Viagem ao encontro de si mesmo

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Alcione Pauli


Apenas um Curumim é um clássico da literatura infanto-juvenil e, sem dúvida, a obra-prima de Werner Zotz. Já vendeu mais de um milhão de cópias e é (re)conhecido, inclusive, internacionalmente. O que faz desse livro simples, aparentemente, um sucesso tão grande? Uma série de fatores: a história é envolvente, a linguagem tem traços poéticos, o índio é tratado com extrema sensibilidade. Tamãi, o velho pajé, e Jari, o jovem curumim, empreendem uma viagem de fuga do povo caraíba (homem branco), em direção ao Sul. Lá estarão juntos dos seus e mais perto, portanto, de si mesmos. O percurso é entremeado de aventuras e contemplação – Jari sempre viveu entre brancos e vai aprendendo, aos poucos, com Tamãi, a ser índio. Isto significa respeitar/escutar a natureza e a si (“a voz de dentro”). O curumim, no início, sofre, por que ainda não tinha aprendido o que era ouvir(-se). Percebe-se, então, que a obra é um movimento constante, do começo ao fim, de observação externa e interna. Até porque, para Zotz, o índio não precisa ser desvinculado de seu ambiente. Aliás, Zotz demostra tanta familiaridade com a cultura ancestral indígena, que ele próprio parece fazer parte dela. E de certa forma, faz mesmo, assim como todos os brasileiros.



Livro: Apenas um Curumim
Autor: Werner Zotz
Ilustrações: Andrés Sandoval
Editora: Letras Brasileiras
Ano: 2004.


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3 comentários:

Rodrigo disse...

Apenas um curumim é realmente um encanto. Parabéns, Alcione, belas palavras para falar de um belo livro.

Rodrigo disse...

Ah, é o Rodrigo. Acabei postando na conta do blog que tinha com as crianças no Colégio da Tupy.

ítalo puccini disse...

é um encanto mesmo, mesmo.

inda mais nesses dias de véspera de abril mundo, lembrança das boas =)

ótimo, alciii.

beijos!

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