A socialização e a humanização da criança através dos livros infantis

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¹Evelyn de Souza Mayer de Almeida






Uma personagem peculiar do Sítio do Pica-pau amarelo, de Monteiro Lobato, é a Vovó Dona Benta. Engraçado é perceber que Narizinho, neta de Dona Benta, não têm mãe nem pai, mas nem por isso é infeliz. Até porque, além de viver em um É verdade Sítio que mais parece um mundo encantado e fantasioso (e que não poderia existir no mundo real) ela sabe que nas férias, seu primo, Pedrinho, virá lhe fazer companhia. Esta alegria que lá existe contagia até hoje não somente o mundo infantil, mas todas as pessoas de todas as faixas etárias.

Dona Benta demonstra seu amor por todos, até por aqueles personagens que são inanimados no mundo real. Dentro do Sítio ela traz a harmonia, amor, felicidade, permite às crianças conviverem bem entre todos, sem preconceitos. E apesar deste mundo em que elas vivem ser fantasioso, imaginário, ele se mescla com a realidade.
Já o personagem da autora Lygia Bojunga do livro “Seis vezes Lucas”,cujo mundo é real, precisa criar um mundo imaginário, fantasioso para poder ser menos infeliz, menos triste. É o mundo que Lucas tem coragem de enfrentar, de ser ele mesmo, onde ele é menos cobrado e mais respeitado, afinal, Lucas vive numa família totalmente desequilibrada emocional e afetivamente. Seu pai é desonesto, adúltero. Sua mãe tem uma baixa-auto-estima tão grande que vive mendigando o amor do marido. Com isso Lucas vive à margem desta casa.
Para ser menos triste, ele vive um amor platônico por sua Professora de Artes (que tem um caso com seu pai), além de criar amigos imaginários e um personagem para si mesmo. Passa por uma dor e revolta quando, após a separação dos pais, eles retornam. Com isso Lucas percebe o quanto os adultos são infantis em algumas coisas.
Ao analisar as duas estórias, é possível notar o quanto elas são latentes no cotidiano. É próprio do ser humano criar, imaginar, sonhar, inventar. Mais ainda: é próprio do ser humano criar estas fantasias para poder viver, pois o mundo real é um mundo duro, disputado, castigador. O que as distancia é que na obra de Monteiro o mundo real entrou no mundo da imaginação, e o personagem do mundo real da obra de Lygia necessitou entrar no mundo fantasioso.
Usando destas duas obras (e de tantas outras boas obras que há), tanto o professor como os pais precisam atentar para a necessidade de uma nova visão para a humanização e a socialização da criança. É preciso que estes interajam no mundo daquelas para que tenhamos, num futuro bem próximo, menos dor, menos homens maus, desprovidos de afetos, carinho e bons sonhos. É extremamente importante que ressurja nas escolas e nas famílias uma nova estrutura sócio-educativa, afetiva e emocional. Os bons livros infantis podem trazer aos pais e professores o estímulo e o incentivo para a reflexão de como tem sido o amor, o respeito, a ternura. Pensar em que exemplos estão dando, em que sociedade está criando para o futuro. Além do que, não somente as crianças se humanizarão e socializarão com o exercício da leitura destes bons livros, mas também as famílias e as escolas mudarão seu modo de trabalhar.



LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. 52ª edição - Ed. Brasiliense. – São Paulo, 1996. 168 páginas.

BOJUNGA, Lygia. Seis vezes Lucas. 4ª edição – Ed. Casa Lygia Bojunga. – Rio de Janeiro, 2005. 134 páginas.


¹Acadêmica de Letras e estagiária do Prolij.


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2 comentários:

Dayanire Lima disse...

Parabéns pelas observações!!
Amei o texto, e com certeza me servirá de norte na minha pesquisa sobre " A importância a literatura infantil no processo de socialização da criança"
Poderíamos conversar melhor sobre esse assunto?

Beijos

Dayanire Lima disse...

Bom dia!

Parabéns pelo texto! Adorei!
E com certeza se me permitir me servirá de norte em em minha nova pesquisa: " A importancia da literatura infantil no processo de socialização da criança"
Poderíamos conversar mais sobre o assunto?

Beijos

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