Povos indígenas: identidade, alteridade e valorização cultural

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Por Cleber Fabiano da Silva
               
         Desprovidos de protagonismo e versões próprias de sua história, nossos povos indígenas passaram despercebidos – quando não invisíveis – nos temas e conteúdos curriculares das escolas brasileiras. Com alguma presença em livros didáticos, raríssimas em literários, pairavam romanticamente ou miticamente ligados a uma história de luta e resistência, habitantes de uma Atlântida perdida, impossível de se conhecer ou viver.
Aos que se concediam o “ar da graça” de figurar entre os brancos, eram heróis descritos ao modelo europeu e transformaram-se em clássicos da literatura, óperas, filmes, novelas, enfim, sem quaisquer vínculos com a realidade dos homens tangíveis do país. Outras vezes, sua aparição atrelava costumes dos povos ameríndios da América do Norte, emprestando deles características físicas e culturais distantes das nossas centenas de nações indígenas.
Felizmente, em tempos recentes, uma série de discussões legais e curriculares traz à tona todas essas questões sobre a identidade, alteridade e valorização cultural. Para conhecer mais de quem somos como povo e indivíduos, vale a indicação da obra: Brasil Indígena: 500 anos de resistência, de Benedito Prezia e Eduardo Hoornaert. Nele, os autores apresentam a história, a cultura, a organização social de nossos ancestrais, dos coletores, horticultores, agricultores e ceramistas, passando pelas primeiras culturas urbanas e os povos emergentes.
Os capítulos primeiros ressaltam o lugar de destaque dos indígenas brasileiros em meio a outros povos nativos do continente americano, mostrando também importantes impérios pré-colombianos, explicando – didaticamente - a terrível história dos massacres, desde as conquistas marítimas, as invasões européias, os bandeirantes, as reduções do Paraguai, a conquista e resistência na Amazônia, as guerras do século XIX até a questão Rondon no século XX. 
A última parte do livro, intitulada: Construindo os outros 500 anos, promove uma reflexão acerca das possibilidades para os novos tempos, levando em conta as lutas por justiça, terra, liberdade e garantias constitucionais. O apêndice é um farto e rico material que informa sobre os variados troncos liguisticos, as organizações e entidades de apoio, bibliografia e vídeos sobre a questão indígena. Eis uma obra de referência, principalmente para professores e pesquisadores que desejam (e precisam!) conhecer mais para iluminar tantos séculos apagados e silenciados de nossa memória coletiva.   

FICHA TÉCNICA:

Obra: Brasil Indígena – 500 anos de resistência
Autores: Benedito Prezia e Eduardo Hoornaert
Editora: FTD
Ano: 2000


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