Palestra de encerramento - Marina de Mello e Souza

/
0 Comments
        Nesta última noite do VII Abril Mundo 2012, recebemos a professora  de História da África da USP, graduada em Ciências Políticas, mestre em História da Cultura, pela PUC/SP, e doutora em História pela Universidade Federal Fluminense/RJ, especialista na área de cultura africana e afro-brasileira, Marina de Mello e Souza, com a palestra A construção de memórias e identidades afro-brasileiras, que será mediada pelo professor Silvio Leandro da Silva, graduado em História e mestrando em Patrimônio Cultural Sociedade pela Univille.
      
        Veja ideias e citações desta palestra:

        A palestra foi pensada na ideia de que é importante conhecer os povos africanos, pois a África é muito mais que um continente. Deve-se estudar de onde vieram e o que viveram antes da escravidão para falar, escrever ou analisar as produções a respeito destes povos. Ou seja, para Marina de Mello e Souza "a história é a base".

      Sobre maneiras de organização dos povos, a historiadora ressalta: a importância da família, o poder centralizado estruturado, o mundo visível (nós) e o invisível (ancestrais) - para compreensão da vida, sempre interligados -, e por muito tempo ágrafas, eis a importância dos contadores dos mitos (decorados) que Reginaldo Prandi falava na quarta-feira. 

        O tráfico de escravos acontecia com estrangeiros, sem direitos civis na sociedade onde é incorporado, é uma propriedade do senhor (branco), muitas vezes afastados dos membros de sua família... Ou seja, o que alguns escritores chamam de "morte social".  

        "A gente não pode falar de 'África', não pode falar de 'negro', é preciso ter um olhar mais especificado". Afinal, são muitos povos e se tratando da sociedade escravocrata são diversificados, dependendo da aldeia de origem, experiências, língua, costumes, relação 'econômica' com o senhor, trabalhos realizados, etc.

        Na sociedade escravocrata, o negro é visto como escravo, mesmo que nascido livre, sempre será visto como suspeito (será um escravo fugido?). 

        Sobre a construção de identidade, "o sujeito pode vir nu", mas mesmo que tenha 10 anos de idade já terá uma bagagem cultural da sua aldeia. "Não existe, no meu entender, uma transposição pura da cultura africana." Chegando ao Brasil torna-se cultura "afro-brasileira", inclusive com a influência indígena, não apenas do branco. Há um processo de "desafricanização" destes povos, especialmente naqueles que ganham um espaço na casa do branco, como as amas de leite, ficam quase "sinhazinhas" negras. 

        Os ritos são reconstruídos, pois a natureza é outra, os espíritos desta natureza mudam, além das muitas influências culturais (africanos de aldeias diferentes e indígenas). Bem como outros elementos culturais, como as danças, as músicas e as rezas. 

        O tambor é tipicamente um instrumento que abre a relação entre mundo visível e invisível, tem todo um ritual para tocar, muitas vezes só permitido a alguns. 

        Esses rituais são permitidos pelos senhores numa ideia de que "ficarão mais calmos e trabalharão melhor". O branco escravista se recusa a conhecer o negro, sua cultura, seus hábitos, enquanto o escravo sabe tudo o que acontece com seus senhores.


 
        Sobre o candomblé, ela explica que como acontece no Brasil é tipicamente brasileira, embora mantenha muito próxima às religiões africanas. A palestrante explica que a história é dinâmica, sofre transformações todo o tempo. Ela sugere o documentário "Mensageiro entre dois mundos". 
        
        Por fim, pode-se concluir que a memória africana é parte constitutiva de cada brasileiro. A historiadora ainda diz que a identificação "afro-descendente", vista de forma positiva, é momentânea, logo seremos todos BRASILEIROS. 


        O evento termina, a reflexão continua...
     Agradecemos a todos os palestrantes, convidados e participantes. E convidamos a todos para o lançamento do Livro dos Livros Resenhas do Prolij v. 2 - Literatura Africana e Afro-Brasileira, amanhã (dia 21) às 10h30 no palco principal da Feira do Livro de Joinville. 

          


Posts relacionados

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.