Resenha da adaptação em HQ de A Revolução dos Bichos: Uma clássica sátira da face obscura da história moderna

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Fernanda Cristina Cunha
É na tinta acrílica que Odyr Bernardi transforma cada página da sua adaptação de "A Revolução dos Bichos" em uma obra de arte dando corpo e movimento ainda mais sensíveis à narrativa de George Orwell.

A Revolução dos Bichos, escrita em meio a Segunda Guerra Mundial, ataca satiricamente as práticas de Stalin e a própria história da União Soviética, criticando assim o que o regime instituído pela Revolução Russa se tornara.

Cansados de se submeterem a exploração, os animais da Granja Solar, motivados pelo discurso do velho Porco Major, veem a possibilidade de impelir uma revolta em busca da posse da fazenda. Em uma tentativa de implantar um sistema igualitário e cooperativo do qual possibilitem a eles deixar no passado a vida miserável e infeliz que vinham vivendo, cria-se uma nova tirania, agora muito mais opressora e doentia dos quais estavam sujeitos.


A realidade sombria escrita por Orwell pode a primeira vista ser apreciada como uma parábola simples e comovente. Contudo, se atendo a cada personagem, vê sê pintada a face da humanidade no seu melhor e pior. Destacando assim os demônios e as cruzes de cada ser humano: ganância, preguiça, inveja e dor.

Mas é na sensibilidade de Odyr que essa face se mostra ainda mais brutal. A adaptação quase nos faz crer que a história já foi concebida no HQ. Nada se perde e os textos mais marcantes aparecem de forma integral na obra, preservando assim as sensações de sua leitura. Cada página parece ganhar movimento diante o sentimento de impotência dos quais o leitor sujeita-se ao decorrer da história.

A revolução que se inicia através de um discurso nobre de igualdade entre todos os animais da Granja, mostra ao leitor com uma aterrorizante perfeição, como o poder transforma oprimidos em opressores. Parafraseando Christopher Hitchens "O que este livro nos diz é que aqueles que renunciam à liberdade em troca de promessas de segurança acabarão sem uma nem outra.

Fernanda Cristina Cunha é graduanda de Psicologia pela Univille. Atua como bolsista do Prolij e busca através dos livros que lê as longas caminhadas por dentro de si mesma. 



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