Palestra de Abertura - Reginaldo Prandi

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        O mestre e doutor em Sociologia pela USP, professor titular da USP e autor de mais de 30 livros, incluindo obras de sociologia e literatura infantojuvenil, Reginaldo Prandi, ministrou a palestra: Herança africana: concepção de tempo, vida e mundo. 



        Veja algumas citações e ideias da palestra:


        Sobre os traços oriundos da cultura africana, nas artes, na culinária, na língua, na religiosidade, entre outros, Prandi diz "hoje em dia a gente convive com essas heranças sem saber de onde vieram, (...) mas elas estão aí".

        "O nosso tempo é linear (...), não é retornável, (...), é formado por fatos acelerados e enfileirados, estes fatos são ligados pelas 'interconecções', que a gente vai chamar de: relação causa-efeito." Somos singulares, individuais, diversos uns dos outros. Até lembramos que nos assemelhamos aos nossos pais, avós, mas nos julgamos únicos. 
        Na cultura yorubá é diferente, a noção de tempo é circular, "tudo que acontece agora já aconteceu, e tudo que acontece agora vai acontecer de novo". Tudo se repete! Na cultura africana acredita-se que somos cópias dos que vieram antes de nós e damos origem a cópias que virão. Assim, os antepassados experimentaram os mesmo problemas que hoje enfrentamos - aliás, não só as coisas ruins.
        
        Orixás são os primeiros antepassados, os mitos contam suas identidades e personalidades. E nós somos apenas imagens destas divindades. Cada família tem um orixá como antepassado, por isso a terminologia "filhos de". Como todas as religiões politeístas, não se recusa os outros deuses, pelo contrário, os incorpora. Para trabalhar sua personalidade as pessoas devem conhecer seu orixá: "Num primeiro momento, você precisa se reconhecer nestes mitos." Um exemplo são os filhos de Yemanjá, são difíceis de lidar, tem dificuldade em tomar decisões, então se procurarem uma mãe de santo, com essa informação ela já consegue orientar. 
        
        "Essas histórias todas (...) são uma espécie de enciclopédias com todos os conhecimentos destes  povos a respeito do mundo." Eram povos ágrafos, portanto foram disseminadas na oralidade. Os babalaôs eram profissionais que deviam decorar estas histórias, faziam o papel da biblioteca de hoje. No Brasil, embora uma parte esteja hoje escrita, ainda estão vivas nos terreros. 

        "Isso tudo está no patrimônio cultural da gente", mas a gente não sabe. Até na novela das 9h tem essa influência, desta vez (em Avenida Brasil) há uma música com palavras em Yorubá. Porque as novelas "mostram o que queremos ver e sentir", o que está no pensamento popular.

        Tenham todos uma boa noite! E amanhã o Abril Mundo recomeça no período da tarde com as comunicações no anfiteatros: II e da Biblioteca. 




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