A poesia dos cacos

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Por Maria Lúcia Costa Rodrigues

Algumas pessoas nascem para ver o belo nas coisas mais insignificantes. Nem as adversidades da vida as fazem perder esse olhar sensível, ainda bem, caso contrário não teríamos Manoel de Barros ou o Gabriel, nosso personagem da vida real imortalizado em sua obra e por Chistina Dias no livro Instruções para construir uma flor. Por meio de uma escritura poética, a obra traz até nós a história desse negro, filho de escravos alforriados que construiu sua singular casa com rejeitos dos outros.
                Dos afagos de Gabriel o que era caco renasceu, o que era toco floresceu. Sua casa e seu jardim se transformavam numa bricolagem de rejeitos: cacos de tijolos, pedregulhos, retalhos de azulejo, ladrilhos, vidros, tudo eram formas cheias de possibilidades aos olhos de Gabriel.
                No livro de Dias, a história de descobertas do personagem ao construir a casa flor a partir do nada é narrada pelo próprio protagonista. A personalidade sensível e rústica de Gabriel ganha vida nas aquarelas da ilustradora Semiramis Paterno.  É assim que o leitor pode conhecer um pouco desse ser encantador, que faz parte da história da arquitetura espontânea brasileira. Mas somente os mais curiosos e sensíveis saberão seguir as instruções à risca para construir uma flor.

FICHA TÉCNICA

Obra: Instruções para construir uma flor
Autora: Christina Dias
Ilustradora: Semiramis Paterno
Editora: Cortez


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