Fazeres femininos e suas representações na cultura afro-brasileira

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Por Cleber Fabiano da Silva e Silvio Leandro da Silva

A leitura de Gueledés: a festa das máscaras, do carioca Raul Lody, faz com que uma pergunta paire no ar: o que fazem as baianas do acarajé quando desmontam suas barracas? A narrativa trata de forma dinâmica de um dos muitos aspectos culturais do povo Yorubá, localizado na região da África Ocidental. São características milenares que perpassaram tempo e espaço atingindo outros agrupamentos que carregam traços afrodescendentes.
O enredo retira a figura feminina do status de submissão – recorrente na maioria das abordagens sobre tribos africanas - e a potencializa corroborando com estudos recentes sobre etnias daquele continente. As Gueledés são manifestações referentes a percepções masculinas sobre os mistérios e magias que rondam as mulheres denominadas Senhoras da Noite (mulheres comerciantes que após o expediente se reuniam para celebrações e transfigurações antropozoomórficas). Eles se fantasiam na expectativa de distrair com festas essas personagens para que as noites fiquem livres de qualquer percalço.
As quitandeiras Yorubás revelam-se verdadeiras fontes de energia econômica e cultural para sua localidade que reverencia seus fazeres, convivendo de forma harmoniosa. Há uma noção de coletividade e pertencimento.  Panos, máscaras e adornos constituem os membros dessa comunidade que tem na cultura material a extensão dos valores preservados pela oralidade.
Enriquecedora, a obra de Lody nos permite uma fruição pelos meandros dessa cultura ancestral tão latente no ritualístico cotidiano brasileiro. Uma leitura encantadora que ressignifica o mito de mulheres que deixaram seu legado nas atividades de gerações descendentes.

FICHA TÉCNICA:

Obra: As Gueledés: a festa das máscaras
Autor e ilustrador: Raul Lody
Editora: Pallas
Ano: 2010


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