Por quê?

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Ao longo do terceiro bimestre da disciplina de Literatura Infantil Juvenil, a professora dra. Berenice Rocha Zabbot Garcia desenvolveu uma atividade com os acadêmicos do 2º ano de Letras, que consistia em construir um texto híbrido a partir da análise de obras infantis juvenis por ela selecionadas. Os textos consistiam em uma resenha crítica da obra e uma leitura comparativa analisando sua relação com contos de fada. O resultado de um dos trabalhos desenvolvidos pode ser conferido abaixo!

Os contos de fadas e "Por quê?"

Ana Carolina da Silva
Bruna M. dos Reis
Kauane Cambruzzi
Nicole Spindola

Clássicos da literatura mundial, os contos de fadas têm origem em tempos remotos e nem sempre se apresentaram como os conhecemos hoje. O aspecto fantasioso e lúdico que hoje os envolve surgiu da necessidade de minimizar enredos controversos e polêmicos, próprios de uma época em que a civilização ainda não havia inventado o conceito que hoje conhecemos tão bem: a infância. Chamamos de contos de fadas porque são histórias que têm sua origem na cultura céltico-bretã, na qual a fada, um ser fantástico, tem importância fundamental. A primeira coletânea de contos infantis surgiu no século XVII, na França, organizada pelo poeta e advogado Charles Perrault. As histórias recolhidas por Perrault tinham origem na tradição oral e até então não haviam sido documentadas. Sendo assim, a Literatura Infantil como gênero literário nasceu com Charles Perrault, mas só seria amplamente difundida posteriormente, no século XVIII, a partir das pesquisas linguísticas realizadas na Alemanha pelos Irmãos Grimm (Jacob e Wilhelm). 

Com o tempo, os contos de fadas foram sofrendo alterações,. A essas alterações que foram necessárias para diminuir o impacto negativo das estórias originais. Hoje, histórias com temáticas violentas podem afetar negativamente na formação das crianças. Mas, ainda há resquícios dessas histórias, com temáticas um pouco mais leves, e mesmo assim impactantes. "Por quê?", de Nikolai Popov nos traz um não final feliz, o que um costumeiro conto de fadas traria, e um final que não traz a solução para o problema, e sim um questionamento. Sendo assim, faz com que o próprio leitor decida qual a moral que ele levará desse livro.

O livro nos traz questionamentos de algumas atitudes negativas que o ser humano costuma ter como a inveja, a cobiça, a vaidade e o egoísmo. E como consequência disso, a guerra. Sem muitas palavras, o livro apresenta ilustrações, que falam por si só, e protagonistas aparentemente simpáticos. Uma rã admiradora de belas flores, e um ratinho com seu guarda-chuva laranja, que depois se mostra muito invejoso.

O ratinho acaba por atacar a “pobre” rã e uma guerra é então iniciada. No fim, nenhum dos dois se lembra a real razão para o início de tanto desastre. O livro, apesar de infantil, nos faz refletir o por quê crescer pode ser tão desastroso. Onde, num mundo que nos faziam acreditar que deveríamos ser bons com o próximo, o “eu” está sempre na frente.

POPOV, Nikolai. Por quê? São Paulo: Ática, 2000.


Bruna dos Reis é graduanda em Letras (Língua Portuguesa) na Univille. É professora do Estado e divide suas leituras entre literatura e marxismo. 

Kauane tem os cabelos cacheados e sabe que deve agradecer à bisavó por eles, assim como deve agradecer ao pai por lhe comprar livros e à mãe por lê-los, trazendo a literatura para sua vida.

Nicole Talgatti Spindola, graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa), é apaixonada por ensino e vê na educação a chance de uma vida mais leve. 


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