Resenha: O Gato e o Escuro, de Mia Couto

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Uma história contra o medo

Andréa de Oliveira
Mestranda em Patrimônio Cultural e Sociedade
Pesquisadora Voluntária do Prolij

A vida é uma contínua força que nos traz crescimento e mudança, onde para atingirmos, uma certa estabilidade psíquica muitos anos são necessários, muitas pontes precisam ser construídas e experimentadas.

No livro O gato e o escuro, do moçambicano Mia Couto (2008), pode-se perceber a presença contextualizada de tais necessidades.

O medo do escuro é experimentado por Pintalgato, um gato filhote que a principio se mantém contido, querendo descobrir o que se esconde além da fronteira do dia com a noite e que está preso ao medo do desconhecido. Aos poucos ele se rende ao escuro tornando-se tão negro quanto Ébano.

Uma história que nos mostra a importância da mediação materna, da solidariedade e do sentimento de confiança. E de que muitas vezes, “nós é que enchemos o escuro com nossos medos” e que o escuro pode se construir dentro de nós, pelos conceitos que estabelecemos através de nossas interações com o mundo. Levando em conta que os medos não devem nos afastar das descobertas e do prazer de viver e mais do que tudo, de que é necessário sim experimentar, mesmo que isto implique sofrer.

As ilustrações de Marilda Castanha nos remetem a traços indígenas e africanos, mostrando a beleza do que pode ser tão primitivo quanto o próprio medo, desvendando certezas e incertezas.

O gato e o escuro, de Mia Couto, vale a pena experimentar sem medo.


Livro: O gato e o escuro
Autor: Mia Couto
Ilustrações: Marilda Castanha
Editora: Companhia das Letrinhas
São Paulo, 2008


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Um comentário:

ítalo puccini disse...

esse livro é maravilhosamente bem escrito.

e esta escrita sobre ele também ficou pra lá de boa :)

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