Fuga, criação e gingado, transformados em folguedo

/
0 Comments

por Sueli de Souza Cagneti

(Coordenadora do PROLIJ)


Dentre as tantas publicações que enriquecem nosso acervo a respeito dos escravos africanos que, juntamente com suas vidas, sua história e seu trabalho, nos deram um mundo cultural rico e definitivamente brasileiro está “Menino Parafuso”.
O livro de Olívia de Mello Franco nos conta a história do menino brincante, que rodando como um pião, vai juntando anáguas brancas das sinhás para compor seu disfarce/fantasia de Menino Parafuso.
Segundo nota explicativa da autora “O folguedo parafuso é uma manifestação folclórica típica de Lagarto, em Sergipe, e se desconhece a existência de algo semelhante em outro lugar do Brasil. É uma tradição popular de origem escrava, dizem que surgiu na época em que os negros, sofridos trabalhadores dos engenhos de cana-de-açúcar, fugiam das senzalas e formavam quilombos...” (p.31)
O interessante da história contada por Olívia, aliás ricamente ilustrada por Ângelo Abu, é que nos faz rever tantas manifestações artísticas e culturais, cujas origens remontam à escravidão e comprovam a inventividade deste povo tão sofrido, na tentativa de escapar do jugo de seus senhores. Assim como a capoeira – hoje vista como arte – o folguedo parafuso também nasceu como arma de proteção e fuga, transformando-se numa coreografia ritmada que ganhou lugar no folclore sergipano.
Vale conferir o menino, sua história e, principalmente, uma história que, por trás daquela, se faz conhecer.


FICHA TÉCNICA

Obra: Menino Parafuso
Autor: Olívia de Mello Franco
Ilustrações: Ângelo Abu
Editora: Autêntica
Ano: 2008


Posts relacionados

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.