossa humanidade. A palavra comporta tudo: o mundo todo.
Daiane Silva
Acadêmica 2º ano do Curso de Letras Licenciatura da Univille
A literatura infantil pode e deve ser vista como uma arte, pois representa o mundo através da palavra; pode unir o real e o imaginário, o possível e o impossível.
Os textos literários voltados para o público infantil foram escritos há alguns séculos, e retratam um mundo fantástico, de sonhos e encantamentos. Porém, eles permitem que as crianças vivam, por meio dos contos, situações-problemas e conflitos e, a partir daí, tentem construir conceitos que auxiliarão em sua formação ao longo da vida.
Partindo-se deste pressuposto, o livro João e os Sete Gigantes Mortais, de Sam Swope, chegou para renovar a estrutura dos contos de fadas, pois mostra de uma forma bem divertida, instigante e provocante um herói às avessas.
Desde que João foi abandonado, ainda bebê, carregava a fama de menino mau da aldeia. Sempre estava metido em alguma encrenca ou confusão. E tudo acontecia sem ele querer. E a culpa sempre era sua.
Mas as coisas se complicam quando chega a notícia de que sete gigantes mortais se aproximam do povoado, João leva a culpa e então, resolve partir para que a aldeia fique a salvo. Caminhando sem destino, João encontra pelo caminho um sujeito esquisito que lhe dá de presente um feijão mágico. Um feijão que realiza desejos. O garoto faz então seu pedido de criança solitária: “Quero minha mãe!”. Mas, ao seu lado, surge apenas uma vaca. Desiludido, João segue viagem com sua nova companheira.
Pelo caminho, João acaba enfrentando os gigantes que querem fazer dele um picadinho malpassado, que personificam os sete pecados capitais: O Poeta Gigante (a preguiça), O Terrível Guloso (a gula), Dona Iracúndia (a ira), O Cocegão Selvagem (a luxúria), Avarico (a avareza), Orgulha, a Grande (a vaidade) e a Rainha verde (a soberba). João se mostra, então, corajoso, esperto e muito inteligente. Com astúcia e capacidade de surpreender, o menino consegue vencer os sete gigantes, sem usar força física ou violência, mas o curioso é a forma positiva como o personagem lida com os problemas e obstáculos.
Cheia de humor e irreverência, a narrativa nos transporta a combates divertidos e apavorantes, completada com as ilustrações extraordinárias dos temíveis monstrengos gigantes de Carll Cneut.
É por meio desta trama inusitada e singular que o autor Sam Swope aborda temas fundamentais na formação infantil: amor, autonomia, superação de obstáculos, justiça e solidariedade.
Swope buscou em diversas fontes literárias, tudo o que lhe pudesse render inspiração para tratar de “grandes questões da vida”, foram referências que ganharam uma roupagem original, sempre com muito humor. A história criada por Swope possui um pé nos contos de fadas, simbolizado por elementos dos contos tradicionais (feijões mágicos, rainhas más, maçãs, princesas aprisionadas) e outro em alusões bíblicas.
>Podemos associar de alguma forma este João a outros Joões dos contos tradicionais e suas histórias.
O enredo trazido pela história “João e Maria” traduz a realidade de muitas crianças. Os pais pobres, não sabem como poderão cuidar dos filhos e decidem abandoná-los na floresta.
João e Maria tentam encontrar o caminho de casa, vencer uma bruxa que pretende devorá-los são algumas atitudes que eles devem incorporar para conseguirem liberdade.
A trama da história “João e o Pé de Feijão” ocorre num ambiente mágico e ao mesmo tempo real. A mãe de João vendo que a comida e o dinheiro haviam acabado pede ao filho que vá até a cidade para vender a única vaca que tinham e que já não produzia leite. No caminho, João troca a vaca por feijões mágicos.
Aproveitando a sugestão de “João e o Pé de Feijão”, Swope utiliza a vaca como um poderoso símbolo maternal de ternura e afeição.
Dá para notar uma grande semelhança entre este João e o dos gigantes mortais, pois os dois agem com astúcia e coragem ao enfrentar os gigantes. Além disso, os dois Joões levaram um prêmio ao fim da história. Enquanto um ganhou uma harpa mágica e uma galinha que bota ovos de ouro e, com isso, consegue ficar rico, o outro, finalmente encontrou sua mãe e arranjara um lar onde era querido.
O desafio do leitor é encontrar nas entrelinhas outras histórias de gigantes da literatura.
São muitas as costuras feitas por Swope para que as crianças sejam instigadas em sua vivacidade e, ao mesmo tempo, respeitadas em sua integridade – como é o caso do tratamento dado à luxúria, “pecado” que ganhou uma cuidadosa e bem-humorada metáfora.
Em suma, este livro é moderno e original, e suas ilustrações dão o tom do capítulo que virá e estão em completa harmonia com a história, desafiando e estimulando a fantasia do leitor. As ilustrações de Cneut merecem, por si só, a leitura do livro, ainda que o texto seja também de elevada qualidade. Pois seus traços vão dando vida aos personagens deste livro, personagens apavorantes e marcantes, como é o caso dos gigantes e que despertam a capacidade criativa e imaginativa das crianças.


As inscrições para o concurso fotográfico “Criança lendo ou ouvindo histórias” foram prorrogadas.

As fotos podem ser enviadas até o dia 15 de outubro, a exposição será entre os dias 26 de outubro a 08 de novembro de 2009 na Sala de exposições, em frente à livraria Midas, no campus Universitário UNIVILLE.Participe! Mande suas fotos e concorra a uma câmera digital.

REGULAMENTO
- As fotografias das crianças neste concurso cultural devem ser exclusivamente de crianças de 0 até 10 anos, lendo ou ouvindo histórias.
- Cada participante pode inscrever até 02(duas) fotos inéditas de dimensões iguais ou superiores 15cmX21cm.
- A fotografia deverá ser entregue juntamente com o comprovante de depósito de R$ 5,00 referente a taxa de inscrição,em envelope fechado no PROLIJ-UNIVILLE e assinada apenas com o pseudônimo do autor.
-Efetuar depósito no Banco do Brasil ag:5214-0 conta:121.3663-8
- Dentro do envelope, o candidato deverá anexar um cd, contendo o arquivo da (s) fotos e um envelope menor, também fechado e identificando, externamente,pelo pseudônimo, contendo os dados pessoais do participante(nome,RG,CPF,idade, profissão, endereço. CEP, cidade, estado, telefone e endereço eletrônico). Serão desclassificados os trabalhos que permitam qualquer identificação do autor.
- Os direitos autorais da produção da foto e uso de imagem de pessoa (criança) cenas, objetos contido na foto são de responsabilidade do inscrito no concurso. Ao inscrever-se este autoriza automaticamente a exibição da foto conforme este regulamento.

Inscrições de 22 de junho a 30 de setembro de 2009
Julgamento e divulgação
A comissão julgadora será o público que visitar a exposição, entre os dias 05 a 16 de outubro de 2009, durante a semana da criança na Sala de exposições, em frente à livraria Midas, no campus Universitário UNIVILLE

Premiação
A fotografia será publicada no site da UNIVILLE e no blog do PROLIJ e o vencedor ganhará como prêmio uma câmera digital.

A divulgação do concurso será feita no ABRIL MUNDO 2010.

P.S: As fotos devem ser mandadas para o seguinte endereço:
PROLIJ - UNIVILLE
Universidade da Região de Joinville
Campus Universitário s/n - Bom Retiro
89223251 - Joinville, SC
Nos dias 16,17 e 18 de setembro, será realizado 4º SLIJSC (Seminário de Literatura Infantil e Juvenil de Santa Catarina), no campus Pedra Branca, Palhoça- SC .


"Trata-se de um evento que congrega pesquisadores envolvidos no estudo da leitura e da formação do leitor de literatura infantil e juvenil em Santa Catarina e no País. Devido ao caráter interdisciplinar desse objeto de estudo (a literatura infantil e juvenil), o evento tem agrupado pesquisadores e profissionais de diversos ramos das Ciências Humanas (Letras, Pedagogia, Biblioteconomia, Psicologia, História, entre outros)."

Fonte - http://www.unisul.br/hotsites/seminario-literatura-infantil.html

Mais informações clique aqui



Desde o começo da viagem, tínhamos em mente conhecer uma das maravilhas do mundo moderno: Chichen Itza. O PROLIJ, quando participa de Conferências, sempre procura aliar o trabalho com desenvolvimento cultural, buscando conhecer obras naturais e/ou humanas significativas de cada lugar. Da capital, viemos para Cancun, a Riviera Maia, onde mar e céu, unidos brincam com o azul, formando uma escala monocromática. Após, mais ou menos, duas horas de carro, chaga-se ao sítio arqueológico de Chichen Itza, na Península de Yucatán. O sentimento é difícil de explicar, pois são séculos de história presentes naquelas construções. Quem as fez foram os maias, que impressionam pela organização. A pirâmide de Kukulcan é carregada de simbologia. Seus quatro lados possuem 91 degraus cada, que multiplicados por quatro e somados à base superior, nos dão o número 365, exatamente a quantidade de dias no ano. Porém, o calendário maia difere do nosso, já que os meses e os anos eram contados de outra forma. Próximo à pirâmide, está o campo no qual os maias praticavam seu esporte. Era um jogo com 14 participantes, que tinham objetivos de acertar uma bola de quatro quilos em um orifício posicionado a uns três metros de altura. O vencedor era decapitado, pois o sacrifício humano era considerado uma honraria. Na parte sul da cidade, está o observatório. Os maias, há quase dois mil anos, faziam estudos de astronomia. Ou seja, possuíam uma incrível organização social, que se mostra muitas vezes superior a nossa, tendo em vista que eles conseguiram proezas com pouquíssimos recursos. Há quem diga que os astecas, quando descobriram as ruínas maias, pensaram que elas haviam sido feitas por gigantes. E foram mesmo. 


Alencar Schueroff, professor do Curso Persona e pesquisador voluntário do PROLIJ.

A última atividade relacionada ao Congresso foi o encerramento da exposição organizada por Eugene Ahn, um congressista que é fotógrafo em Los Angeles. Fomos para Teotihuacán ainda no período da manhã. Antes de ver as pirâmides, tivemos uma aula sobre a Maguey, uma planta semelhante à babosa. Ela possui muitas utilidades: tecido, agulha, papel, sabão. Porém, o produto mais conhecido que vem dela é o Pulque, uma bebida que surge na base da planta, após seu miolo ser retirado. Os benefícios desse líquido são tão numerosos quanto suas aplicações, podendo beneficiar desde o estômago até a libido das pessoas. Há quem diga que o Pulque é um dos responsáveis pelo crescimento demasiado da população no México. No passado, a Maguey teve uma grande importância econômica na cultura asteca, justamente por causa da versatilidade. Em seguida, foi a vez de conhecer a cidade anciã. Lá vivam os maltecas, um povo pré-hispânico, bem anterior aos astecas. Pela organização do lugar, percebe-se que há milhares de anos, já se tinha preocupação com questões de urbanismo. As ruas são largas e simétricas, que facilitam a circulação (no auge, os maltecas eram cerca de 175.000); as casas e templos eram espaçosos; existe ainda um sistema de esgoto refinado, inclusive para os padrões atuais. No retorno para o hotel, almoçamos ao som de mariachis. À tarde, visitamos a igreja da Virgem de Guadalupe, o símbolo mais importante para a religiosidade mexicana. Vale lembrar que é um país essencialmente católico.

Alencar Schueroff, pesquisador voluntário do PROLIJ.
PROLIJ em Teotihuacan

Maguey

Acordamos, tomamos café (o café daqui não é bom) e fomos ver as últimas apresentações do Congresso. Houve uma fala interessante da cartunista e escritora norte-americana Marie Davies. Ela nos mostrou algumas de suas tiras e leu fragmentos de seus romances. Perguntamos a ela se seus desenhos são frequentemente publicados em jornais e revistas. Marie respondeu que, por ser homossexual e abordar temas ligados a esse universo, não tem muito espaço, a não ser em periódicos alternativos de pouca circulação. Durante a tarde, fomos a uma feira de artesanato, para apreciar as cores e a criatividade mexicana. Fizemos algumas compras. À noite, mesmo cansados, Sueli, Alcione e eu visitamos Danica no Hotel Catedral, onde ela está hospedada. A caminho de lá, vimos um ritual asteca antigo, na praça Zocalo. Foi um momento mágico, no qual ela fez leitura de nossas xícaras de café.
Alencar Schueroff, pesquisador voluntário do PROLIJ.
Ritual Asteca

Feira de Artesanato


Mais Feira


Os Congressistas



Sueli e Danica




Hoje, no Congresso, ficamos fascinados com a fala de Danica Borkovich Anderson, uma iugoslava que vive na Califórnia. Ela falou sobre sua experiência de viver na Bósnia pós-guerra. Através de narrativas mitológicas, Danica auxiliou homens e mulheres a superar traumas causados por vários anos de conflito na antiga Iugoslávia. Porém, não só de narrativas seu trabalho é composto, mas também de uma forma muito interessante de autoanálise: leitura de resíduos que se concentram no fundo da xícara, quando terminamos de tomar o café. Com técnica e sensibilidade, é possível interpretar xícaras, relacionando-as com particularidades das pessoas. À tarde, vivemos outras duas situações não menos sensíveis. Primeiro, fomos ao museu da famosa pintora mexicana Frida Kahlo. O lugar é, na verdade, a casa onde ela e seu marido, o também pintor Diego Riviera, moraram por muitos anos. O espaço é encantador, com flores e plantas por todos os lados. As obras de Frida retratam sua vida sofrida, por motivos físicos e sentimentais. Para terminar o dia, navegamos pelas águas calmas e silenciosas de Xochimilco, que contrastam com o agito do centro. O estilo das embarcações fazem lembrar as gôndolas de Veneza. Enfim, cada dia nos traz surpresas e alegrias.
Sueli no Museu de Frida Kahlo

Alencar e Donica


Foi um dia especial. Acordamos cedo e fizemos o ultimo ensaio para a nossa apresentação. O Congresso iniciou-se às 10h, com o trabalho de Sirkka Varjonen, que falou sobre a construção da identidade de imigrantes finlandeses. As 12h, foi nossa vez. O título do nosso projeto é: “A jornada do Patinho Feio no Brasil”. Para a apresentação, usamos histórias e quadrinhos, livros com belas imagens, panos coloridos e fantasias. Enfim, fantasia. Ao terminarmos, em princípio, não houve perguntas, somente agradecimentos entusiasmados e elogios. Como sempre acontece, o PROLIJ encanta por onde passa, pois mostra a literatura e a contação de histórias de uma forma diferente. Saímos do evento e fomos almoçar. Experimentamos uma bebida chamada Horchata, feita à base de arroz, canela e açúcar. A tarde, fomos ver as ruínas do Templo Mayor, uma construção feita pelos astecas, nos séculos XV e XVI, que foi parcialmente destruída pelos espanhóis no início da colonização. Anexo às ruínas, está um museu com pecas encontradas na Zona Arqueológica e em outras partes do país. A visita nos trouxe um sentimento de revolta, em relação à forma bárbara com a qual os europeus impunham sua cultura aos colonizados.

Alencar Schueroff, pesquisador voluntário do PROLIJ.









Segundo Dia...
No México é verão, mas as chuvas diárias fazem a temperatura ficar amena. Pela manhã, pode-se até sentir um friozinho, que para nós tem jeito de inverno. Perto do meio dia e durante a tarde, o sol e o calor mostram bem qual é a estação do ano aqui. Com roupas leves e muita água mineral, caminhamos pela região central da Cidade do México. Algumas construções são antigas e possuem um estilo que parece, segundo o Cleber, misturar barroco, clássico e asteca. Um bom exemplo disso foi o restaurante onde almoçamos. O prédio tinha, pelo menos, uns 200 anos e seus adornos eram diversificados e muitos, beirando até o exagero. Assim é também a Catedral Metropolitana, que impressiona não só pelo(s) estilo(s), mas também pela imponência: são alteres, imagens, obras de arte e bancos que não tem mais fim. Hoje iniciou o Congresso. Fomos até o prédio da Comissão dos Direitos Humanos, onde o evento está acontecendo e a abertura oficial foi feita juntamente com a inauguração de uma exposição fotográfica no centro cultural José Martì, onde aproveitamos para conhecer a biblioteca deste espaço. Há congressistas de todo o mundo. Chamou nossa atenção a presença de Nelson Lee, da Universidade Chinesa de Hong Kong. Seu trabalho é sobre o espaço urbano colonial de sua cidade. Amanha será a nossa apresentação, para o qual temos ensaiado bastante. 

Alencar


Foto do primeiro dia na Biblioteca do Centro Cultural José Martí local local da abertura oficial da Enkidu Summer Conference






Estamos em um grupo de cinco pesquisadores. Vamos apresentar na Enkidu Summer Conference, no dia dois. Nossa primeira impressão sobre o México foi ótima. Até o momento, temos sido bem tratados pelas pessoas daqui e isso faz com que tudo a nossa volta fique muito mais especial. Talvez haja uma conexão inconsciente entre brasileiros e mexicanos, visto que tivemos um “início” semelhante ao deles, baseado na exploração de europeus. Assim, somos uma espécie e irmãos. Porém, esta carga histórica complicada não conseguiu inibir a beleza e alegria naturais dos povos americanos central e do sul. Estes fatores, aliados à criatividade, fizeram surgir uma cultura interessante e diversificada. No caso do México, o legado deixado por astecas e espanhóis resultou em algo fantástico. Um exemplo disso é a praça “Zocalo”, a qual podemos ver do hotel onde estamos hospedados. Amanhã vamos conhecê-la. Será também o primeiro dia do Congresso.
Na terceira e última noite do ABRIL MUNDO 2009 foi realizada a Mesa redonda "PROLIJ desvendando mil e uma histórias", com a presença da coordenadora do programa Prof. Dra. Sueli de Souza Cagneti, a autora Maria Valéria Rezende, a Prof. Dra. Luisa Antunes Marinho Paolinelli e como mediador o pesquisador e professor Cleber Fabiano da Silva.



Na tarde de terça-feira dia 23, a oficina foi ministrada por: Alcione Pauli (pesquisadora e professora) e Cleber Fabiano da Silva (pesquisador e professor).



Na tarde de quarta-feira dia 24, a oficina foi ministrada pelos professores e pesquisadores: Alcione Pauli e Alencar Schuerof.

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