Resenha de A Bolsa Amarela

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Denise Pollnow Heinz
Acadêmica do 4° ano de Pedagogia – UNIVILLE

Espaço para as vontades

Reprimir as vontades e encaixar-se aos modelos é o desafio imposto a Raquel, personagem principal de “A Bolsa Amarela”, de Lygia Bojunga. O livro é um clássico da literatura infantil, escrito em 1976, onde a fantasia move a menina a buscar a sua própria identidade, sua afirmação como pessoa, sem esperar pela mediação de heróis ou que o tempo determine o seu futuro. A personagem é cheia de imaginação e conflitos, parece que tem vida própria e tem um poder de identificação que a torna uma amiga de infância dos leitores ou qualquer outra afinidade imaginável.

Como narradora de suas aventuras, Raquel quer esconder três grandes vontades dentro de uma bolsa amarela e vai justificando cada uma das vontades com relatos do seu dia-a-dia, da solidão e da incompreensão que sente por ser a única criança de sua casa. Ao brotar diversas pequenas histórias dentro da história principal e romper com a linearidade, a obra mantém os leitores sempre próximos da sensível forma de perceber e de dar significação ao mundo das crianças.

Raquel não mostra uma rota a ser seguida, nem é esse o objetivo da obra, mas leva o leitor à reflexão sobre as suas próprias capacidades e conflitos. As transgressões dos limites entre a fantasia e a realidade permitem criar novas realidades, sendo uma característica das crianças presente na obra de maneira singular.

Com tantos modelos impostos na sociedade, ideias costuradas ou propositalmente limitadas, promover a autonomia de pensamentos, a luta pelos próprios ideais de maneira aberta pode parecer conflituoso ou subversivo. Assim, unindo a liberdade do imaginário, da fantasia e as restrições do mundo real, Lygia Bojunga encanta e mostra o poder emancipador da literatura.


Autora: Lygia Bojunga Nunes
Editora: Casa Lygia Bojunga






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