Resenha de O escuro: entre os medos da infância

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Luca tinha medo do escuro, mas eles moravam na mesma casa. A casa era grandiosa, cheio de lugares misteriosos onde o escuro sempre podia estar escondido: no armário, atrás da cortina do banheiro, na escada durante a noite e principalmente no porão, mesmo ao longo do dia. O menino, muito esperto e ainda muito pequenino, fazia visitas ao escuro ao longo do dia, para que à noite ele não saísse do porão e viesse visitá-lo.

O escuro toma a dimensão de uma personagem na narrativa e chega até mesmo a se comunicar com o menino, deixando-o ainda mais assustado. Porém, em uma certa noite, o escuro saiu do porão e decidiu entrar no quarto de Luca, dizendo que havia algo para lhe mostrar. O menino, sabendo exatamente quais eram os locais que o escuro adorava se esconder foi logo palpitando: atrás da cortina do banheiro? Não! Dentro do armário? Não! Lá em baixo? Sim! E com mais medo do que nunca, desceu as escadas e o seguiu, indo em direção ao tão temido porão. Era algo que nunca sequer tivera coragem de fazer antes, visitar o porão à noite era certamente a maior aventura de sua vida.


O escuro pediu que o menino abrisse a gaveta de uma cômoda e lá estava sua maior surpresa: uma lâmpada! O escuro parecia realmente se importar com ele, pois acabara de ganhar o próprio objeto que o espantava, ainda que isso não fosse superar o medo do escuro completamente.

A obra mostra aos leitores que mesmo os medos mais profundos podem ter dois lados e que os dois precisam ser conhecidos, e isso só é possível através da aproximação estabelecida. Luca não deixou de ter medo, mas sabia que a lâmpada o ajudaria de alguma forma e também que o escuro sempre estaria em algum lugar de sua casa, sempre que precisasse. A relação entre os dois se tornou quase uma amizade, mostrando que a superação do medo não é instantânea, mas um processo de compreensão, que precisa de diálogo e do conhecimento dos dois lados da história. 

Isabela Giacomini é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e vê na literatura uma porta para outros universos e realidades.



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