ÇUNARÝA – SAUDADES DA INFÂNCIA

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Por Cleber Fabiano da Silva e Sueli de Souza Cagneti

         As lembranças de um garoto indígena e a sabedoria do povo Maguará são relatadas no livro Kurumĩ Guaré no coração da Amazônia, de Yaguarê Yamã, editora FTD. Nele, o autor, cujo nome significa tribo de onças pequenas, conta fragmentos de sua infância contextualizando a cultura, as lendas e os ritos religiosos tradicionais vividos pelo seu povo.
         A narrativa inicia junto ao nascer do sol, passando pelos três banhos diários, as expedições no meio da mata – levando em conta o cuidado de não voltar pelo mesmo caminho – até culminar com as histórias repassadas pelos mais velhos. Aliás, esse momento especial era marcado pelo toque da flauta que se propagava pelo ar chegando ao ouvido das pessoas. “Aquele era o ponto de partida para uma viagem ao mundo encantado do povo Maguará. Meu pai detinha-se por um instante, fitava os olhos em cada olhar presente e começava a história” (p.25).
         Merece destaque o encontro do menino Guaré com o seu espírito. Em seu rito de passagem conheceu Tapirayawara, “o espírito de todas as onças”. Na cultura Maguará, são esses seres da natureza que escolhem o nome de cada ser humano, bem como, atuam como seus protetores e intervém em situações extremas de perigo.
         Enfim, o menino cresceu. Mais tarde, iria compreender a palavra Çunarýa, ou seja, a vontade de voltar a ver e a ter o que um dia já possuímos. “A saudade iria brotar a cada instante que olhasse um rio passar em frente de uma floresta” (p. 76).
          

FICHA TÉCNICA:

Obra: Kurumĩ Guaré no coração da Amazônia
Autor e ilustrador: Yaguarê Yamã
Editora: FTD
Ano: 2007


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