136 anos de Lobato

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Ah, se vivo fosse...
Se vivo fosse, Lobato completaria hoje 136 anos. Ah, se vivo fosse! Quanto ainda nos diria e quanto poderíamos descobrir com esse que foi pai afetuoso, ativo e amparador de nossa Literatura Infantil. Digo afetuoso, visto que amava o que escrevia e aqueles que o liam. Digo ativo, pois que não só criou textos para crianças, como disseminou a ideia da importância do ler. Digo amparador, porque mesmo já tendo deixado o plano terreno, amparou os que se fizeram seus filhos literários, tornando-se escritores na trilha aberta por ele. 
- Ah, Lobato, não mais direi “ se vivo fosse”. 
Gritemos, então:   Lobato, presente!
                
 Profa. Dra. Sueli de Souza Cagneti


A Impotência da Humanidade

Ana Luíza Busnardo
Beatriz Eichenberg
Flávia Schlogl
Gabrielly Pazetto
Luana Simão
Tamara Gericke

O ano é 1942. O mundo é assolado pela Segunda Guerra Mundial. No Sítio do Picapau Amarelo, Dona Benta se depara com todas as notícias trágicas da guerra e fica triste. Emília, é claro, inconformada com a crueldade do mundo, decide acabar com a guerra: furta o Pó de Pirilimpimpim do Visconde de Sabugosa e viaja até a Casa das Chaves para acionar a chave que controla as guerras, mas é claro que o plano acaba dando errado e Emília acaba acionando A Chave do Tamanho (editora Globo, 2008, com ilustrações de Paulo Borges).
A narrativa acompanha as andanças de Emília (agora com 1 centímetro de altura), em um mundo onde todos os seres humanos foram encolhidos. A ex-boneca de pano passa a observar as diferenças nesse mundo cheio de minúsculos humanos. Com todas as pessoas do tamanho de um inseto, muitas teriam sido sufocadas pelas próprias roupas ou até terem sido afogadas durante os banhos, mas também, do tamanho pequenino em que estavam, Emília conclui que não podiam mais guerrear.
Lobato constrói mais do que uma narrativa que acompanha as aventuras de Emília. Através da impotência dos humanos, ele questiona a guerra, as ideologias dominantes do século XX e o mundo urbano. Em uma passagem fatídica, Emília, ao encontrar-se com Hitler, O Grande Ditador, lhe dá uma lição de moral sobre a paz e ameaça: “... esse misterioso alguém só restaurará o tamanho perdido se tiver a certeza de que Vossa Excelência vai fazer a paz e botar fora todas as horrendas armas que andou amontoando, e desse momento em diante viverá na mesma paz e harmonia com o mundo em que vivem as formigas e abelhas.”
No sítio, Dona Benta e Visconde também refletem sobre as novas e antigas ideias, tendo em vista o novo mundo que estava surgindo. Enquanto as crianças se divertiam em um pires de água, Dona Benta, Coronel Teodorico e Tia Anastácia ficam resistentes e Visconde reflete que as “ideias antigas” deles teriam que ser revistas e reformadas para o mundo atual, lembrando-lhes que se continuarem com o mesmo pensamento, não teriam espaço no mundo que estava nascendo. 
Lobato, desta forma, enche sua narrativa de reflexões e pensamentos sobre a sua realidade no século XX, porém, pode-se facilmente fazer as mesmas reflexões, a partir de sua obra, sobre o século XXI, 67 anos após o lançamento original do livro. 

LOBATO, Monteiro. A Chave do Tamanho. São Paulo: Globo, 2008.


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