Resenha: O voo da guará vermelha, de Maria Valéria Rezende

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O som das cores

Alencar Schueroff
Professor do Persona e pesquisador voluntário do PROLIJ.

O livro é simples, com enredo e linguagem acessíveis a quase todo tipo de leitor. Porém, com uma reflexão mais aprofundada, podem surgir perguntas, como: Qual a relação entre o cinzento e o encarnado? Por que há frases do tipo “É perto do meio dia, dizem as sombras”? Respondendo de forma paradoxalmente objetiva, dir-se-ia que isso é o que chamamos de Literatura. As coisas ditas e, ao mesmo tempo, não ditas, que agitam nossa alma.

A história trata da vida sofrida de Rosálio e Irene. Ele, um pedreiro analfabeto que carrega consigo uma caixa de madeira, cheia de livros. Ela, uma prostituta doente em fim de carreira. A fusão entre o cimento e a guará vermelha ferida vai dando origem a uma explosão de cores que toma conta da vida tão incolor de ambos. Eles interagem e se complementam, à medida que Rosálio aprende as primeiras letras com Irene que, em contrapartida, ouve maravilhada a fantástica história da vida dele: “conta para eu sonhar”, ela pede.

E completando esse poético escambo, Irene ainda acumula mais duas funções: lê para seu companheiro os livros da caixa e coloca no papel as lindas narrativas auto-biográficas que ele conta. Pensando bem, tudo isso parece ser uma só coisa, até porque “a vida mistura tudo e quem quiser separar não vive nada que valha”.

A citação acima evidencia o destaque do livro: a musicalidade. As palavras são minuciosamente escolhidas e colocadas, fazendo com que a gente sinta vontade, em vários momentos, de ler em voz alta.



Autora: Maria Valéria Rezende
Título: O Vôo da Guará Vermelha
Editora: Alfaguara
Número de Páginas: 184


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Um comentário:

ítalo puccini disse...

só faltou o nome do autor da resenha, muito bem escrita :)

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