Mistérios noturnos: especial premiados no Jabuti 2017

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Nessa terça-feira (31/10) o 59º Prêmio Jabuti revelou seus vencedores para o ano de 2017. Entre os 87 premiados (de 1º, 2º e 3º lugar), destacamos dois livros das categorias infantis: "A Boca da Noite", de Cristino Wapichana (3º lugar na categoria de Livro Infantil) e "Adélia", de Jean-Claude Alphen (1º lugar na categoria Ilustração de Livro Infantil ou Juvenil). Venha descobrir que, talvez,  essas duas histórias tenham mais em comum do que a premiação que receberam e confira as resenhas delas abaixo!


Os Mistérios da Boca da Noite

Gabrielly Pazetto

A Boca da Noite, de Cristino Wapichana, com ilustrações de Graça Lima, lançado em 2016 pela editora Zit, acompanha as façanhas do indiozinho Kupai e seu irmão Dum. Juntos, eles descobrem os mistérios d’A Boca da Noite

Dum e Kupai, dois curumins, ouvem, sob a luz da fogueira, a história da Boca da Noite, e ficam imaginando como seria esta tal boca, afinal, “se tem boca, deve haver um corpo!”. E, morrendo de medo, sonham, ou melhor, perdem o sono, pensando que aquela boca enorme e cheia de dentes pode devorá-los. 

A escrita de Wapichana envolve. Cheia de diálogos e reflexões narradas em 1ª pessoa, o escritor consegue transmitir a cultura do povo Wapichana, criar personagens cativantes e ainda desenvolver uma história divertida e cheia de mistério, mas onde tudo acaba bem no final, pois “É a boca da noite que ajuda a manter o equilíbrio da vida na Terra e de todos os viventes”. 

As ilustrações de Graça Lima são uma obra de arte à parte. Em uma página, somos banhados pelo luar e a noite, em outra é o Sol que enche o livro do seu amarelo intenso. Enquanto Wapichana nos presenteia com a sua envolvente narrativa escrita, Graça Lima apresenta uma verdadeira composição de tons, texturas e traços, coroando a obra dos pequenos curumins. 

WAPICHANA, Cristino. A Boca da Noite. Rio de Janeiro: Zit, 2016.


La vie en rose

Nicole Barcelos

Em um mundo cinzento, pincelado timidamente de rosa e verde, vive Adélia. De dia, ela brinca com seus irmãos. À noite, porém, enquanto todos dormem, algo um tanto estranho acontece com a pequena personagem que dá nome à obra de Jean-Claude Alphen.

Publicada em 2016 pela editora Pulo do Gato, Adélia cria, em uma narrativa em que texto visual e verbal (ambos de autoria de Alphen) engendram relação simbiótica, uma deliciosa história sobre descobertas – tanto para sua protagonista quanto para o próprio leitor que a acompanha. 

Pois, nesse delicado livro, matizado pelas cores de seus personagens, somos conduzidos por entre as lacunas criadas pelos ditos e não-ditos, luzes e sombras lançados pelo narrador que propositalmente recorta a história com suas palavras e desenhos de modo a provocar felizes surpresas à cada virada de página. 

Singularmente singelo, Jean-Claude Alphen encanta com traços e verbos bem colocados nessa história em que, é certo, nada é por acaso.


ALPLHEN, Jean-Claude. Adélia. São Paulo: Pulo do Gato, 2016.

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Gabrielly Pazetto é graduanda em Letras (Língua Porutuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis.

Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij e vive se perdendo em buracos de coelho.


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