Pesadelo à vista!

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Por Áurea Cármen Rocha Lira e Sueli de Souza Cagneti

        Que Pedro Álvares Cabral tenha sido nome forte quando se trata de feitos marítimos portugueses, não há o que se discutir, mas que foi menino sonhador, nascido com o desejo de se aventurar no mar, convidado a desafiar seus perigos, é questão que bem poucos imaginam com tanta sensibilidade poética quanto Lucia Fidalgo em sua obra Pedro, menino navegador, pela editora Manati, 2000.
Ela apresenta-nos esse velho/novo homem, acompanhada pelas ilustrações de Andreia Resende, as quais criam espaço para sonhos, como os que, segundo a obra, acompanharam o Pedro menino ao Pedro capitão-mor.
No texto, esse chefe de expedição portuguesa, na pretensão de aportar em outras terras, chega ao solo nacional, mais especificamente no que batizou Ilha de Vera Cruz. E pasmem: sonha naquela noite com homens de “rostos pintados” que choravam sem parar ao questionarem a liberdade que lhes seria retirada. E, se não bastasse, ele do sonho passa à realidade ao constatar que as terras, já tinham sido descobertas, tinham dono: os indígenas brasileiros.
 O livro prossegue com conhecidos fatos (carta ao Rei de Portugal relatando as novidades da nova terra, desejo despertado por prata, pedras, etc), mas na contramão aponta verdades veladas: “índios descobriram que portugueses queriam mais do que ofereciam”, pois “sabiam a verdade mais verdadeira sobre todas as coisas do mundo”.
Pedro alcançou um sonho: o de ser um grande navegador, mas a tristeza do outro, aquele em que via os indígenas chorando, transfigurou-se no crescente pesadelo que é a vida dos indígenas brasileiros na atualidade.

FICHA TÉCNICA:

Obra: Pedro, menino navegador
Autora: Lucia Fidalgo
Ilustrações: Andreia Resende
Editora: Manati
Ano: 2000


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