O Menino, o Rio e o Tempo

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Letícia Marques Hesmesmeyer

O Menino e o Tempo, escrito por Bia Hetzel, ilustrado por Graça Lima, publicado pela Editora Manati é disposto em vinte e três páginas ilustradas. A obra infanto-juvenil foi publicada em 1999 e conta a história de Gustavo, uma ingênua criança que encontra refúgio em uma pedra de um rio. 
Gustavo é uma criança que busca em certo rio, um esconderijo, um lugar para esfriar o pensamento e para concentrar-se apenas no chiado do rio. Nesse lugar cheio de boas sensações, o menino faz novas descobertas e encaixa-se às circunstâncias e características de lá. Para ele, tudo em sua volta muda e evoluí, ao contrário do rio, que permanece imutável: “O tempo passa. O sol se esconde atrás da montanha. O ninho de pedra escurece, esfria. O tempo passa. Só o rio não muda” (p. 7). Sua fértil imaginação também fazia Gustavo ver em simples fósseis, as imagens de dinossauros percorrendo por ali. 
A linguagem utilizada por Bia Hetzel é agradável e de fácil compreensão, embora haja metáforas. O intuito principal da autora nessa obra não é apenas contar a história de um menino que passava horas e horas à beira de um rio, mas sim levantar questões reflexivas sobre a temporalidade. Por isso, a leitura deste livro é indicada para crianças e adolescentes, porém terá melhor aproveitamento aqueles que tiverem a leitura mediada por um adulto, por tratar de metáforas, algumas vezes, de difícil compreensão para o público infanto-juvenil, como em: “Mas o rio não corre para trás. O rio corre para sempre. O rio corre para sempre e nunca mais.” (p. 9). 
As ilustrações de Graça Lima são coloridas e estão presentes em páginas inteiras, contrastando com a página ao lado que contém o texto escrito. Elas são simples, porém muito poéticas. Além disso, por essa simplicidade lembram desenhos de uma criança, ocorrendo, assim, um processo de identificação do seu público leitor e facilitando a compreensão da história. As ilustrações feitas por Lima servem como complemento para o entendimento da obra. O que mais me chamou a atenção no texto foi a abordagem de Hetzel sobre o existencialismo e o tempo em uma obra infanto-juvenil. Com o tempo, a angústia do tempo pairava no peito de Gustavo, que a domava e ainda brincava com ela. A autora ainda faz indagações aos leitores, sobescritas nas falas do menino: “Como seria o mundo antes de ele nascer? Como será o mundo depois de ele morrer?” (p. 14). 



Letícia é estudante de Letras, tem 20 anos e é apaixonada pela vida, pelos sonhos, pelas pessoas, pela felicidade e, sobretudo, pela paz interior. É professora de Língua Inglesa e não consegue ver-se fora desse mundo de constante aprendizagem. Adoraria viajar ao redor do mundo, conhecer novas culturas e descobrir como as pessoas encaram a vida. Sua alma é sonhadora e a liberdade é sua principal matéria. Acredita, assim como Paulo Freire, que a “educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”.


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