As fábulas africanas ao nosso alcance

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Por Sonia Regina Reis Pegoretti

  O escritor Adilson Martins reconta no livro “O papagaio que não gostava de mentiras e outras fábulas africanas” oito divertidas e simpáticas fábulas. Já na apresentação do livro, ele explica que no gênero fábula, muitas vezes, quem conta quer dar “um puxão de orelha” no ouvinte e que outras vezes, o contador quer ensinar como se deve enfrentar situações complicadas e de como pode usar a esperteza para sair delas. Conta, também, que o fato de os animais serem os personagens mais característicos das fábulas foi devido à observação do comportamento desses animais, e que algumas características deles podiam ser atribuídas aos seres humanos, como a preguiça, zelo, vaidade, humildade, lealdade, traição, etc.
O escritor revela que em muitos povos africanos também foram criadas fábulas. Elas tinham uma importância enorme, justamente pela característica de transmissão de valores através da oralidade, formando assim um importante acervo de literatura oral.
Nas fábulas trazidas na coletânea, podemos encontrar a esperteza da tartaruga, o papagaio falador e que não gosta de mentiras, o oportunista morcego e o macaco imitador. O repertório é enriquecido com novas histórias e personagens, aumentando o nosso conhecimento sobre a cultura da África, que por tanto tempo ficou esquecida ou tratada como folclore.
Ao final de cada fábula, Adilson Martins traz informações sobre os animais, instrumentos utilizados ou regiões que aparecem nas histórias, dando ferramentas para que o leitor fique bem informado. Como exemplo, na última história e também minha preferida “Por que a garça fica apoiada em uma perna só”, ele relata que a garça vermelha é migratória: passa o verão na Europa e o inverno na África e que, segundo pesquisadores, a garça vermelha foi a inspiração para a fênix, uma ave mítica, que segundo a lenda, quando chega ao fim da vida, faz um ninho com galhos de canela, entra nele e o incendeia. Ninho e ave se transformam em cinzas e delas surge uma nova ave, que vai viver pelo mesmo tempo que a antiga viveu. Esse tipo de informação certamente aguça a imaginação do leitor.
O livro foi bem ilustrado por Luciana Justiani Hees, com os traços característicos da arte africana. Atentos para a forte ligação entre africanos e natureza foi impresso em papel reciclado. Traduz-se como uma ótima oportunidade para introduzir o gênero fábula aos pequenos.

Livro: O papagaio que não gostava de mentiras e outras fábulas africanas
Autor: Adílson Martins
Ilustradora: Luciana Justiani Hees
Editora: Pallas
Ano: 2008


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