Por dentro de Anthony Browne: intertextualidade, espaços oníricos e primatas

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Gabrielly Pazetto
Isabela Giacomini
Nicole Barcelos
*agradecimentos especiais à Cymara Sell

Alguns escritores, pela qualidade de seu trabalho e pela beleza de seu estilo, por vezes conquistam lugares especiais nas estantes de todos nós – sejam eles considerados autores “para adultos” ou “para crianças”. Anthony Browne (1946), escritor e ilustrador britânico, é um desses casos: com mais de 40 títulos publicados em diversas línguas, está para além de uma categorização como “infantil” ou “juvenil” – seus livros aparentemente infantis na verdade falam para leitores de todas as idades. Além disso, em 2000, teve seu trabalho reconhecido com a maior honraria da literatura infantil juvenil, ganhando o prêmio Hans Cristian Andersen de ilustração. Atualmente, Browne é um dos maiores ilustradores de seu tempo e por isso (e muito mais) acreditamos merece uma lista especial no nosso Blog. Confira os livros selecionados por nós e nos diga: qual deles é o seu favorito?

O túnel – Rosa e Juan são irmãos, muito diferentes em tudo. Rosa tem medo do escuro, enquanto o menino o aproveita para fazer travessuras. A mãe deles vivia se zangando com suas implicâncias, até que um dia resolveu pedir para que saíssem brincar juntos, sendo amáveis um com o outro. Mas o que as crianças não poderiam imaginar é que no meio daquela saída entediante, encontrariam um túnel muito obscuro e interessante. Será que eles conseguirão chegar em casa para o almoço? Ou o túnel mudará todo o enredo? A narrativa traz um convite a se aventurar, com um toque de suspense e muita aventura.

Histórias de WillyWilly é um personagem recorrente das obras de Browne, estrelando diversos livros do autor há mais de 30 anos. No Brasil, muitos de seus títulos ainda não foram publicados e traduzidos, mas um dos mais recentes felizmente foi. Em Histórias de Willy visitamos Robinson Crusoé, Alice no País das Maravilhas e uma série de outros personagens do que muitos poderiam chamar de “clássicos” da literatura infantil juvenil. Pois, nesse livro, Willy (com que, lembremos também, Anthony Browne diz se identificar muito) literalmente viaja por uma série de cenários que certamente serão conhecidos de muitos leitores, atravessando mundos coloridos pelo passar das páginas duplas que ilustram suas aventuras. O leitor há de talvez discordar ou ansiar por outras histórias além das escolhidas por Browne, mas o convite questionador do texto verbal certamente o levará a pensar em suas próprias histórias dignas de preencher um livro!

Vozes no parque – Trabalhando com uma multiplicidade de vozes, neste livro Browne narra a história de quatro personagens diferentes que vêm suas vidas se esbarrarem em uma tarde no parque. A obra é muito feliz em retratar pontos de vistas de diferentes posições sociais e as ilustrações, como não poderiam deixar de ser, nos fazem mergulhar em capa página para analisar cada detalhe e referência – especialidades do autor.


Na floresta – Um menino sai para levar uma cestinha de bolo para sua vó, a pedido da mãe e precisa escolher entre o caminho mais longo e demorado e o caminho da floresta, mais rápido e sinuoso. Na floresta parece uma história muito familiar, mas em que na verdade há muito a ser desvendado, principalmente nas ilustrações do autor e nas cores por ele utilizadas. A cada página virada uma nova emoção surge, e as expectativas são superadas – às vezes o óbvio acaba não acontecendo, às vezes sim.


Gorila – Em "Gorila" conhecemos a doce Hannah. Hannah tinha muitos sonhos, sonhos com gorilas, seu animal preferido. A menina sempre pedia ao seu pai para levá-la ao zoo, mas ele se recusava por não ter tempo, até que um dia ela decidiu ir por conta própria! Em mais uma história sobre primatas, Browne mistura seus traços delicados com a realidade dos pais do século XXI que não têm tempo de realizar os sonhos de suas garotinhas.



Little Beauty – Vivendo sozinho em um recinto num zoológico, um gorila pode ter tudo o que quiser – menos, porém, o que mais o angustia: uma companhia. Seus tratadores, na ausência de outros iguais para lhe servirem de parceiros, presenteiam-no com uma gatinha, chamada Beauty. Quando o olhar profundo e melancólico do gorila cruza o olhar animado e cheio de vida da doce Beauty, uma conexão se estabelece imediatamente. A partir daí somos testemunhas de um afeto que vai sendo construído pelo compartilhamento dos momentos mais corriqueiros da vida. Em Little Beauty, Browne dá vida à mais um gorila de humanidade e sensibilidade ímpares, com expressões fortes que falam do que há de mais humano em todos nós.



Gabrielly Pazetto é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis.


Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij e vive se perdendo em buracos de coelho.

Isabela Giacomini é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e vê na literatura uma porta para outros universos e realidades.


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