A Profa Dra Sueli Cagneti esteve em Lisboa, Portugal, no dia 14 de dezembro para uma reunião do Grupo do CLEPUL (Centro de Literaturas e culturas Lusófonas e Europeias), da Centro de Pesquisa da Universidade de Lisboa.

Sueli esteve em Lisboa, após a viagem à Madeira (ver postagem aqui), em reunião na faculdade de Letras da Universidade de Lisboa para discussão do projeto de pesquisa Machina Mundi (aqui você pode conhecer mais sobre o projeto).

É o PROLIJ marcando presença em discussões literárias pelo mundo todo.
                       (...) o texto é uma máquina preguiçosa que espera
muita colaboração da parte do leitor.
Umberto Eco

            Para Umberto Eco (1994) as narrativas são bosques pelos quais os leitores transitam e tem a possibilidade de escolher os caminhos pelos quais desejam seguir. Porém nestas veredas do texto narrativo, existem guias que auxiliam e contribuem com o leitor nesta viagem. Para mim um destes guias foi a professora de literatura infanto-juvenil, Sueli Cagneti. Através da ludicidade e das leituras orientadas pude ampliar não somente meu conceito acerca da LIJ mas também do próprio ato de ler e suas implicações. A leitura é um fenômeno que só acontece a partir do momento em que o leitor nasce com o texto. E assim nasci e renasci nas leituras destas aulas, aprendendo a ressignificar os textos em suas multifaces. Nos encontros de LIJ pude aguçar minhas percepções leitoras e enxergar como as ilustrações e o texto narrativo comungam, e que sem um dos elementos a leitura seria completamente distinta. Uma leitura de “Clara manhã de quinta-feira à noite” de Don e Audrey Wood, debates e discussões - sempre muito férteis – fizeram, não só a mim, mas a todos os meus colegas compreendermos que a LIJ serve tanto para crianças como para adultos devido a sua complexidade. No entanto, vimos também que é preciso garimpar para se encontrar obras de qualidade em meio a tantos atrativos comerciais.
            “(...) como são bobas as pessoas que dizem que dissecar um texto e dedicar – se a uma leitura meticulosa equivale a matar sua magia.” (Eco, 1994.) eu era uma destas pessoas bobas. Até ter a chance de esmiuçar “Alice no país das maravilhas” do inglês Lewis Carrol, e cair com ela a toca do coelho. Ao nos apresentar às histórias de busca e transformação a professora Sueli nos mostrou que elas possuem um mecanismo cíclico, assim como a as fases da vida na construção identitária de cada indivíduo. E a partir daí foi intercruzamento de leituras sem fim. “História sem fim” - o filme – foi uma das leituras que permitiu minha entrada no universo do fantástico. “Guerra dentro da gente” de Paulo Leminski embricou-se às leituras de “Alice...” e “História...” e pude visualizar a amplitude e complexidade do universo fantástico e sua significação para os sujeitos que se apropriam das mesmas. E foi dentro desta atmosfera literária que tivemos que cair na nossa toca do  coelho para criar uma apresentação artística de “Alice...”. Foi uma experiência marcante, pois mais do que ampliar os horizontes e perspectivas acerca da obra apresentados tivemos a chance de conhecer a cada um.
            E para fechar este ciclo com chave de ouro: narrativas visuais. A mescla de linguagens e os labirintos narrativos abrem um universo de possibilidades de leitura. E com as discussões em sala, vamos aos poucos nos sensibilizando cada vez mais para estas narrativas que vem surgindo com força total. E, ao menos para mim, foi de suma importância – quase uma epifania – compreender o que significa o hibridismo, pois a partir deste momento posso compreender como o mundo em que vivemos é totalmente mesclado, e com certeza isto me tornou uma leitora mais madura.
            Enfim, com a experiencia adquirida durante este ano só confirmei a certeza que tinha de que quero me perder nos labirintos sem fim da literatura.

Referências Bibliográficas
ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. Trad. Hildegard Feist. – São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

CARROLL, Lewis. Alice: Edição Comentada. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002. 

Amanda Correa, acadêmica do 2° ano do curso de Letras Licenciatura da Univille.
Sentir é criar.
Sentir é pensar sem ideias,
e por isso sentir é compreender,
visto que o universo não tem ideias.
(Fernando Pessoa)


O que a literatura infanto-juvenil é em sua essência?
A resposta a essa pergunta vai além de algumas explicações teóricas e citações, a verdadeira essência está em vivenciar, compartilhar, e principalmente, na busca pela compreensão.
Momentos lúdicos, encantadores, novas visões e perspectivas, um mundo antes ignorado e agora fascinante. Uma pequena descrição do que a literatura infanto-juvenil passou a representar para mim após cursar a disciplina.
Durante o ano eu vivi a experiência de mergulhar no mundo fantástico da literatura citada acima, e foi algo arrebatador, porque eu não tinha a visão de como ela é rica e quão intrigante é seu poder até me deparar de frente e abrir minha mente para entendê-la.
Isso aconteceu porque a LIJ me foi apresentada como agente de transformação, e quando me deparo com esse elemento me sinto atraída, visto que o ser humano vive em uma sociedade em constante transformação.
Ler, interpretar, analisar, fazer relações significativas, foram tópicos que desenvolvi ao longo do ano ao me deparar com uma obra infanto-juvenil. Aprendi que um livro não precisa ter palavras para contar uma história, que não há faixas etárias específicas para leitura de, por exemplo, um livro infantil. Um adulto pode ler e ter sua interpretação, assim como a criança. As ilustrações são riquíssimas e muitas vezes dizem mais do que as palavras. A leitura híbrida é extraordinária, é um aspecto com o qual ainda estou fascinada.
Outro ponto marcante para mim foi o estudo do filme “Uma história sem fim”. Não existe valor calculável que se equipare ao conhecimento adquirido com a análise do filme. Abriu meus horizontes, minha visão de mundo e me fez entender que assistir a um filme vai além de um simples passatempo: possibilita uma interpretação híbrida. A partir da análise discutida em aula com o filme citado, desenvolvi um raciocínio que me permite analisar outros filmes, logo minha visão não ficou delimitada, foi ampliada, foi construída de uma maneira que abriu espaço e capacidade para outras análises.
O único tópico que eu classifico como negativo é o tempo. Se a disciplina tivesse uma carga horária maior, o que necessariamente não precisaria ser nesse ano, o aprendizado seria ainda maior.
Eu aproveitei cada minuto possível e posso afirmar com absoluta certeza que valeu a pena. Se fosse viável, eu faria novamente a matéria de LIJ.
Professora Sueli, obrigada por proporcionar esse aprendizado e viabilizar a compreensão e a vivência do que realmente é a literatura infanto-juvenil.
Meu desejo, Professora, é que a cada ano, e que cada turma possa sentir o que nós sentimos e viver essa magia que nos foi apresentada de forma tão maravilhosa. 

Débora Ramos da Silva, acadêmica do 2° ano do Curso de Letras Licenciatura da Univille.


Uma foto da defesa da Carla, orientanda da Professora Dra Luisa Marinho, na Universidade da Madeira.

Na sequência, da esquerda para a direita, a profa Dra Ana Isabel, coordenadora do mestrado em Cultura, Constancia (filha da Carla) , Carla (a mestranda) , Profa Dra Sueli (arguente), Mariana (filha da Carla), Profa Dra Luisa (orientadora), Profa Dra Aline (membro vogal da banca) e Profa Dra Leonor (membro vogal da banca). 

A defesa foi no dia 10 de dezembro, às 15 horas. 

A candidata foi aprovada com conceito máximo. 

Mais uma produção acadêmica valorizada em sua totalidade. 

A Profa Dra Sueli Cagneti deu palestra por lá no dia 13/12, às 18h, com o título "Os caminhos e descaminhos da Literatura para crianças e jovens: um reflexo da pós-modernidade?", para um público de diretores  das escolas municipais da Ilha da Madeira e alunos do mestrado em Assuntos Culturais da UMA. 

Parabéns dos prolijianos à nova Mestre e à participação também da Profa Dra Sueli Cagneti, coordenadora do Prolij, em mais este trabalho super reconhecido.


o mais bonito em "memórias inventadas para crianças", de manoel de barros, é o texto que abre o livro: "escova". é quando descobrimos o manoel que queria escovar palavras, apenas porque vira dois homens sentados na terra escovando ossos, e porque havia lido em algum lugar que as palavras eram conchas de clamores antigos: "eu queria então escovar as palavras para escutar o primeiro esgar de cada uma. para escutar os primeiros sons, mesmo que ainda bígrafos".

e há mais nesse livro de dez textos. e de imagens belíssimas. iluminuras da martha barros, filha do maneca. há coisas assim por lá: "agora eu penso uma garça branca de brejo ser mais linda que uma nave espacial. peço desculpas por cometer essa verdade" (do texto "sobre sucatas"). e o manoel vai se desculpando o livro todo. como se devesse mesmo. desculpa-se pelas peraltagens que faz com as palavras. e com as histórias. peraltagens como enfiar água no espeto. como dar respeito às coisas e aos seres desimportantes. pede desculpas por brincar com palavras mais do que com bicicletas.

manoel de barros diz ter nascido poeta aos treze anos. dali em diante ele só queria ser uma coisa: fraseador. e diz também que hoje só usa a palavra para compor silêncios. e finaliza o livro assim (é a última frase do último conto): "agora quem está atônito sou eu". mentira, do manoel. mais uma inverdade dele. quem fica atônito ao lê-lo somos nós, leitores. apanhadores de desperdícios, ensinados por manoel de barros.  


ítalo.
Prolijiano Rodrigo da Silva contando histórias no Lar Abdon Batista.

Janice nos dias 02 e 03/12 desenvolveu, respectivamente, sessões de contação de histórias no Berçário Passos Inocentes e na Associação Beneficente Bakhita. As crianças beneficiadas com o projeto foram de Educação Infantil.
 Associação Beneficente Bakhita.

Berçário Passos Inocentes 
No dia 30/11, Alcione promoveu uma performance na Escola de Artes “Fritz Alt”, ligada à Fundação Cultural de Joinville, a qual fez parte das atividades de encerramento do ano letivo de 2010. Outra sessão de contação de histórias foi realizada no CEI Espaço Encantado, no dia 01/12. O público-alvo foi uma turma na faixa etária de cinco a seis anos, os quais, contagiados pelas histórias, tiveram grande interatividade.

 Escola de Artes "Fritz Alt".

CEI Espaço Encantado
Alcione Pauli, Janice Mattei e Viviane Romão, pesquisadoras voluntárias do PROLIJ, participaram do projeto PROLIJ Contando Histórias na Comunidade, o qual teve por objetivo desenvolver uma arrojada atividade de sessões de contação de história que buscaram, sobretudo, a formação de leitores e o incentivo à leitura literária. Os lugares para a aplicação do projeto foram escolas e outros espaços públicos em Joinville. O projeto foi patrocinado pelo Arroz Urbano, através do FUNCULTURAL de Santa Catarina.

Hoje e nos próximos dias postaremos fotos desses momentos de contação de histórias.


Começamos com a prolijiana Viviane, que contou histórias no CEI Bethesda, no dia 01/12, mostrando que a boa literatura pode (e deve) fazer parte da vida dos cidadãos desde sempre.
O PROLIJ se reuniu no sábado passado para um encontro de fim de ano. Para comemorarmos o ano que passamos juntos, as leituras feitas, as escritas que "brotamos", os eventos que organizamos, e todo o pensar sobre a literatura infantojuvenil ao qual nos dedicamos durante o ano todo.

Como de costume, realizamos um amigo-secreto com muita troca de livros. Com muitas dedicatórias especiais, e muitas leituras que nos acompanharão em mais uma virada de ano.

Diante disso, resolvemos postar aqui no blog os livros que foram trocados entre nós, como forma de sugestão de leitura aos nossos leitores, e também como uma possibilidade de dicas de livros-presentes para alguém próximo a nós.



Cleber (neste ato representado por sua voz através do aparelho celular): 
Presenteou o Rodrigo com: “Contos de fadas”, apresentação de Ana Maria Machado.





Rodrigo:
Presenteou a Áurea com: “Um erro emocional”, Cristovão Tezza.






Áurea:
Presenteou a Viviane com: “Procura-se lobo”, Ana Maria Machado.




















Viviane:
Presenteou o Ítalo com: “Memórias inventadas para crianças”, Manoel de Barros.

                    


Ítalo:
Presenteou a Alcione com: “Desmundo”, Ana Miranda.

          




Alcione:
Presenteou a Sueli com: “Um erro emocional”, Cristovão Tezza.

       


Sueli Cagneti:
Presenteou a Maria Lúcia com: “Crítica, Teoria e Literatura Infantil”, Peter Hunt e “De dois em dois: Um passeio pelas Bienais”, Renata Sant´Anna, Maria do Carmo Carvalho e Edgard Bittencourt.


Maria Lúcia:
Presenteou a Débora com: “Um erro emocional”, Cristovão Tezza.

        


Débora:
Presenteou a Kamila com: um par de brincos.

     




Kamila:
Presenteou a Verônica com: "Carta aberta de Woody Allen para Platão", Juan Antonio Rivera.

     


Verônica:
Presenteou o Alencar com: “Um erro emocional”, Cristovão Tezza.

     


Alencar:
Presenteou a Evelyn com: “Memórias inventadas – as infâncias”, Manoel de Barros.

    


Evelyn:
Presenteou a Sônia com: “Os escravos”, Castro Alves e “Por que ler os clássicos”, Ítalo Calvino.


Sônia:
Presenteou o Cleber com: Vale-presente (devido a ausência do mesmo no encontro, por motivos de saúde).





Silvio Leandro:
Presenteou a Luciane com: “Memórias inventadas para crianças”, Manoel de Barros.

     


Luciane:
Presenteou o Silvio Leandro com: “Contos”, Voltaire.

Aconteceu na UNIVILLE mais uma edição do projeto “PROLIJ Contando Histórias na Comunidade”, através do Programa Visite, da UNIVILLE.
Desta vez, o PROLIJ recebeu crianças do CEI Artes e Manhas. Muitas histórias foram ouvidas e cantadas: foi uma tarde emocionante e envolvente. Prolijianos e crianças se confundiram nas histórias, conversas, parlendas e músicas, balançando e dando as mãos numa grande roda viva.

No final do encontro, as 18 crianças e as duas professoras receberam livros de presente do “Parque de Diversões Intelectual do PROLIJ”.




por Rodrigo da Silva


Para aqueles que já fizeram a escolha tão sonhada e idealizada de “fantasiar-se” de branco com marcha nupcial e adendos, Shrek para sempre pode ser uma boa pedida; para os que não a fizeram, eu diria que pode ser uma boa também, só que saída.
Brincadeiras de lado. O que temos é um filme de encantar e, por incrível que pareça criar algumas reflexões.  Shrek para Sempre da DreanWorks leva o espectador a viajar nas angústias e alegrias do grande Ogro e sua família.
Casado e com três filhos, o simpático pai de família, agora tem de dar conta de algumas tarefas que o levam à enfadonha ou encantadora rotina, a qual conhece muito bem a maioria dos mortais. Cansado dessa vida, enquanto enche balão no aniversário de um dos filhos – nada mais sugestivo – Shrek resolve dar um basta e voltar ao passado, a fim de ficar livre de tudo e ir à busca da possível felicidade. No entanto, esse retorno parece não ser o bastante e daí é hora de parar e repensar tudo.
Figurando uma mulher diferente, que desce da torre e não espera por ninguém, Fiona, a esposa e mãe, mostra-se alguém capaz de vencer os desafios da vida diária e superar as desavenças causadas pelo desgate do dia a dia. Assim, juntos, o belo casal e seus três filhos - a família nada perfeita - superam juntos quase tudo, esperando sempre o final feliz, que vem, mas vai, pois amanhã é outro dia e, então, começa tudo de novo...

por Viviane de Cassia Romão Lucio dos Santos


(??????)

Como diz a Emília, é muito difícil começar e os pontos de interrogação refletem as muitas dúvidas que passam na mente de quem escreve...
Começarei então do começo (como diria Emília???!!!): A história “As aventuras de Pinóquio” foi escrita pelo italiano Carlo Collodi entre os anos de 1881 e 1883 e foi publicada em capítulos de jornal, com o objetivo de mostrar às crianças italianas o que acontece com quem não segue as regras, não obedece os pais, não estuda... A história encanta os leitores da época (e de outras épocas também) e ultrapassa as barreiras de tempo e de espaço. Pinóquio, um pau vivente transformado em boneco, já “nasce” criando confusão, deixando seu “pai” perdido, sem rumo, procurando fazer o melhor para que o filho tivesse e lhe desse um bom futuro, afinal de contas, na Itália unificada, os pais almejavam que seus filhos estudassem para conseguir um emprego e mantê-los (os pais)  em sua velhice. Não é este ainda o objetivo de muitos pais hoje em dia? Talvez algumas coisas tenham mudado, mas a “arte de educar” ainda é frequentemente discutida e não existe fórmula pronta, já que as crianças têm em si o bem e o mal, como Pinóquio que se deixava levar, aprontava, praticava verdadeiras crueldades, mas depois se arrependia... Lembrava das pessoas queridas, como seu pai e sua fada, e pedia “Socorro!!!” como todos nós, seres humanos, fazemos em momentos de aflição. Emília diria agora: “Chega de filosofar, isso está ficando muito chato, parece até o Visconde!!!”.
Pois bem, Emília surgiu das mãos do brasileiro Monteiro Lobato entre os anos de 1921 a 1923 em um Brasil buscando, mais uma vez, sua identidade, sua forma de ensinar de acordo com os “nossos” padrões. Emília – espírito lobateano irreverente e questionador – é uma boneca confeccionada por Tia Nastácia como presente para Narizinho. Uma boneca feia, estranha, e que vai “virando gente” aos poucos... Tanto Pinóquio quanto Emília ganham vida ou são identificados como vivos a partir do momento em que falam. Só que Pinóquio ( ingênuo ou cruel?), já fala antes mesmo de surgir como boneco e só vira um menino de verdade, após dominar as primeiras letras, valorizar o estudo e aprender algumas “coisinhas” pertinentes às regras da boa convivência. Por outro lado, Emília é considerada gente a partir do momento em que engole as pílulas falantes e, como a maioria das crianças, vai aprimorando suas ideias e pensamentos à medida em que o tempo vai passando, observando os outros e adquirindo consciência. A “boneca de pano” não é uma criança boba não!!! Ela xereta tudo a sua volta, questiona toda e qualquer coisa e tirando algumas “asneirices”, tem explicação para tudo. Em ambos os casos, porém, verifica-se que é a linguagem que nos remete à consciência. É por meio da linguagem que tanto Pinóquio quanto Emília tornam-se agentes transformadores do ambiente em que vivem e, no meu ponto de vista, no caso da Emília, em todos os ambientes possíveis e impossíveis.
Quero me permitir fazer uma ressalva: achei o João Faz-de-conta, boneco de pau e “irmão” de Pinóquio, criado com a providencial ajuda da Emília, interessantíssimo!!! Acho os personagens de Lobato mais humanos e invejo a irreverência e a criatividade da Emília. 


Cá estou em Natal/RN (sobre a cidade, escrevi um pouco aqui), participando do 6° SEL (Seminário Educação e Leitura: Novas linguagens, novos leitores). 
O nome do Congresso aponta para a relação dos jovens com as novas linguagens, e o impacto na formação leitora deles diante de tantos dispositivos de leitura e de comunicação que surgem em tempo recorde.
Inscrito que estou no Grupo de Trabalho 7 (GT Educação e Literatura), tenho assistido a apresentações de trabalho que lidam com a perspectiva de repensarmos o sujeito-leitor perante o texto literário, uma vez também que o trabalho que aqui apresentarei aborda isto (um recorte, aqui).
Alguns trabalhos apresentados - dos que pude assistir - focam  a recepção do texto literário por parte da criança, como é o caso do trabalho intitulado "O olho lê, a imaginação tranvê e as emoções significam: a leitura de literatura e o desenvolvimento emocional de crianças na educação infantil", em que a autora, Nivea Priscilla Olinto da Silva (UFRN) investiga as contribuições da leitura de literatura infantil na problematização das experiências e conflitos emocionais de crianças da educação infantil, uma vez que esta leitura literária na escola precisa se constituir como um território privilegiado de inclusão da subjetividade do leitor.
Outros trabalhos primam pela possibilidade de releituras com que os contos maravilhosos e de fada podem se apresentar aos sujeitos-leitores, principalmente aos que iniciam suas caminhadas de leitura literária, contribuindo, dessa forma, para que a releitura cumpra com seu papel de aproximar o universo do leitor (sempre em formação) do universo clássico literário.
As mesas-redondas, realizadas sempre durante o período matutino, têm apresentado algumas abordagens de trabalho com a leitura (principalmente do texto literário) a partir dos recursos tecnológicos e de redes sociais que se apresentam aos jovens em seus caminhos de formação leitora. Muito tem sido lembrado, por exemplo, do surgimento dos livros digitais (e-books), e do uso que se pode fazer deles, além do uso de ferramentas como blogs para o ensino da leitura e da escrita em sala de aula. Também, o foco das discussões está sobre a formação (inicial e continuada) dos professores para que saibam lidar com essas novas linguagens na formação de novos leitores.
A palestra de abertura do Congresso foi dada pelo editor e escritor Espanhol Antonio Ventura, intitulada "Recuperar a palavra para decodificar as imagens". E uma "cutucada" já foi lançada ao público por Ventura, que assim disse: "Os adolescentes têm acesso a tanta informação que não aprendem nada. Diante disso, temos ainda o seguinte quadro: novas linguagens e menos leitores".
Além disso, as outras mesas-redondas do evento são as seguintes:
- "O mundo virtual na formação do professor";
- "Novos modos de ler e escrever";
- "História em quadrinhos e Literatura na formação do leitor de ficção";
- "Educação integral e leitura";
- "Educação, comunicação e inclusão digital";
- "Ética e diversidade: novas re-leituras?".
A programação completa do 6° SEL pode ser conferida aqui.

Câmbio, desligo,
Ítalo.
O paradoxo da leitura é que o caminho em direção a si mesmo passa pelo livro, mas deve continuar sendo uma passagem. É uma travessia realizada pelo bom leitor, que sabe que os livros são portadores de uma parte dele mesmo e podem lhe abrir um caminho, se ele tiver a sabedoria de não parar (BAYARD, 2007).

CAMINHOS DIFERENTES, RETORNOS PRÓXIMOS: BASTIAN E VÍTOR

Bastian e Vítor são dois personagens bastante próximos de duas narrativas diferentes, porém próximas se analisarmos as trajetórias destes personagens. Bastian e Vítor são dois sonhadores-solitários (creio não ser arriscado afirmar que todo sonhador é solitário) que fazem uso de dois meios diferentes para um mesmo fim: afastar-se da pressão mundana, o que acarreta, conseqüentemente, num conhecer a si mesmo.  
           
“[...]Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.[...]”
Do poema “Traduzir-se” de Ferreira Gullar

Viver num mundo em que os espaços pelos quais se transita são regidos por valores morais que frequentemente vão contra os desejos humanos, é tarefa dolorosa e que exige, muitas vezes, um travar constante de lutas, não só com o mundo, mas também consigo mesmo. Diante disso, os personagens Alice – de Lewis Carrol - e Bastian – de Michel Ende - constroem um mundo novo no qual todos os padrões de comportamento que conheciam até então, desmoronam; as relações tornam-se absurdas e, por vezes, bizarras. A viagem para este mundo fantástico permite uma libertação das correntes sociais que nos prendem e propicia a iniciação de um construir-se partindo de sua própria perspectiva de mundo.


Os tantos mundos que compõem a Emília é a visão da Sarah nesta montagem.
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Com esta postagem, encerramos a sequência que compôs os vários retratos de Emília, produzidos pelos alunos do 2° ano do Curso de Letras Licenciatura. Todas as produções podem ser vistas no marcador "Retratos de Emília".

Natália colocou Emília dominando o mundo. Diga-se melhor: os mundos. o nosso e o dela!
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