Era uma vez um bosque...

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                       (...) o texto é uma máquina preguiçosa que espera
muita colaboração da parte do leitor.
Umberto Eco

            Para Umberto Eco (1994) as narrativas são bosques pelos quais os leitores transitam e tem a possibilidade de escolher os caminhos pelos quais desejam seguir. Porém nestas veredas do texto narrativo, existem guias que auxiliam e contribuem com o leitor nesta viagem. Para mim um destes guias foi a professora de literatura infanto-juvenil, Sueli Cagneti. Através da ludicidade e das leituras orientadas pude ampliar não somente meu conceito acerca da LIJ mas também do próprio ato de ler e suas implicações. A leitura é um fenômeno que só acontece a partir do momento em que o leitor nasce com o texto. E assim nasci e renasci nas leituras destas aulas, aprendendo a ressignificar os textos em suas multifaces. Nos encontros de LIJ pude aguçar minhas percepções leitoras e enxergar como as ilustrações e o texto narrativo comungam, e que sem um dos elementos a leitura seria completamente distinta. Uma leitura de “Clara manhã de quinta-feira à noite” de Don e Audrey Wood, debates e discussões - sempre muito férteis – fizeram, não só a mim, mas a todos os meus colegas compreendermos que a LIJ serve tanto para crianças como para adultos devido a sua complexidade. No entanto, vimos também que é preciso garimpar para se encontrar obras de qualidade em meio a tantos atrativos comerciais.
            “(...) como são bobas as pessoas que dizem que dissecar um texto e dedicar – se a uma leitura meticulosa equivale a matar sua magia.” (Eco, 1994.) eu era uma destas pessoas bobas. Até ter a chance de esmiuçar “Alice no país das maravilhas” do inglês Lewis Carrol, e cair com ela a toca do coelho. Ao nos apresentar às histórias de busca e transformação a professora Sueli nos mostrou que elas possuem um mecanismo cíclico, assim como a as fases da vida na construção identitária de cada indivíduo. E a partir daí foi intercruzamento de leituras sem fim. “História sem fim” - o filme – foi uma das leituras que permitiu minha entrada no universo do fantástico. “Guerra dentro da gente” de Paulo Leminski embricou-se às leituras de “Alice...” e “História...” e pude visualizar a amplitude e complexidade do universo fantástico e sua significação para os sujeitos que se apropriam das mesmas. E foi dentro desta atmosfera literária que tivemos que cair na nossa toca do  coelho para criar uma apresentação artística de “Alice...”. Foi uma experiência marcante, pois mais do que ampliar os horizontes e perspectivas acerca da obra apresentados tivemos a chance de conhecer a cada um.
            E para fechar este ciclo com chave de ouro: narrativas visuais. A mescla de linguagens e os labirintos narrativos abrem um universo de possibilidades de leitura. E com as discussões em sala, vamos aos poucos nos sensibilizando cada vez mais para estas narrativas que vem surgindo com força total. E, ao menos para mim, foi de suma importância – quase uma epifania – compreender o que significa o hibridismo, pois a partir deste momento posso compreender como o mundo em que vivemos é totalmente mesclado, e com certeza isto me tornou uma leitora mais madura.
            Enfim, com a experiencia adquirida durante este ano só confirmei a certeza que tinha de que quero me perder nos labirintos sem fim da literatura.

Referências Bibliográficas
ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. Trad. Hildegard Feist. – São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

CARROLL, Lewis. Alice: Edição Comentada. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002. 

Amanda Correa, acadêmica do 2° ano do curso de Letras Licenciatura da Univille.


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