Andrea de Oliveira
Mestranda em Patrimônio cultural e sociedade – UNIVILLE
Pesquisadora voluntaria do PROLIJ

Um exemplo de ser feliz


Na vida existem perguntas difíceis de serem respondidas e que, para alguns, podem se tornar um verdadeiro tormento. É o que nos mostra o cão do livro Selma, Cosac Naify, 2007 de Jutta Bauer. Angustiado por não achar resposta para a importante questão: o que é felicidade?, consulta o grande bode, que lhe conta a história de Selma.

A humorada história escrita e ilustrada por Bauer, nos mostra como uma questão tão complexa e filosófica, pode nos ajudar a compreender o verdadeiro sentido da vida e como pode ser bom sentir prazer em fazer coisas simples que permeiam o cotidiano e nos gratificam. Encontrar a felicidade em ser quem realmente somos e em estar com quem se quer estar, valorizando o que somos e não o que temos, considerando a importância das relações que nos humanizam e que infelizmente no mundo contemporâneo se apresentam cada vez mais líquidas e efêmeras.

Selma nos traz esperança.

É fato que, em um mundo cheio de falsas promessas, onde muitos procuram a felicidade nos últimos lançamentos do mercado, onde envelhecer é cometer uma infração grave e consumir é a palavra de ordem, é necessário ter esperança em alguma mudança.

Esse livro pode nos mostrar como ser feliz. Depende apenas do que consideramos importante e no que acreditamos.

Uma leitura que, realmente, pode expandir fronteiras e trazer felicidade.



Livro: Selma
Autora: Jutta Bauer
Tradução: Marcus Mazzari
Editora: Cosac Naify, São Paulo, 2007
A escritora francesa Marie-Aude Murail, com uma forma simples e, ao mesmo tempo, contagiante de escrever, nos presenteou com Tantã, livro ganhador de prêmio na Alemanha em sua versão original .

Tantã com seu jeito simples de ser, sua ingenuidade, seu vocabulário inventado e seu amigo Lolô trazem à tona a grande problemática da humanidade de lidar com a deficiência mental e com as diferenças.

Um rapaz de 22 anos com cabeça de 3, luta junto com seu irmão de apenas 17 anos para se manter afastado das instituições psiquiátricas, as quais tanto destroem a possibilidade de crescimento de um ser humano com alguma deficiência, mantendo-o sedado e afastado do mundo.

A adorável Paris serve como pano de fundo para essas aventuras e para os grandes desafios da socialização de Tantã. História que nos revela um exemplo clássico da luta dos doentes mentais para serem aceitos em um mundo tão cheio de preconceitos.

Estes encontros e desencontros revelam a alma humana em suas mais diversas faces, tanto boas como más, independente das aparências e de suas diferenças, nos levando a vários questionamentos e também a encontrar os diversos HOMININHOS que vivem dentro de nós.


Título: Tantã
Autora: Marie-Aude Murail
Tradução: Rita Jover
Editora: Comboio de Corda
Ano: 2009

Fernanda de Souza Cagneti
Psicóloga (CRP 12/01674) do NAIPE ( núcleo de assistência integral à pessoa especial - Prefeitura Municipal de Joinville
Cleber Fabiano da Silva
Pesquisador voluntário do PROLIJ - UNIVILLE

Bernardo está no jardim com o monstro. Ao entrar em casa, ele tenta chamar a atenção do pai e da mãe que, a cada chamado ignoram-no respondendo: Agora não, Bernardo! O menino vai para o jardim e conversa com o monstro. Em seguida, o monstro entra em casa, vê televisão, brinca com os brinquedos de Bernardo, ganha jantar e a mãe o coloca na cama... Mas por onde anda Bernardo? E que pensa o monstro disso tudo?

As imagens dessa narrativa destinada às crianças, cuja efabulação deixa perplexos pais e educadores, constituem um ponto importantíssimo em sua escritura. Nessa obra, texto e imagem dialogam de forma altamente relevante e, na maior parte das vezes, a ilustração muito mais do que contar o que já está sendo dito verbalmente amplia seus horizontes e seus significados.

Escrita em 1980 por David McKee, editado pela Martins Fontes, trata-se de uma história surpreendente e que se tornará ainda mais significativa com o passar dos anos por se tratar de uma discussão sensível e crítica das relações familiares.



Título: Agora não, Bernardo!
Autor e ilustrador: David McKee
Tradução: Monica Stahel
Editora: Martins Fontes
Alcione Pauli
Mestranda do Curso Patrimônio Cultural e Sociedade, da UNIVILLE, e Pesquisadora do PROLIJ


A Mala de Hana: uma história real

Será possível países como Japão e Canadá estarem interligados hoje na contemporaneidade em uma das histórias mais cruéis da humanidade, como o Holocausto? O que uma professora é capaz de fazer para analisar e tentar entender o que foi este momento tão triste da humanidade? O livro A Mala de Hana é um sensível relato – de uma educadora japonesa que incansável corre atrás de informações – da impotência de muitos diante da crueldade de poucos. Este livro é também uma possibilidade de conhecermos intimamente alguns detalhes de uma história comovente de uma família especial, porém comum, da Tchecoslováquia, na qual há uma menina e uma mala. Países, histórias, informações que cruzam e ultrapassam barreiras para refletirmos o horror de uma experiência que queremos acreditar que não acontecerá mais.




Autor: Karen Leveni
Editora: Melhoramentos
Número de Páginas: 112

Alencar Schueroff
Professor do Persona e Pesquisador Voluntário do PROLIJ

Diz-se que, pouco antes de morrer, Franz Kafka encontrou uma menina em um parque de Berlim, chorando por ter perdido sua boneca. Para consolar a criança, ele teria dito que ela havia viajado, simplesmente. E que escrevera uma carta, contando onde estava. Depois da primeira correspondência, outras vieram.

Assim, durante três semanas, Kafka escreveu, fazendo-se passar pela boneca viajante. Não se sabe ao certo se estes textos existem. Jordi Sierra i Fabra, entretanto, fez com que eles existissem. E com muita sensibilidade. Elemento este que também é parte importante da obra do próprio Kafka.

Então, com cuidado e sentimento, Jordi mostra um homem e uma menina que se encontram, a partir de um desencontro. Melhor dizendo, são dois seres humanos que se encontram e constroem um elo com uma coisa preciosa: a capacidade de sonhar.

Para uma criança, isso parece fácil, mas e quanto ao adulto? Depende. Não falamos de qualquer um. Consta dos autos que Franz Kafka não teve infância tranquila e nem alguém que lhe escrevesse cartas. Manteve, porém, a inventividade genial infantil. A mesma que tem Jordi.



Título: Kafka e a Boneca Viajante
Autor: Jordi Sierra i Fabra
Ilustrador: Pep Montserrat
Tradutora: Rubia Prastes Goldoni
Editora: Martins Fontes
Número de Páginas: 127
Cleber Fabiano da Silva
Mestre em Educação e Pesquisador do PROLIJ - UNIVILLE

Com a boca em formato de um O... É exatamente assim que ficará o leitor de O menino do pijama listrado, do irlandês John Boyne, Cia. Das Letras, ao conhecer a história de Bruno. Mais surpreso ainda quando resolver atravessar a cerca e interagir com o ponto que virou uma mancha, que virou um vulto, que virou uma pessoa, que virou um menino. Na companhia dos dois, o leitor reconhecerá um tempo-espaço bastante conhecido, mas, sensivelmente revisitado pelo apuro de olhares entrecortados, de discursos fragmentados, de perigosas descobertas.

Construído com uma linguagem atraente e cenas discretamente descritas, torna-se praticamente impossível com quaisquer argumentos recomendá-lo, uma vez que o jogo literário está justamente nos descortinamentos, nos meandros da história que nos convida a vestir nosso pijama listrado e, escolher entre um sonho possível ou viver um caso perdido.



Título: O menino do pijama listrado.
Autor: John Boyne
Tradução: Augusto Pacheco Calil
Editora: Cia. Das Letras.
N°de páginas: 186
Publicação no Brasil: 2007

Denise Pollnow Heinz
Acadêmica de Pedagogia - UNIVILLE

Imaginação Livre

A chave do tamanho”, obra lançada em 1942, por Monteiro Lobato nos permite tomar contato com as tristezas da guerra, destruição e morte. Na literatura infantil o peso desses assuntos pode impressionar, mas Lobato mostra crianças capazes de agir na construção de um mundo melhor com autonomia e sensibilidade. Obras como as de Lobato fazem a imaginação fluir, frutificar, percorrer caminhos nem sempre fáceis, mas necessários para a construção de valores importantes para a vida.

Sua principal personagem, Emília, sente a necessidade de agir, não pode ficar parada vendo a tristeza e a destruição da guerra tomar conta do mundo. Claro que nem tudo sai como ela espera, mas enfrentar os desafios do inesperado, aprender com a natureza e evoluir com as suas vivências são rotinas nas suas reinações.

A edição lançada em 2008, pela editora Globo, após processo de atualização e tratamento editorial e gráfico, tem como característica especial as ilustrações de Paulo Borges. Com intuito de explicar o texto as ilustrações ou a qualidade delas, por vezes, rouba dos leitores a possibilidade de imaginar, de inventar e vivenciar seus próprios desafios.

Representar com ilustrações carregadas de imediatismo a história que Lobato traz com detalhes e minúcia, é duvidar da capacidade dos leitores de alçar vôos imaginários próprios e muito mais significativos. Essa característica da relação de Lobato com os leitores, tão marcante na literatura infantil é um estímulo para cada vez mais promover e reviver com auxílio da imaginação as suas histórias.



Alcione Pauli
Mestranda do Curso Patrimônio Cultural e Sociedade, da UNIVILLE e Pesquisadora do PROLIJ

O livro “A Pena” é um encanto, pois nos convida a pensar sobre relacionamentos e experiências de vida, a partir de uma improvável relação. Afinal, alguém já imaginou o amor entre uma galinha e uma toupeira? Um dia a… “galinha decide experimentar grãos de trigos em outros lugares” e a toupeira, obviamente, fica irada por este abandono... Leitura imperdível para saborear, junto com a galinha, grãos de trigos de outros lugares. Uma história sensível não só destinada ao público infanto-juvenil, mas a todos que admiram histórias de encontros e desencontros.



Autor: Katja Reider
Ilustrador:Gabriele Hafermaas
Editora: Brinque-Book

Alcione Pauli
Pesquisadora do PROLIJ, da UNIVILLE

Nelson Cruz é um ilustrador que, entre os vários prêmios que já recebeu estão o de Melhor Ilustrador em 1997, concedido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), e também o Octogonal, oferecido pelo Centre Internacional d’Etudes em Littérature de Jeunesse, em Paris, com a obra Leonardo. Sua mais nova criação é o livro Mateus, revisitado e completamente cheio de surpreendentes e encantadores detalhes. Mateus contém uma narrativa contemporânea de um menino que gosta de skate e de viajar... e essas viagens ocorrem em lugares inimagináveis. E, o interessante é descobrir como ele viaja. Vale a pena se debruçar para ler muito mais que do as linhas, as formas e as cores que Nelson Cruz dá para Mateus viver uma narrativa simplesmente criativa.



Autor e Ilustrador: Nelson Cruz
Editora: Scipione.
Denise Pollnow Heinz
Acadêmica do 4° ano de Pedagogia – UNIVILLE

Espaço para as vontades

Reprimir as vontades e encaixar-se aos modelos é o desafio imposto a Raquel, personagem principal de “A Bolsa Amarela”, de Lygia Bojunga. O livro é um clássico da literatura infantil, escrito em 1976, onde a fantasia move a menina a buscar a sua própria identidade, sua afirmação como pessoa, sem esperar pela mediação de heróis ou que o tempo determine o seu futuro. A personagem é cheia de imaginação e conflitos, parece que tem vida própria e tem um poder de identificação que a torna uma amiga de infância dos leitores ou qualquer outra afinidade imaginável.

Como narradora de suas aventuras, Raquel quer esconder três grandes vontades dentro de uma bolsa amarela e vai justificando cada uma das vontades com relatos do seu dia-a-dia, da solidão e da incompreensão que sente por ser a única criança de sua casa. Ao brotar diversas pequenas histórias dentro da história principal e romper com a linearidade, a obra mantém os leitores sempre próximos da sensível forma de perceber e de dar significação ao mundo das crianças.

Raquel não mostra uma rota a ser seguida, nem é esse o objetivo da obra, mas leva o leitor à reflexão sobre as suas próprias capacidades e conflitos. As transgressões dos limites entre a fantasia e a realidade permitem criar novas realidades, sendo uma característica das crianças presente na obra de maneira singular.

Com tantos modelos impostos na sociedade, ideias costuradas ou propositalmente limitadas, promover a autonomia de pensamentos, a luta pelos próprios ideais de maneira aberta pode parecer conflituoso ou subversivo. Assim, unindo a liberdade do imaginário, da fantasia e as restrições do mundo real, Lygia Bojunga encanta e mostra o poder emancipador da literatura.


Autora: Lygia Bojunga Nunes
Editora: Casa Lygia Bojunga




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