O Homem e seus Símbolos

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*Andréa de Oliveira



O livro reúne textos e imagens de diferentes autores ligados à psicanálise, arte, mitologia e literatura, sendo organizado por Carl G, Jung, psiquiatra e psicanalista Suiço, contemporâneo de Freud e um dos grandes ícones da psicologia mundial, criador da Escola Analítica de Psicologia. Um dos primeiros textos foi escrito pelo próprio Jung e traz uma introdução explicativa sobre conceitos como, consciente e inconsciente. Toda a obra aborda as questões da subjetividade e em muitos momentos Freud é citado já que foi este autor o primeiro a tentar explorar empiricamente o plano inconsciente, a análise dos sonhos e a livre associação.

No percurso pode-se perceber a importância que as imagens oníricas descritas por Freud como resíduos arcaicos, e a influência da mídia por meio de seus símbolos exercem no inconsciente coletivo. São palavras e imagens que podem desencadear desejos e frustrações.

O livro aborda a analisa de símbolos culturais, que permearam por muito tempo as relações do homem com a natureza e que com o progresso do conhecimento científico foram perdendo força e enfraquecendo essas relações.

Como descreve Jung na página 95, “Pedras, plantas e animais já não têm vozes para falar ao homem e o homem não se dirige mais a eles na presunção de que possam entende-lo”. Desta forma, acabando o contato do homem com a natureza, deixa de existir a profunda energia emocional que esta conexão simbólica alimentava.

Outras relações vão sendo estabelecidas e apresentadas no livro. Os mitos e símbolos eternos como guerras, heróis, festas natalinas e que marcam a fecundidade e a ressurreição como é o caso da Páscoa, constituem os andaimes do homem e apontam a necessidade da existência desses para a formação do Self (interior).

Questões antropológicas que separam o homem cultural do homem primitivo como o incesto, são analisadas por meio do clássico A Bela e a fera. Quanto aos contos de fadas, outros aspectos são considerados por meio da simbologia do início das narrativas que podem configurar situações como: um rei doente, um casal que não pode ter filhos, a escuridão que envolve a Terra, secas e geadas que simbolizam uma dificuldade a ser ultrapassada e resolvida por um efeito mágico como se acreditava em épocas mais primitivas e que representam o inconsciente coletivo. Sobre os contos de encantamento ainda, é apresentado o termo Anima, que é um termo explorado por Freud para designar aquilo que dá mensagens de vida, o que dá pulsão de vida ao Self (o interior), provocando alguma reação positiva diante das adversidades que nos contos aparecem desencadeados pelas personagens femininas como, fadas, bruxas, feiticeiras, cartomantes ou médiuns que geralmente provocam ou explicam os obstáculos pelos quais o herói ou heroína terá de passar.

As apropriações dos símbolos por parte da arte também é apresentada e o fato de alguns artistas encontrarem um refúgio contra a realidade que às vezes pode ser feia, má no efeito da abstração também é comentado.

Uma leitura que requer um pouco de repertório no campo da psicanálise, arte e literatura talvez, mas possível à todos e sem dúvida nenhuma uma obra básica para o entendimento do humano, de sua jornada e existência.



JUNG, Carl Gustav. (org.) trad. Maria Lúcia Pinho.
O Homem e seus Símbolos, 1996


*Pesquisadora voluntária do PROLIJ e mestranda em Patrimônio Cultural e Sociedade


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