Uólace e João Victor: Paralelismos invisíveis

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                                      Por Sueli de Souza Cagneti

Ao olharmos a capa do livro de Rosa Amanda Strausz, prêmio João de Barro /98 e Altamente recomendável- FNLIJ/99, nossas deduções são imediatas: Uólace é o adolescente negro e, portanto, pobre, com nome americano adulterado pela ignorância; João Victor é o branco e rico, com nome de quem tem futuro promissor. Inspiradora de um dos episódios da minissérie Cidade de Deus, a obra de Strausz longe está da velha e conhecida discussão provocada pelas diferenças sociais e raciais. Embora não deixe de evidenciar essas questões que são óbvias, dadas às pistas iniciais, o ineditismo da obra está no contraponto que faz da vida desses dois jovens, ao mesmo tempo tão diferentes e tão iguais. Ambos vivem a insegurança da maturidade que os espreita, sem grandes promessas de sonhos cumpridos, de desejos realizados, de medos superados. Ambos vivem suas perdas, sua eminente solidão, suas descobertas precoces de que nem sempre é possível fugir ao fatum que- por razões não explicáveis- colocam em xeque nossas necessidades e lutas pela sua superação. É na constatação de ambos, cujas vidas se entrecruzam, mas não se encontram, que Rosa Amanda Strausz nos diz que o homem é mais do que cor de pele, conhecimento acadêmico, situação social e familiar: " (...) Mas ele também não parece corajoso. Só ... perdido. Igual a mim." João Victor, p.59. "Parece tão perdido. Igual a mim. Igual a mim, repito baixinho." Uólace, p.62.  Bom... Dito isto, é recomendar a leitura, que como se pode deduzir, promete.

FICHA TÉNICA:

Obra: Uólace e João Victor
Autora: Rosa Amanda Strausz
Editora: Objetiva
Ano: 2005



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