Luís Camargo
(Correspondente Nacional do PROLIJ)

Esta obra apresenta as biografias de três dos maiores artistas brasileiros do período colonial: o arquiteto e escultor Aleijadinho (1730-1814), o arquiteto e urbanista Mestre Valentim (1745-1813) e o compositor padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830).
Além do período histórico, os três compartilham a mestiçagem: são filhos de portugueses com mulheres negras, africanas, escravas. Os “anjos mulatos” do título sinalizam tanto o elevado valor artístico desses artistas como a presença da cultura africana no Brasil. Trata-se, assim, de uma contribuição inestimável para a implementação da lei 10.639, de 2003, que determina a obrigatoriedade do ensino da cultura afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio.
Cada biografia apresenta, resumidamente, o contexto histórico, social e cultural em que cada artista viveu, os fatos mais importantes de sua vida e um panorama da produção artística de cada um. Tudo baseado nos principais pesquisadores e especialistas em cada artista, como se pode comprovar pela bibliografia.
O ponto alto do livro, no entanto, são as três pranchas que ilustram cada uma das três biografias. Rui de Oliveira é um dos nossos maiores ilustradores, reconhecido e premiado internacionalmente. Ensaísta (autor de Pelos Jardins Boboli: reflexões sobre a arte de ilustrar livros para crianças e jovens) e professor universitário, é obcecado pela exatidão visual, como o processo de trabalho, mostrado ao final do livro, pode demonstrar. As ilustrações encantam pela verossimilhança. Além disso, Rui escolheu enquadramentos que fazem o observador se sentir participante das cenas.
A observação atenta das pranchas revela outros aspectos: os gestos e olhares dos personagens expressam sentimentos, atitudes, intenções. Por isso, além de uma belíssima introdução à arte brasileira colonial, este livro é também uma introdução à alma humana.
Dirigido ao público adolescente, Três anjos mulatos do Brasil fisga a curiosidade do jovem leitor, levando-o a um patamar mais elevado de conhecimento histórico e apreciação estética. É um convite aos leitores de todas as idades a “salvaguardar os princípios da diversidade e da tolerância cultural e racial.”

FICHA TÉCNICA:


Obra: Três anjos mulatos do Brasil
Autor: Rui de Oliveira
Editora: FTD

        Na manhã do dia 21, sábado, no palco principal da 9ª Feira do Livro de Joinville, os três autores, Cleber Fabiano de Silva, Sonia Regina Reis Pegoretti e Sueli de Souza Cagneti, fizeram mais um lançamento, com contribuições dos demais prolijianos, do segundo livro de resenhas do Prolij, este com a temática africana e afro-brasileira. 
 

        No stand da  Prefeitura, o Livro dos Livros Resenhas do Prolij v.2 - Literatura Africana e Afro-Brasileira estava à venda por R$25,00, além de receberem autógrafos dos escritores. Também as escolas municipais receberam cada uma gratuitamente um exemplar do livro, devido ao apoio das Bibliotecas Públicas.

  

        Os livros (volume 1 e 2) podem ser adquiridos no Prolij (Biblioteca Central da Univille, piso térreo), horário de funcionamento: 8h - 12h e 14h30min - 18h30min (de segunda a sexta-feira).Contato: (47) 3461-9059 / prolij@univille.br.
        Nesta última noite do VII Abril Mundo 2012, recebemos a professora  de História da África da USP, graduada em Ciências Políticas, mestre em História da Cultura, pela PUC/SP, e doutora em História pela Universidade Federal Fluminense/RJ, especialista na área de cultura africana e afro-brasileira, Marina de Mello e Souza, com a palestra A construção de memórias e identidades afro-brasileiras, que será mediada pelo professor Silvio Leandro da Silva, graduado em História e mestrando em Patrimônio Cultural Sociedade pela Univille.
      
        Veja ideias e citações desta palestra:

        A palestra foi pensada na ideia de que é importante conhecer os povos africanos, pois a África é muito mais que um continente. Deve-se estudar de onde vieram e o que viveram antes da escravidão para falar, escrever ou analisar as produções a respeito destes povos. Ou seja, para Marina de Mello e Souza "a história é a base".

      Sobre maneiras de organização dos povos, a historiadora ressalta: a importância da família, o poder centralizado estruturado, o mundo visível (nós) e o invisível (ancestrais) - para compreensão da vida, sempre interligados -, e por muito tempo ágrafas, eis a importância dos contadores dos mitos (decorados) que Reginaldo Prandi falava na quarta-feira. 

        O tráfico de escravos acontecia com estrangeiros, sem direitos civis na sociedade onde é incorporado, é uma propriedade do senhor (branco), muitas vezes afastados dos membros de sua família... Ou seja, o que alguns escritores chamam de "morte social".  

        "A gente não pode falar de 'África', não pode falar de 'negro', é preciso ter um olhar mais especificado". Afinal, são muitos povos e se tratando da sociedade escravocrata são diversificados, dependendo da aldeia de origem, experiências, língua, costumes, relação 'econômica' com o senhor, trabalhos realizados, etc.

        Na sociedade escravocrata, o negro é visto como escravo, mesmo que nascido livre, sempre será visto como suspeito (será um escravo fugido?). 

        Sobre a construção de identidade, "o sujeito pode vir nu", mas mesmo que tenha 10 anos de idade já terá uma bagagem cultural da sua aldeia. "Não existe, no meu entender, uma transposição pura da cultura africana." Chegando ao Brasil torna-se cultura "afro-brasileira", inclusive com a influência indígena, não apenas do branco. Há um processo de "desafricanização" destes povos, especialmente naqueles que ganham um espaço na casa do branco, como as amas de leite, ficam quase "sinhazinhas" negras. 

        Os ritos são reconstruídos, pois a natureza é outra, os espíritos desta natureza mudam, além das muitas influências culturais (africanos de aldeias diferentes e indígenas). Bem como outros elementos culturais, como as danças, as músicas e as rezas. 

        O tambor é tipicamente um instrumento que abre a relação entre mundo visível e invisível, tem todo um ritual para tocar, muitas vezes só permitido a alguns. 

        Esses rituais são permitidos pelos senhores numa ideia de que "ficarão mais calmos e trabalharão melhor". O branco escravista se recusa a conhecer o negro, sua cultura, seus hábitos, enquanto o escravo sabe tudo o que acontece com seus senhores.


 
        Sobre o candomblé, ela explica que como acontece no Brasil é tipicamente brasileira, embora mantenha muito próxima às religiões africanas. A palestrante explica que a história é dinâmica, sofre transformações todo o tempo. Ela sugere o documentário "Mensageiro entre dois mundos". 
        
        Por fim, pode-se concluir que a memória africana é parte constitutiva de cada brasileiro. A historiadora ainda diz que a identificação "afro-descendente", vista de forma positiva, é momentânea, logo seremos todos BRASILEIROS. 


        O evento termina, a reflexão continua...
     Agradecemos a todos os palestrantes, convidados e participantes. E convidamos a todos para o lançamento do Livro dos Livros Resenhas do Prolij v. 2 - Literatura Africana e Afro-Brasileira, amanhã (dia 21) às 10h30 no palco principal da Feira do Livro de Joinville. 

          
        Último dia do VII Abril Mundo 2012, com aquele gostinho de "quero mais". A tarde de oficinas, como muitos previam, foi um sucesso. Dos que vieram por admirar o Professor Cleber, passando pelos que queriam aprender mais com o Professor Dr. Prandi, àqueles que tinham sede de conhecimento em africanidades, todos caminharam na desconstrução/construção.





        Ainda hoje, teremos a palestra A construção das memórias e identidades afro-brasileira com a Professora Dra Marina Mello e Souza, às 19h, no Auditório da Univille.
        Nesta noite de 19 de abril, a programação do VII Abril Mundo 2012 teve início com duas apresentações  do grupo de danças urbanas Maniacs Crew. Porque somos MULTI! Aprendemos com todas as artes...


        Na sequência, a professora Sueli de Souza Cagneti agradeceu a presença de todos, muito especialmente ao Professor Paulo Borges, diretor fundador da Associação Cultural de Negritude e Ação Popular, e à Alaíde Costa, da  Associação de Caridade e Culto Afro Abassá de Inkisse Nzazi. 




        Então, deu-se início a palestra Arte com balangandãs e muiraquitãs com Maurício Negro, ilustrador, escritor e designer gráfico, que possui mais de cem livros ilustrados e participou de diversas exposições e catálogos no Brasil, Argentina, México, Itália, Alemanha, Eslováquia, Coréia e Japão.




        Veja algumas ideias e citações desta palestra: 
        
        Sobre a busca por um recorte apurado da "arte brasileira", Negro diz "Tudo é brasileiro! A gente é antropofágico."


        O palestrante justificou o título explicando que balangandãs são pulseiras cheias de pingentes, uma espécie de amuleto que as baianas levavam como bracelete de sorte, e muiraquitãs são figuras esculpidas em pedras da Amazônia, ou seja, palavras representativas das duas culturas as quais ele mais se dedica (africana e indígena). Inclusive tendo um projeto editorial chamado Muiraquitãs, deseja ainda ter um com nome de Balangadãs.

        Maurício Negro ainda apresentou uma seleção de deslumbrantes imagens suas ao som de "Samba da bênção", de Vinícius de Moraes, e de "Batuque na cozinha", de Martinho da Vila.  

        Antes da sessão de perguntas, o mestre de cerimônia, Cleber Fabiano da Silva, agradeceu publicamente a artista plástica e prolijiana Maria Lúcia Costa Rodrigues pela arte do evento e toda a decoração. 


        Maurício diz que gosta de dar chance ao acaso, que na sua arte permite experimentações, embora tenha revelado que estuda muito o tema de um livro até começar a ilustrá-lo.


        Agradecemos a presença de todos, e gostaríamos de lembrar que amanhã à tarde as oficinas serão nas salas de aula do piso superior do BLOCO A da Univille. 

        Com literárias e instigantes leituras, os autores Cleber Fabiano da Silva, Sueli de Souza Cagneti e Sonia Regina Reis Pegoretti, fizeram o lançamento do Livro dos Livros Resenhas do Prolij v.2 - Literatura Africana e Afro-Brasileira.


        O público interagiu pegando sortes do livro "Sortes de Villamor", de Nilma Lacerda, um dos livros resenhados neste segundo volume.


        Os livros estarão à venda em todo o evento, também na 9ª Feira do Livro no Lançamento neste sábado (10h30 no palco principal) e posteriormente no PROLIJ (Biblioteca Central da Univille).

Valor: R$25,00
Contato: (47) 3461-9059 / prolij@univille.br

       
        Organizadas em dois anfiteatros as comunicações levantaram diversas questões acerca das africanidades.

        No intervalo, presentearam-nos com sua música o grupo Joinville Bate Lata.


        Agradecemos os pesquisadores que compartilharam seus estudos nesta tarde do dia 19 de abril e os ouvintes que abriram este espaço em suas agendas, e mentes, para trocarem informações.
        O mestre e doutor em Sociologia pela USP, professor titular da USP e autor de mais de 30 livros, incluindo obras de sociologia e literatura infantojuvenil, Reginaldo Prandi, ministrou a palestra: Herança africana: concepção de tempo, vida e mundo. 



        Veja algumas citações e ideias da palestra:


        Sobre os traços oriundos da cultura africana, nas artes, na culinária, na língua, na religiosidade, entre outros, Prandi diz "hoje em dia a gente convive com essas heranças sem saber de onde vieram, (...) mas elas estão aí".

        "O nosso tempo é linear (...), não é retornável, (...), é formado por fatos acelerados e enfileirados, estes fatos são ligados pelas 'interconecções', que a gente vai chamar de: relação causa-efeito." Somos singulares, individuais, diversos uns dos outros. Até lembramos que nos assemelhamos aos nossos pais, avós, mas nos julgamos únicos. 
        Na cultura yorubá é diferente, a noção de tempo é circular, "tudo que acontece agora já aconteceu, e tudo que acontece agora vai acontecer de novo". Tudo se repete! Na cultura africana acredita-se que somos cópias dos que vieram antes de nós e damos origem a cópias que virão. Assim, os antepassados experimentaram os mesmo problemas que hoje enfrentamos - aliás, não só as coisas ruins.
        
        Orixás são os primeiros antepassados, os mitos contam suas identidades e personalidades. E nós somos apenas imagens destas divindades. Cada família tem um orixá como antepassado, por isso a terminologia "filhos de". Como todas as religiões politeístas, não se recusa os outros deuses, pelo contrário, os incorpora. Para trabalhar sua personalidade as pessoas devem conhecer seu orixá: "Num primeiro momento, você precisa se reconhecer nestes mitos." Um exemplo são os filhos de Yemanjá, são difíceis de lidar, tem dificuldade em tomar decisões, então se procurarem uma mãe de santo, com essa informação ela já consegue orientar. 
        
        "Essas histórias todas (...) são uma espécie de enciclopédias com todos os conhecimentos destes  povos a respeito do mundo." Eram povos ágrafos, portanto foram disseminadas na oralidade. Os babalaôs eram profissionais que deviam decorar estas histórias, faziam o papel da biblioteca de hoje. No Brasil, embora uma parte esteja hoje escrita, ainda estão vivas nos terreros. 

        "Isso tudo está no patrimônio cultural da gente", mas a gente não sabe. Até na novela das 9h tem essa influência, desta vez (em Avenida Brasil) há uma música com palavras em Yorubá. Porque as novelas "mostram o que queremos ver e sentir", o que está no pensamento popular.

        Tenham todos uma boa noite! E amanhã o Abril Mundo recomeça no período da tarde com as comunicações no anfiteatros: II e da Biblioteca. 


         Neste dia 18 de abril de 2012, teve início o VII Abril Mundo 2012 - A Literatura Africana e Afro-brasileira, promovido pelo Programa Institucional de Literatura Infantil Juvenil (PROLIJ) e a Universidade da Região de Joinville, com patrocínio do Simdec. Professores, alunos e pesquisadores assistiram à apresentação literária do Professor Cleber Fabiano da Silva, com texto de Renato Mendes, seguida pela cerimônia de abertura.


        O seminário tem como objetivo dialogar os aspectos linguísticos e discursivos da Literatura Africana e Afro-brasileira, a fim de que preconceitos e esteriótipos não se perpetuem. Com auditório bastante cheio, as autoridades formaram a mesa. A Professora Pró-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários, representando o reitor da universidade, parabenizou o evento e agradeceu os demais membros da mesa, lembrando que ela própria foi prolijiana.


        Findou-se a cerimônia, e deu início ao seminário, com a literária e estimulante fala da Professora Dra. Sueli de Souza Cagneti, coordenadora do Prolij e organizadora do evento. Lembrando as importâncias do dia 18, mencionou Lobato e o Dia Nacional da Literatura Infantil, além é claro, esta linda abertura. Presenteou o público com o poema "chão", do escritor angolano Ondjaki, p.9 do livro "Há prendizajens com o xão (o segredo húmido da lesma e outras descoisas). Abriu as reflexões do olhar para si, para, quem sabe, ver o outro. Esta é a mensagem para esse seminário, encontre-se, para, então, pode estudar e falar a cultura e literatura, africana, brasileira, mundial. 


   É hoje! Além do Dia Nacional da Literatura Infantil (em comemoração ao aniversário de Monteiro Lobato), começa o VII Abril Mundo 2012 - A literatura africana e afro-brasileira!
   Desejamos a todos os participantes um excelente curso! Que sejam 3 dias de literatura, cultura e aprendizagens...

   Hoje, dia 17 de abril, o escritor Ignácio Loyola Brandão prestigia a cidade de Joinville com sua presença na 9ª Feira do Livro, falando sobre o processo de criação de sua obra "Não Verás País Nenhum - o futuro que ninguém quer", às 10h e às 15h.  (Veja a programação completa aqui!)

      O Prolij parabeniza o autor que acaba de conquistar o prêmio de "Melhor Livro Juvenil" pela FNLIJ com o livro "A Morena da Estação"!
 
* Artigo originalmente publicado (aqui) no Jornal ANotícia, no dia 15 de abril de 2012, no Caderno Anexo Ideias (p.4), refere-se ao evento beneficiado pelo Mecenato Municipal 2011 através do Simdec.

Africanidade sem equívocos


Abril Mundo, que ocorre de 18 a 20 de abril, na Univille debate a literatura afro-brasileira


SUELI DE SOUZA CAGNETI

Falar a respeito do “Estudo da Africanidade e seus Equívocos” foi uma constante nos últimos 14 meses no grupo Reinações do Prolij, que se reúne há mais de 15 anos. O grupo em questão elege a cada dois, três anos uma temática, cuja pesquisa exaustiva tem resultado em participação em congressos e afins pelo Brasil e pelo mundo (Irã, Cuba, Colômbia, China, Itália, Portugal, Ilha de Madeira, Índia, México); em produções bibliográficas como artigos em revistas especializadas, anais de congresso, em blogs e revistas eletrônicas; e na elaboração e execução de eventos como o seminário Abril Mundo – Literatura Infantil, já em sua sétima edição.

O Abril Mundo surgiu em 2005 por ocasião do aniversário (200 anos de nascimento) de Hans Christian Andersen. Após pesquisa em torno da vida e obra do escritor, o grupo Reinações do Prolij, com o intuito de estender à comunidade os resultados de suas pesquisas, preparou o evento Abril Mundo: Literatura Infantil 2005, que atraiu uma participação significativa tanto da academia, quanto da comunidade extra-acadêmica. A partir daí, outros cinco temas foram explorados: “Da Itália para o Brasil: os caminhos de Pinóquio”, “Imagens que contam histórias”, “Contar histórias multiplica a gente”, “Literatura de todas as formas” e “A literatura e a cultura do índio brasileiro”, na última edição do evento, ocorrida em 2010. A partir daí, o seminário foi ampliado, oportunizando sessão de comunicação de pesquisas em torno do tema proposto, resultando na publicação de anais do congresso, com os artigos dos proponentes selecionados. Por essa razão, passou a ser bianual.

No evento deste ano, o 7º Abril Mundo 2012 – A Literatura Africana e Afro-brasileira, as discussões girarão em torno da temática com a qual foi iniciada a pesquisa em “O estudo da africanidade e seus equívocos”, em 2011. O objetivo maior do tema proposto foi o de analisar a produção editorial para crianças e jovens, cuja temática fosse africana ou afro-brasileira, bem como escrituras provindas dessas etnias, principalmente, a partir de 2003, quando a Lei 10.639 alterou o parágrafo 26 da LDB (Lei de Diretrizes e Bases), tornando obrigatório o estudo da cultura e da história africana e afro-brasileira em toda a educação básica, principalmente, nas disciplinas de história, artes e literatura.

O objetivo maior da pesquisa e seus desdobramentos, como o evento organizado para os próximos dias 18, 19 e 20 de abril, tem sido o de evidenciar os possíveis equívocos que possam (e que constatamos: já começaram a ocorrer!) na produção de material, principalmente, bibliográfico para utilização nas escolas. Dentre o número expressivo de literatura endereçada a crianças, adolescentes e jovens, livros informativos e/ou teóricos como suporte para professores tem-se encontrado trabalhos de apurada preocupação estética, ética e literária, entre uma enxurrada de obras descompromissadas com a qualidade, em virtude da quantidade alavancada pela demanda. Afinal, a lei caiu nos ombros dos professores, sem que esses, na sua maioria, tivessem sido preparados para o exercício dessa função. Daí a grande procura de material didático/bibliográfico como norte para suas aulas.

Eis o trabalho, portanto, do grupo Reinações do Prolij, que tem analisado as obras produzidas nos últimos anos, selecionando e resenhando-as, e – para conhecimento dos interessados - postado-as no blogdoprolij.blogspot.com. Essas resenhas, cujo volume tornou-se bastante grande, resultou no 2º volume da “Coleção Livro dos Livros: Resenhas do Prolij”, sob o título “A Literatura Africana e Afro-brasileira”, que será lançado no dia 19, às 18 horas, no hall do auditório da Univille, e no dia 21, às 10h30, no palco principal da Feira do Livro de Joinville. Além disso, o Abril Mundo centrará suas discussões em palestras, comunicações e oficinas, nas questões consideradas de maior relevância nos dados já compilados da pesquisa. A maior delas, sem dúvida, é a da não repetição dos equívocos já cometidos em relação aos estudos étnico-raciais feitos nas escolas. Serão, portanto, discutidos os livros tanto literários, quanto informativos e/ou teóricos, quanto à ilustração, à linguagem, à abordagem temática, evitando os preconceitos e estereótipos, por tanto tempo, circulantes e que – em mãos desinformadas, mesmo que bem intencionadas – poderão ser reforçados.

* Sueli de Souza Cagneti é coordenadora do Programa Institucional de Literatura Infantil Juvenil (Prolij), pesquisadora e professora do curso do mestrado em patrimônio cultural e sociedade e nos cursos de letras e pedagogia, da Univille.
O Prolij convida a todos para o lançamento de seu segundo livro da Coleção Livro dos Livros. Este volume tem como tema: A literatura africana e afro-brasileira!

Onde: Hall de entrada do Auditório / Univille
Quando: 19/04/2012 (quinta-feira) às 18h
O quê: Lançamento do livro Resenhas do Prolij v.2 - Literatura Africana e Afro-brasileira (Coleção Livro dos Livros)
  18/04/2012
19h30minSolenidade de Abertura
20h - Palestra de abertura: Reginaldo Prandi – “Herança Africana: concepção de tempo, vida e mundo”.
Graduado em Ciências Sociais pela fundação Santo André, mestre e doutor em sociologia pela USP. Professor titular da USP, é atualmente docente permanente do programa de pós-graduação em sociologia da mesma universidade. É autor de mais de 30 livros, incluindo obras de sociologia e literatura infanto-juvenil.
  
19/04/2012
14h às 17h10minComunicações de pesquisas sobre as literaturas africanas e afro-brasileiras.
15h30min às 15h45minApresentação com o grupo Joinville Bate Lata
O Joinville Bate Lata nasceu no ano de 2007 e visa a socialização de crianças e adolescentes através da música e da sustentabilidade, pois seus instrumentos são construídos com materiais totalmente recicláveis como latas de tinta, extrato de tomate, ervilha, garrafas pet e tonéis de plástico. No 2º semestre de 2008 o grupo recebeu apoio financeiro da Fundação Cultural de Joinville através do SIMDEC, atualmente recebe o apoio do Programa mais Educação do governo federal e do SIMDEC.

18h – Lançamento do Livro dos livros – Resenhas do Prolij v2 – A Literatura Africana e Afro-brasileira
19h às 19h15minApresentação com o grupo Maniacs Crew.
O grupo de danças urbanas Maniacs Crew foi fundado em 2008 e é o atual campeão na modalidade Danças Urbanas no Festival de Dança de Joinville, que é considerado o maior festival de dança do mundo segundo o Guiness Book. Eleito o melhor bailarino do Festival de Dança 2011, Felipe Rosa Cardoso, também faz parte do grupo. O projeto social atende a 100 bailarinos, com aulas de dança e palestras. Desde 2010 o projeto funciona através de recursos do SIMDEC e de contribuições da comunidade.
 1.  Coreografia: Rocking Coreógrafos: Thiago Rodrigo Moreira e Felipe Rosa Cardoso
 Coreografia campeã do Festival de Dança de Joinville de 2011
 2.  Coreografia: City of the Dance Coreógrafo e bailarino: Felipe Rosa Cardoso
 Coreografia campeã do Festival de Dança de Joinville de 2011. Melhor Bailarino do Festival de Dança de Joinville de 2011.

19h20min Palestra com o Ilustrador e escritor Maurício Negro – “Arte com balangandãs e muiraquitãs”.
Ilustrador, escritor e designer gráfico. Estudou Arquitetura e Urbanismo e é graduado em Comunicação Social pela ESPM. Tem mais de cem livros ilustrados e participou de diversas exposições e catálogos no Brasil, Argentina, México, Itália, Alemanha, Eslováquia, Coréia e Japão. Membro do conselho gestor da SIB (Sociedade dos Ilustradores do Brasil) e filiado à AEI-LIJ (Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil).

20/04/2012
14h às 17h30min – Oficinas
Oficina 1Literatura afro-brasileira para crianças – Professor Mestre em Educação Cleber Fabiano da Silva
Oficina 2Literatura africana infantojuvenil no espaço escolar – Professora Mestre em Patrimônio Cultural e Sociedade Sonia Regina Reis Pegoretti
Oficina 3A ilustração dos livros de literatura africana e afro-brasileira – Professora Mestre em Patrimônio Cultural e Sociedade Maria Lucia Costa Rodrigues
Oficina 4Contextualização histórica do Brasil – África 500 anos – Professor Mestrando em Patrimônio Cultural e Sociedade Silvio Leandro da Silva
Oficina 5Mitologia dos Orixás - Professor Doutor em Sociologia José Reginaldo Prandi
Oficina 6 A sensibilização pela poética afro-brasileira – Professora Mestre em Patrimônio Cultural e Sociedade Alcione Pauli e Professora especialista Áurea Cármen Rocha Lira
15h30min às 16h – Apresentação cultural
  
19h - Palestra de encerramento com Marina de Mello e Souza“A construção de memórias e identidades afro-brasileiras”.
Graduada em ciências políticas pela PUC/SP, mestre em história da Cultura pela PUC/SP e doutora em História pela Universidade Federal Fluminense/RJ. Professora de História da África da USP e especialista na área de cultura africana e afro-brasileira.

Obs.: Todo o evento será no Campus (Bom Retiro) da Univille. As palestras serão no Auditório (bloco da Reitoria), e as atividades vespetinas (oficinas e comunicações) serão em salas de aula informadas na primeira noite do evento.

Por Sonia Regina Reis Pegoretti

            Muito legal a ideia de Rogério Andrade Barbosa em coletar e apresentar brincadeiras infantis de vários países africanos. Em Ndule Ndule – assim brincam as crianças africanas, o lema é se divertir.
            O livro conta a história dos irmãos Korir e Chentai, que moram e estudam no interior do Quênia. Como tarefa, eles tiveram que pesquisar como as crianças brincam em diversos países africanos. Através da internet e de cartas, os amigos aprenderam e se divertiram.
            Ao todo são sete brincadeiras reunidas da África do Sul, da República Democrática do Congo, da Nigéria, do Senegal, de Botswana, da Tanzânia e da Guiné-Bissau. A ilustração de Edu Engel é alegre e colorida, retratando o universo infantil na escola. E aí? Quer aprender uma brincadeira nova?

FICHA TÉCNICA:

Obra: Ndule Ndule – assim brincam as crianças na África
Autor: Rogério de Andrade Barbosa
Ilustrador: Edu Engel
Editora: Melhoramentos
Ano: 2011
        É com muito prazer que o Prolij anuncia a aprovação, segundo a comissão julgadora do Abril Mundo 2012 - A literatura africana e afro-brasileira, de 18 comunicações. Seguem seus títulos e autores:


JOINVILLE, MITOS E MEMÓRIAS: O BOI-DE-MAMÃO
Eliana Aparecida de Quadra Corrêa

A MORTE PARA A CRIANÇA: ANÁLISE COMPARATIVA DE OBRAS LITERÁRIAS
Ana Paula Kinas Tavares

O BEM MAIS PRECIOSO; TERRA
Rosane Patrícia Fernandes

CAPOEIRA, UM PATRIMÔNIO CULTURAL QUE SE APRENDE NA ESCOLA 
Diogo Marinho de Oliveira
Sandra Paschoal Leite Camargo Guedes

CONTOS DE LIMA BARRETO: DENÚNCIAS CULTURAIS  
Carolina Reichert 
Felipe João Dutra
Sônia Regina Biscaia Veiga
Talita Fernanda Silva Bolduan

ANÁLISE TEÓRICA E LITERÁRIA DE LIVROS INFANTO-JUVENIS SOBRE O TEMA AFRICANIDADE
 Amanda Corrêa da Silva

NASTÁCIA NA OBRA LOBATEANA: PRECONCEITO E/OU DEFERÊNCIA
 Luciane Piai

ABORDAGEM IMAGÉTICA DE TEMAS POPULARES BRASILEIROS NA LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: UM CONTRAPONTO ENTRE AS OBRAS OS DONOS DA BOLA E A MENINA E O TAMBOR
 Maria Lúcia Costa Rodrigues

INFORMAÇÃO E ARTE EM LIVROS INFANTOJUVENIS COM  TEMÁTICA AFRO-BRASILEIRA
 Anderson Duarte
Cleber Fabiano da Silva

A IDEIA DA INTEGRAÇÃO ETNICORRACIAL PRESENTE NAS IMAGENS DE MÍDIA ELETRÔNICA
 Gabriela Pegoretti
 Maria Lúcia Costa Rodrigues 

LIMA BARRETO E UMA LITERATURA DESPIDA DE PRECONCEITOS
 Rodrigo da Silva 

NA BATIDA DO TAMBOR - “A HISTÓRIA DO CATUMBI-MIRIM”
Alessandra Cristina Bernardino

AS CINDERELAS DAQUI E DE LÁ TÊM MUITA HISTÓRIA PRA CONTAR!
 Sonia Regina Reis Pegoretti

JOINVILLE: ENCRUZILHADAS DE AXÉS
Gerson Machado

RELENDO 1926 
Georgia de Souza Cagneti

COMO EXPLICAR O MUNDO? INVENTANDO: UM CAMINHO ENTRE O COCO E A CONCHA 
 Alcione Pauli


HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E OS DESAFIOS PARA OS EDUCADORES FRENTE AS LEGISLAÇÕES FEDERAIS NO COMBATE AO PRECONCEITO RACIAL
Iara Andrade Costa


DO LAMENTO AO PERTENCIMENTO: CONCEPÇÕES CULTURAIS E INFORMATIVAS SOBRE LIVROS AFRODESCENDENTES
 Silvio Leandro da Silva

        Parabenizamos os autores e lembramos que o próximo passo se dará no dia 19 de abril, quando deverão ministrar apresentações de 20 minutos (haverá Data Show disponível àqueles que desejarem) e entregar o texto em CD (no formato arquivo do Word) para publicação nos Anais do evento. As normas técnicas para o trabalho então no site da Univille, deve também conter palavras-chaves, precedidas pelo resumo (de apenas um parágrafo). 
        Contamos com a presença de todos nessa promissora tarde de troca de estudos e experiências! As salas serão confirmadas na abertura do evento (dia 18 à noite).


“Eu sempre achei que nosso trabalho não era apenas plantar árvores, mas despertar nas pessoas o compromisso com o meio ambiente, com o sistema que as governa, com sua vida e seu futuro.” (Wangari Maathai)

Por Sonia Regina Reis Pegoretti

        Através dos tempos, pudemos testemunhar a grande força feminina seja nos movimentos sociais, na expressão das artes ou no ativismo político. Essa é mais uma história de uma dessas mulheres que fez a diferença em seu país, o Quênia: Wangari Maathai. Em 2004, Wangari Maathai foi a primeira mulher da África a receber o Prêmio Nobel da Paz, concedido pela sua conexão entre saúde do meio ambiente do seu país e o bem estar do seu povo.
        A escritora e ilustradora Claire A. Nivola começa essa biografia contando um pouco da vida da pequena Wangari. De quando ela era criança e aprendeu a respeitar as figueiras sagradas, ou com as brincadeiras com os girinos nas margens dos rios quando ia buscar água para sua mãe.
        A menina foi crescendo e sempre amou morar naquele lugar. Mas um dia teve que se despedir da sua terra, e foi morar por cinco anos nos Estados Unidos para estudar biologia. Na sua volta, quanto aprendizado na mala ela trazia!
        Mas para sua surpresa, seu país não era mais o mesmo. A paisagem verde já quase não existia mais, as figueiras estavam cortadas e nos rios secos já não podiam se esconder as rãs. As pessoas já não comiam mais o que plantavam, mas compravam tudo nos mercados. Mas guerreira como era ela não desistiu, e através de uma idéia simples, conseguiu o respeito e a união das mulheres do campo. Agora elas faziam parte da solução de um problema que assolava a terra que todos amavam.
        A ilustração do livro é belíssima, fazendo o leitor se transportar direto para as paisagens e para o seio de uma aldeia queniana. Uma história envolvente, que mostra a luta e a coragem de uma mulher em prol de toda uma sociedade.

FICHA TÉCNICA:

Obra: Plantando as árvores do Quênia: A história de Wangari Maathai
Autora e ilustradora: Claire A Nivola
Editora: Comboio de corda
Ano: 2010

Cleber Fabiano da Silva

Nada ou bem pouco se pode compreender da condição humana sem o estudo do panteão dos deuses e deusas que constituíram e ainda compõem parte essencial da história das sociedades de modo geral e das grandes civilizações.
                Narrados a partir de enredos jocosos, dramáticos, trágicos e, por vezes, cheios de humor e comicidade, a Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Prandi, Companhia das Letras, 2010, traz um painel do rico e vastíssimo universo da cultura africana e suas heranças para o nosso país através de mitos que fundamentam os ritos vivenciados ainda hoje nos terreiros de candomblé – a religião dos orixás.
                Importante ressaltar que essas narrativas – sobreviventes e\ou (re) vividas na diáspora – relatam a estreita ligação dos homens com as forças e os elementos da natureza. Muitas dessas relações são justificadas e explicadas a partir do culto aos orixás, os deuses trazidos nos navios negreiros pelos povos iorubás. Esses deuses tomam conta de tudo o que acontece na vida dos homens e são senhores de espaços como: o mar, o rio, o vento, o raio, o ar, a floresta e portadores de domínios variados, como o fogo, o ferro, as doenças, as curas, a justiça.
Entre os orixás recordistas de aventuras estão: Xangô, Ogum, Iansã e Exu. Este último é habitante da encruzilhada, representado pelas cores preta e vermelha. Ele simboliza o movimento, aquele capaz de levar as oferendas, de abrir os caminhos. Exu vive a céu aberto, na passagem, ou na trilha, ou nos campos. (p.67)
Ogum traz a espada, representa a vontade de lutar, a possibilidade da transformação. Na mata mora Oxossi, o caçador. Seu elemento é o ofá – o arco com a flecha. Nas tempestades e ventanias da vida pode-se encontrar Iansã, nas vaidades e na riqueza, Oxum. Propenso a espalhar as doenças mas também possibilitar as curas está Omulu. E assim as histórias dos orixás vão sendo contadas, cada um com seus atributos e características até chegar ao encontro com Oxalá – símbolo da paz e do equilíbrio.
Com ilustrações de Pedro Rafael e significativas fotografias de praticantes do candomblé virados nos orixás, o livro fornece o maior número de recolhas de narrativas desses deuses tão peculiares que nos habitam, nos cercam e conduzem os nossos destinos.

FICHA TÉCNICA:

Obra: Mitologia dos Orixás
Autor: Reginaldo Prandi
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2010
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