Fernanda Cristina Cunha


A mãe que chovia, de José Luís Peixoto e Daniel Silvestre da Silva é único, uma obra que transcende as barreiras do racional e nos coloca a sonhar a solidão.  É a  hibridação do concreto e científico, com a magia e o metafísico, é poeticamente experencializada nessa obra. 

Nela, um menino que, sendo filho da chuva, e com uma mãe tão importante e necessária ao mundo, tem de aprender, a duras penas, a partilhar com o mundo todo o seu cuidado e dedicação. E, principalmente, lidar com a saudade, angústia e tristeza nos momentos em que ela está ausente.

Essa mãe, por outro lado, tendo um mar de obrigações, vê-se compelida a se ausentar por longos períodos de seu filho e com isso lida com sua própria tristeza, culpa e aflição. Através desse percurso entre o real, ou seja, os desafios das relações entre mãe e filho, e o metafísico, isto é, a natureza dessa relação, que os autores expressam através de tal hibridismo, que rompe as barreiras do livro físico, uma lição de generosidade, empatia e amor. 

A representação poética, especialmente na literatura infantil, seja ela acerca da finitude da morte, ou das relações familiares e sociais torna mais tangível a sensibilidade humana com relação às angústias da existência de ser. O mundo, como um livro, pode ser explorado e decifrado. O espaço ao nosso redor possui um significado e cada paisagem conta uma história. Reduzir a realidade o nosso entorno ao âmbito científico é reduzir as realidades do qual podemos ter contato.  Viver apenas uma realidade seria insustentável, e por meio da literatura, religião, filosofia, arte, e tantos outros campos do saber temos acesso às mais diversas realidades.





O material aqui apresentado é um recorte da pesquisa “Hibridismo na Literatura Infantil Juvenil: contrapontos contemporâneos”, de cunho bibliográfico, em desenvolvimento por pesquisadores vinculados ao Programa de Literatura Infantil Juvenil (PROLIJ). O objetivo geral do projeto é compreender como o hibridismo vem se materializando e se manifestando nos livros infantis e juvenis na contemporaneidade. 

Oportunizar a promoção e maior alcance das produções cientificas à toda comunidade é um dos nossos objetivos. Quer saber mais sobre a pesquisa? Manda um direct no Instagam para a gente. 

Referências: PEIXOTO, José Luís. A Mãe Que Chovia. Ilustração: Daniel Silvestre da Silva. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2016.


Fernanda Cristina Cunha é graduanda de Psicologia pela Univille. Atua como bolsista do Proesde e busca através dos livros que lê as longas caminhadas por dentro de si mesma

Fernanda Cristina Cunha

O termo híbrido é amplamente utilizado em diversas áreas do conhecimento. Por vezes, é tomado negativamente, principalmente na Biologia sendo ligado a infertilidade ou a improdutividade. No entanto, transpondo-o para outras esferas, como a da globalização, ele traz a ideia de superação das barreiras culturais, justamente por propor a fusão entre elas. No campo artístico pode representar a união entre linguagens diversas, sejam elas da palavra, da imagem, da música, das cores, da dança ou do teatro. Pode-se compreender que na contemporaneidade os livros infantis e juvenis são constituídos por pelo menos duas linguagens, imagética e verbal e portanto raramente as publicações voltadas ao público infanto-juvenil limitam-se a um texto que não seja carregado de hibridismo.  Contudo, nem todos os livros para crianças e jovens são híbridos, já que muitos são meros repetidores entre texto verbal e visual. 

Para serem considerados híbridos, os livros precisam explorar as potencialidades das linguagens. A leitura de um livro infantil ou juvenil ilustrado também não se resume à leitura do texto e da imagem em si. No livro híbrido é necessária uma diagramação específica, um formato que permite ler de tal modo, cores e ilustrações não ocasionais e que complementam o não verbalizado, diferentes gêneros discursivos, fontes diferenciadas, efeitos na impressão, entre outros elementos que se somam à narrativa. O trabalho com os livros híbridos amplia os olhares dos estudantes, dos docentes e demais profissionais da educação, pois traça possibilidades de imersão e descobrimentos na leitura para todas as partes. Trazemos como sugestões híbridas as obras: O Espelho de Suzy Lee, Se eu abrir esta porta, Este É o Lobo E Pinóquio: O livro das pequenas verdades, os três escritos e ilustrados pelo brasileiro Alexandre Rampazo.

Tais obras aqui apresentadas, devem fazer parte do cotidiano escolar, porém, para além da escolarização, fazendo com que as múltiplas linguagens, exploradas pelo híbrido, atinjam os leitores, gerando novas experiências, questionamentos, reflexões e encantamentos. A gente acredita ainda que estas e outras obras híbridas, sejam usadas como caminhos e não como meros pretextos para algo, que possam auxiliar o trabalho do professor, mas que também proporcionar contato pleno com a leitura literária, criando, possivelmente, uma prática constante nos espaços educativos. 




O material aqui apresentado é um recorte da pesquisa “Hibridismo na Literatura Infantil Juvenil: contrapontos contemporâneos”, de cunho bibliográfico, em desenvolvimento por pesquisadores vinculados ao Programa de Literatura Infantil Juvenil (PROLIJ). O objetivo geral do projeto é compreender como o hibridismo vem se materializando e se manifestando nos livros infantis e juvenis na contemporaneidade. Oportunizar a promoção e maior alcance das produções cientificas à toda comunidade é um dos nossos objetivos. Quer saber mais sobre a pesquisa? Manda um direct para a gente. 

Fernanda Cristina Cunha é graduanda de Psicologia pela Univille. Atua como bolsista do Proesde e busca através dos livros que lê as longas caminhadas por dentro de si mesma
Tecnologia do Blogger.