Sensibilidade, força literária e poesia: um especial ao Dia da Mulher

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08 de março.
Dia da mulher.
Assim como: dia de luta, de força, de resistência, de empoderamento e muito, mas muito amor próprio.
Que nesse dia - assim como em todos os outros - as mulheres possam cada vez mais se unir, se amar e serem donas de si mesmas. Que este seja apenas mais um dia para que elas possam se lembrar que juntas podem muito mais e que são capazes de fazer absolutamente qualquer coisa que desejarem.
Para celebrar e incentivar este movimento, separamos poemas exclusivamente escritos por mulheres,  que retratam em seus versos carregados de sentimentalismo, histórias de luta, lições de vida, visões de mundo, representatividade, desilusões amorosas, dentre outras temáticas capazes de sensibilizar.

Confira abaixo nossa seleção de poemas:


ASSIM EU VEJO A VIDA

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
Cora Coralina


MOTIVO

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Cecília Meireles


LOBOS? SÃO MUITOS.

Mas tu podes ainda
A palavra na língua
Aquietá-los.
Mortos? O mundo.
Mas podes acordá-lo
Sortilégio de vida
Na palavra escrita.
Lúcidos? São poucos.
Mas se farão milhares
Se à lucidez dos poucos
Te juntares.
Raros? Teus preclaros amigos.
E tu mesmo, raro.
Se nas coisas que digo
Acreditares.
Hilda Hilst


LEMBRA

Lembra o tempo
em que você sentia

e sentir
era a forma
mais sábia de saber

E você nem sabia?
 Alice Ruiz


AMOR VIOLETA

O amor me fere é debaixo do braço,
de um vão entre as costelas.
Atinge meu coração é por esta via inclinada.
Eu ponho o amor no pilão com cinza
e grão de roxo e soco. Macero ele,
faço dele cataplasma
e ponho sobre a ferida.
 Adélia Prado


ÚLTIMO POEMA

Agora deixa o livro
volta os olhos
para a janela
a cidade
a rua
o chão
o corpo mais próximo
tuas próprias mãos:
aí também se lê
 Ana Martins Marques


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