Era uma vez um boneco italiano e uma boneca brasileira...

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por Viviane de Cassia Romão Lucio dos Santos


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Como diz a Emília, é muito difícil começar e os pontos de interrogação refletem as muitas dúvidas que passam na mente de quem escreve...
Começarei então do começo (como diria Emília???!!!): A história “As aventuras de Pinóquio” foi escrita pelo italiano Carlo Collodi entre os anos de 1881 e 1883 e foi publicada em capítulos de jornal, com o objetivo de mostrar às crianças italianas o que acontece com quem não segue as regras, não obedece os pais, não estuda... A história encanta os leitores da época (e de outras épocas também) e ultrapassa as barreiras de tempo e de espaço. Pinóquio, um pau vivente transformado em boneco, já “nasce” criando confusão, deixando seu “pai” perdido, sem rumo, procurando fazer o melhor para que o filho tivesse e lhe desse um bom futuro, afinal de contas, na Itália unificada, os pais almejavam que seus filhos estudassem para conseguir um emprego e mantê-los (os pais)  em sua velhice. Não é este ainda o objetivo de muitos pais hoje em dia? Talvez algumas coisas tenham mudado, mas a “arte de educar” ainda é frequentemente discutida e não existe fórmula pronta, já que as crianças têm em si o bem e o mal, como Pinóquio que se deixava levar, aprontava, praticava verdadeiras crueldades, mas depois se arrependia... Lembrava das pessoas queridas, como seu pai e sua fada, e pedia “Socorro!!!” como todos nós, seres humanos, fazemos em momentos de aflição. Emília diria agora: “Chega de filosofar, isso está ficando muito chato, parece até o Visconde!!!”.
Pois bem, Emília surgiu das mãos do brasileiro Monteiro Lobato entre os anos de 1921 a 1923 em um Brasil buscando, mais uma vez, sua identidade, sua forma de ensinar de acordo com os “nossos” padrões. Emília – espírito lobateano irreverente e questionador – é uma boneca confeccionada por Tia Nastácia como presente para Narizinho. Uma boneca feia, estranha, e que vai “virando gente” aos poucos... Tanto Pinóquio quanto Emília ganham vida ou são identificados como vivos a partir do momento em que falam. Só que Pinóquio ( ingênuo ou cruel?), já fala antes mesmo de surgir como boneco e só vira um menino de verdade, após dominar as primeiras letras, valorizar o estudo e aprender algumas “coisinhas” pertinentes às regras da boa convivência. Por outro lado, Emília é considerada gente a partir do momento em que engole as pílulas falantes e, como a maioria das crianças, vai aprimorando suas ideias e pensamentos à medida em que o tempo vai passando, observando os outros e adquirindo consciência. A “boneca de pano” não é uma criança boba não!!! Ela xereta tudo a sua volta, questiona toda e qualquer coisa e tirando algumas “asneirices”, tem explicação para tudo. Em ambos os casos, porém, verifica-se que é a linguagem que nos remete à consciência. É por meio da linguagem que tanto Pinóquio quanto Emília tornam-se agentes transformadores do ambiente em que vivem e, no meu ponto de vista, no caso da Emília, em todos os ambientes possíveis e impossíveis.
Quero me permitir fazer uma ressalva: achei o João Faz-de-conta, boneco de pau e “irmão” de Pinóquio, criado com a providencial ajuda da Emília, interessantíssimo!!! Acho os personagens de Lobato mais humanos e invejo a irreverência e a criatividade da Emília. 



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