Resenha de Little Beauty: a beleza da cumplicidade

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Cymara Scremin Schwartz Sell

Em um zoológico, num quarto cujo papel de parede reproduz um jardim florido, um gorila tem tudo o que pode desejar, exceto uma verdadeira companhia. Sua solidão e tristeza são evidentes, e por isso, ao pedir um amigo através da linguagem de sinais, seus preocupados tratadores resolvem lhe atender. Na falta de outro gorila nas proximidades, acaba ganhando de presente uma gatinha chamada Beauty. Quando o olhar profundo e melancólico do gorila cruza o olhar animado e cheio de vida da doce Beauty, uma conexão se estabelece imediatamente. A partir daí somos testemunhas de um afeto que vai sendo construído pelo compartilhamento dos momentos mais corriqueiros da vida.

Esse é, em resumo, o enredo de “Little Beauty” (Candlewick Press, 2008), de Anthony Browne, autor e ilustrador conhecido por suas histórias e ilustrações de gorilas gentis e deslocados. Neste livro, as personificações da Bela e da Fera são retomadas para que se possa falar de um dos aspectos mais significativos da amizade: a cumplicidade. Inexplicável em suas causas, a cumplicidade está tanto no entendimento silencioso que os personagens têm um do outro quanto na defesa final que Beauty faz do amigo. Porque se amam profundamente, ambos dispensam a linguagem de sinais entre si, utilizando-a somente com os humanos que, nas entrelinhas do texto, revelam-se os causadores da angústia do gorila. 

Como todo bom livro ilustrado, “Little Beauty” possui camadas de significados que agradarão tanto os leitores maduros quanto os iniciantes. Lê-lo acompanhado talvez propicie um daqueles belos momentos de cumplicidade.


Cymara Schwartz é graduanda de Letras na Univille e acha os gorilas um dos animais mais bonitos desse mundo.


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