Simples como a narração, complexo como a poesia

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Por Ana Paula Kinas Tavares*

        O escritor italiano (doutor e professor em Letras) Alessandro D'Avenia estreia com o livro "Branca como o leite, vermelha como o sangue" no universo editorial. Mais que isso, brinca de perfeição, pois do título - misterioso e pautado em Italo Calvino ("O amor das três romãs", em Fábulas italianas) - e da capa - linda e aveludada -, passando pela genial diagramação, até cada uma das palavras escolhidas (mesmo que a mim chegadas em tradução) encanta e surpreende.
        Tenho dificuldade em encontrar palavras pela tamanha densidade poética e filosófica da obra. Vários outros "resenhistas" possíveis de encontrar na internet, optaram por parafrasear a sinopse encontrada nas orelhas do livro, mas pra mim dizer apenas que Leo (o narrador e protagonista) é um jovem típico de dezesseis anos que durante um ano letivo aprende muito sobre a vida e a morte compartilhando suas experiências neste monólogo, é menosprezar o livro por seu enredo e escolha linguística de aproximação ao jovem de hoje.
      Prefiro dizer que com raízes cristãs, ainda que criticadas e refletidas durante a narrativa, o livro traz uma nova perspectiva literária para jovens e adultos, algo que bebe da fonte do simplificar - trazendo tão próximo da realidade juvenil ("fodido", Ipod, SMS são partes constitutivas da obra) e do complexar - sendo poético, trazendo milhares de referências atuais e históricas, além de refletir sobre amor, paixão, morte, sistema escolar, educação, relação entre jovens e adultos -, isto é, se for possível ser contraditório e ser redondo. Talvez seja esta a fórmula mágica que faz deste livro uma super indicação, utilizar essa característica tão própria da juventude (as dúvidas, contradições) para narrar poetizando. Enfim, é um livro que envolve, pede pra refletir, emociona e, como minha pesquisa defende, traz o conceito de morte desmistificado.      

FICHA TÉCNICA:

Obra: Branca como o leite, vermelha como o sangue
Autor: Alessandro D'Avenia
Tradutora: Joana Angélica d'Avila Melo
Editora: Bertrand Brasil
Ano: 2011



*Acadêmica de Letras e pesquisadora voluntária de Iniciação Científica, com o projeto nomeado "Se foi viajar, por que não volta?" - A morte na Literatura Infantil Juvenil, na Univille. 


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